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A jovem inquieta

Escrito por  yvette vieira fts Bárbara Fernandes

 

Katia Sá estudou na Escola de desenho e pintura de Manuel Anido, na Corunha, em Espanha até os onze anos idade e posteriormente prosseguiu os estudos na arte e multimédia, na Universidade da Madeira. Uma residência artística na Fundação J. P. Silvério foi o mote para uma exposição.

Como é que aconteceu esta tua passagem pela fundação?
Katia Sá: Foi por acaso, ia passando na rua da Carreira, quando me deparei com uma porta aberta com telas na entrada e entrei por curiosidade. Depois foi abordada por um senhor que me desafiou para dar uma pincelada e na brincadeira aceitei o desafio. Ele notou que sabia pintar e expliquei-lhe que desde os oito anos de idade que os meus pais me colocaram numa academia de pintura onde comecei aprender a técnica de carvão, desenho de observação, pintura de óleo e até participei em algumas exposições colectivas com os alunos. Ele sugeriu-me que apresenta-se à minha candidatura para uma residência artística na fundação, o que fiz. Mostrei os meus trabalhos ao fundador e foi aceite.

Fala-me desta exposição, curiosamente fazes uma certa demonstração do que é tela em várias vertentes, até desenhas nas costas.
KS: Sim, eu procuro fazer as pessoas reflectir e se questionarem sobre a maneira como as coisas são feitas. Gostaria que as pessoas trabalhassem com a sua imaginação, com o seu pensamento de modo a reflectirem, porquê é que sempre se coloca uma tela na parede para as pessoas observarem? Porquê não interagir com este material? Colocá-lo suspenso e observar em volta. Porquê não pintar nas costas da tela? Tem de ser apenas de uma forma? Então, certas peças que estão na exposição visam suscitar o diálogo e a surpresa também. Eu ao menos tento que as pessoas interajam com a obra.

Como te definirias como artista? Acho que és uma pintora mais abstracta, contudo também pintas paisagens. Como defines o teu traço, a tua linha.
KS: Eu tenho estado um pouco à descoberta. Tenho feito pintura intuitiva, não tenho seguido uma escola, ou um estilo. Pretendo ser fiel a mim própria, procuro experimentar, sobretudo, a técnica, a temática e ando sempre à procura de algo novo, porque não quero fazer o que outros já fizeram. Embora, não obtenha um resultado muito genial, quero que seja algo único, então vou em busca disso, o sempre renovar, pensar e fazer.

A cor tem importância nesse percurso? Tens uma palete definida?
KS: Não tenho uma palete propriamente definida, procuro sobretudo harmonizar as cores, conjugá-las e escolher as tonalidades de acordo com o pensei em pintar. Se pretendo representar um cenário alegre, como por exemplo, na tela intitulada "brincadeira com chocolate", foi uma ideia que me surgiu quando observei um adulto a interagir com uma criança, nessa obra tentei criar um fundo com uma textura, um padrão alegre, divertido e ao mesmo tempo criei uma figuração com as personagens, que foram desenhas primeiro no meu diário gráfico e que depois ganharam cor e vida na tela. As tonalidades apelam ao fruidor que estiver a observar, o objectivo é mudar o seu estado de ânimo e fazer rir, ou dar uma gargalhada.

 

 

Como é que começa o teu processo criativo? Referiste o diário gráfico, ele acompanha-te diariamente e daí surgem ideias para as telas?
KS: Nem sempre. Eu tenho um diário gráfico que por vezes fica semanas esquecido. Mas, depois posso ir até um jardim com uma amiga e enquanto conversámos, desenhámos. Também surgem-me ideias e tomo nota, faço um esboço para lembrar mais tarde esse apontamento.

O que te inspira para uma pintura?
KS: É uma sensação, algo que possa ver. Eu vou buscar inspiração na vida, no que me rodeia, não posso pintar o que nunca vi na minha cabeça. Eu posso imaginar uma situação e passá-la para a tela, mas reflecte sempre as minhas vivências.

Mas, também te dedicas ao design gráfico?
KS: Sim, eu não gosto só de fazer uma única coisa, gosto de experimentar e tentar algo diferente.

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