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A experimentalista da linha

Escrito por  yvette vieira ft josé ziberchema

 

Andy da Silva é uma jovem designer que aposta na experimentação de materiais inusitados, neste caso as canetas que filtro a partir dos quais cria linhas, curvas e intersecções que resultam em ilustrações muito interessantes.

Como é que surgiu a ideia destes quadros com canetas de filtro?
Andy da Silva: Eu ganhei o hábito de possuir diários gráficos, comecei a desenhar com uma caneta da faber-castel e experimentei muitas coisas, mas um dia decidi comprar um papel bastante espesso e brilhante e usei uma caneta de acetato, quando sobrepunha um marcador um por cima da outra linha surgia um ligeiro tom escuro nas intersecções que criava uma textura muito interessante. Esse primeiros trabalhos pareciam azulejos, porque o papel tinha esse efeito muito brilhante e a caneta provoca esse traço muito forte. Então pensei em usar outros marcadores à base de álcool e desenhei num papel menos rijo, como são baratos e relativamente grandes e foi fazendo experiências, umas linhas sobrepostas sobre outras o que dá para criar essa sugestão de volume, isso faz com o desenho fique mais rico e confere-lhe um ar mais orgânico. Ao mesmo tempo descobri que havia marcadores brancos e não sabia para que serviam, pensei que eram para disseminar, mas quando o passei por cima das linhas aquilo comeu a tinta e achei que o efeito também era interessante.

Mas, primeiro pintas os quadros e depois aplicas o marcador branco?
AS: Alguns dos trabalhos foram feitos primeiro com caneta branca, mas como tem um solvente fraquinho, é sobretudo para que as crianças não fiquem doentes quando os usam, o que fiz então foi misturar lixívia com diferentes quantidades de água e álcool para criar estes efeitos diferentes, há alguns trabalhos em que os desenhos são mais fortes e outros mais fracos.

Estes desenhos à primeira vista parece serem geométricos, mas depois de um olhar mais atento não o são, foram inspirados em quê?
AS: A inspiração surge a partir de várias linhas base. Crio um padrão numa parte da folha e depois crio outro num outro sítio, a seguir arranjo uma forma de os ligar e nas intersecções vou recheando conforme o que me pede a composição. Se fica muito vazio de um lado compenso do outro.

São todas composições originais?
AS: Sim, eu já tenho uma certa linha que cria certos padrões e existe essa ligação geométrica de um ponto que se encaixa numa outra coisa.

 

 

 

Diria que parece uma temática quase urbana.
AS: Isso é devido as linhas rectas. Uso-as bastante e às vezes interrompo com traços mais curvos para não parecer tão agressivo e são estas linhas que surgem como ligação com as rectas.

Tem muita força das tuas curvas, fazem-me recordar os céus de Van Gogh.
AS: Pois é, eu também me lembrei que essas sobreposições fazem lembrar as tintas espessas do Van Gogh e dos impressionistas franceses. Eu gostei de descobrir nos marcadores estas sobreposições de linhas muito curtas e pensei que já que disponho desta ferramenta vou explorá-la o mais possível e decidi fazer uma exposição, o número de trabalhos que queria apresentar e o formatos que pretendia mostrar.

A tua paleta de cores é muito invulgar e até muito forte.
AS: Isso acontece porque são marcadores de supermercado para as crianças, tem cores fortemente saturadas e eu quis explorar isso. Fiz questão de usar esses tons uns contra os outros, tem composições e cores em que é quase demais e se acho que esta muito pesado acabo por disseminar um bocadinho com alguns solventes. Mesmo as linhas brancas compensam essa tonalidade mais forte. O papel neste caso é mais grosso para poder absorver e resistir ao abuso do marcador, da água, do álcool e da lixívia.

Qual é o fio condutor destas telas?
AS: No fundo é a exploração desta técnica, estou numa primeira fase, ou seja, estou a aprender a usar estes marcadores num meio mais abstracto para depois ver o que acontece quando passo para o figurativo. Mas, esta é uma primeira exploração do processo, por isso é que é mais abstracto para ver o que consigo fazer, por isso, vou continuar com as canetas até esgotar.

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