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Quintentos- celebração do incontornável

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Cláudio Garrudo é produtor e fotógrafo e ainda co-fundador do “bairro das artes-a rentrée cultural da sétima colina de Lisboa” da associação de arte contemporânea “isto não é um cachimbo e do “I love Bairro alto”. A sua última exposição, esta patente na Casa das Mudas, na Calheta, até o dia 31 de Outubro e possui cinco obras que foram inspiradas na ilha da Madeira.

Fala-me um pouco sobre esta série que se debruça sobre a natureza. Porquê a escolha de este tema?
Cláudio Garrudo: Foi uma necessidade que tive de voltar às raízes, porque sinto que com este ambiente de crise que se vive na Europa e em Portugal as pessoas estão depressivas e com graves problemas. Então, quis fazer algo que chegasse até elas e lhes desse algum prazer, inclusive para mim ao fotografar e criar obra. Possui esse lado de contemplação que serve um pouco para atenuar essa carga pesada de quem têm sofrido perante esta recessão que nos assola.

É curioso que digas isso, quando se trata de um trabalho de luz e de sombra.
CG: Sim, mas é um trabalho que nos transporta para uma natureza, pelo menos é o que quero, que transmite paz, tranquilidade e serenidade.

Então, porque escolheste branco e preto?
CG: As fotografias são todas as cores.

São? Mas, não parecem.
CG: Não tem nenhuma pós-produção. O que acontece é que como fotografo quando o sol esta em contraluz as imagens parecem ser a preto e branco, mas estão a cores, os contrastes são gerados pela própria luz que esta do lado oposto. E costumo dizer que há fotógrafos que são pintores frustrados, eu assumo a minha quota-parte sem problemas. O que quis fazer também com este trabalho é que fosse coerente em relação aos trabalhos anteriores, criar uma relação muito forte com a pintura, o que tentei fazer é estar a pintar com a câmara fotográfica. Eu escolho um eixo em que me situo debaixo das árvores e faço vários disparos consecutivos. Quase são como pinceladas.

Então quanto tens de esperar ou qual o tempo que demora para obteres esse contraste.
CG: O contraste tem a ver com a luz do dia. Não existe nada que faça a posteriori. Identifico espaços que quero fotografar em função da altura do dia, uns são de manhã e outros são de tarde. Existem imagens onde se nota mais o céu nublado, ou outros trabalhos em que se consegue identificar uma presença forte do azul do céu e que tem a ver com o momento do dia em que estou a fotografar.

Mas, antes existe o artista que contempla antes de passar à acção?
CG: Sim, além de contemplar que faz parte do meu processo criativo, levo já muito coisa esboçada, tenho um caderno onde registo uma série de ideias.

Desenhas antes de fotografar é isso?
CG: Não, não diria que desenho, esboço ideias no meu caderninho, que depois ponho em prática, através do suporte fotográfico.

É uma espécie de diário gráfico?
CG: De certa forma sim, mas no meu processo de fotografar o momento do disparo é o culminar do meu processo fotográfico para mim, enquanto para os restantes fotógrafos é o início porque há o trabalho restante. Quando disparo já existe todo um processo por detrás de criação que esta instalada na minha cabeça.

Então o que te inspira escolher uma temática e depois fotografar?
CG: Eu acho que isso tem a ver com o cruzamento de áreas que são fundamentais para toda a criação. A pintura, o cinema, o teatro e a literatura, haver todas essas componentes que nos inspiram para depois criar a nossa própria obra.

Há pouco disseste que eras um pintor frustrado, por isso escolhestes a fotografia? Ou é apenas um dos teus instrumentos de trabalho?
CG: A fotografia é um suporte que uso para criar as obras, mas na realidade se eu for fazer psicanálise, se calhar, tenho um pintor frustrado dentro de mim.

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