Um filme de Raúl Ruiz baseado no folhetim de Camilo Castelo Branco, que retrata o Portugal do século XIX.
A nossa narrativa começa com o jovem Pedro da Silva, órfão de pai e de mãe, que ao longo do filme irá desvendar o segredo bem guardado da sua existência, fruto de uma paixão proibida. O enredo maravilhoso do escritor romântico Camilo Castelo Branco, ao contrário de muitas adaptações para o grande ecrã, não fica castrado no filme do realizador, Raúl Ruiz. Sendo como todos os grandes romances, a história de um amor proibido e maldito, lacrado com sangue suor e lágrimas, têm, contudo, algo muito próprio, o olhar muito pessoal do realizador chileno que nos guia por um país dominado por convenções sociais e pela Igreja católica.
Não se trata apenas de um filme de época. Todo o turbilhão de emoções, de paixão e amor, de ódio e morte, de aventura e desventura, são universais e inerentes ao ser humano. Quem já não arriscou para amar? Quem não sofreu por amor?
O maravilhoso grupo de actores é um dos pontos-chave dos "Mistérios de Lisboa", por isso é um filme a não perder. A cidade é também protagonista neste trabalho cénico de Raúl Ruiz, vemos imagens de uma Lisboa dominada pelo conceito arquitectónico do Marquês de Pombal. Houve um cuidado também acrescido com a caracterização dos personagens que integram o enredo deste filme.
O trabalho da actriz Maria João Bastos é de Louvar. Ela é a Ângela Lima, uma das personagens chave deste filme português, que vive uma paixão proibida que gera uma criança. O Adriano Luz é o padre Diniz e faz um trabalho notável, pela densidade que confere a este pároco. Um personagem cheio de mistérios e que intimida com a sua bata negra. Bom cinema.