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Com os olhos virados para o teto

Written by  Yvette Vieira Ds Josef Sellemy fts SIPA, Ricardo Paulino e Yvette Vieira

 

Siga-me por uma visita guiada pela intervenção nos tetos mudéjares da Sé Catedral do Funchal, no âmbito da celebração das Jornadas Europeias do Património 2020, este ano subordinadas ao tema Património e Educação. Um restauro que resulta de uma parceria entre a Direção Geral do Património e Cultura e a Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura.

 

A recuperação dos tetos mudéjares da Sé do Funchal, datados do século XVI, cobrem uma área total de 1535,30 metros quadrado. Como se tratam de tetos de Alfarge, talha dourada e policromada, cuja madeira original é cedro da ilha e pinho branco, foi necessário efetuar uma intervenção profunda, cujo objetivo principal visa interromper os processos de degradação, a estabilização da obra e a recuperação da leitura histórica e artística.

 

A obra atribuída ao Atelier Samthiago, desenvolve-se em três partes em simultâneo, dependendo do grau de degradação das várias áreas. A primeira, trata-se de uma limpeza mecânica, através da aspiração de poeiras e fuligens.

 

Depois há a estabilização dos elementos decorativos com colagens, colocação de massas de preenchimento, balsas e disponibilizar elementos novos e a terceira parte envolve a limpeza química das peças, para retirar os repintes.

 

Ao subir os altos andaimes da Nave Lateral Norte impróprios para pessoas com vertigens, deparámo-nos com o trabalho dos vários técnicos e como explica Paula Trindade, uma das coordenadoras do Atelier Samthiago responsável pela obra, nesta zona especifica da igreja “estamos a lavar os barrotes e já estão bons, cada área pode demorar cerca de vinte minutos a ser limpa. A madeira original destes tetos é cedro da ilha, só estamos a substituir com tola onde a madeira esta destruída. O que esta em bom estado é preservado, tentámos o mais possível não substituir”.
“Estes painéis estão a ser difíceis de limpar porque estão muito sujos, há repinte, temos a ação de insetos xilófagos, como a formiga branca e o caruncho, muito fumo das velas, humidades e infiltrações de água e sujidades várias, como poeiras, fuligens e gorduras. É necessário ter em conta que esta área esta mais exposta as intempéries, a chuva e ao vento”.

 

Em termos artísticos, a responsável elucida que “os desenhos são mais padronizados, há uma repetição ao longo da parede, não são de cariz religioso, são renascentistas, encontrámos marcas de cinzel na madeira, só que ainda não sabemos se são antigas”.

Quanto aos repintes, “na nave são bastantes incorretos, porque estes frisos deviam ser brancos, vermelhos, azuis e amarelos em termos de continuidade e pintaram por cima com o que parece ser uma pasta de cor preta, castanha e um cinzento horroroso que foi usada para disfarçar o sujo, mas tudo foi feito de uma forma bastante descuidada, não foi algo aplicado de forma a acompanhar o desenho e esta tudo tapado infelizmente”.

 
No Transepto, que se trata da galeria transversal que na igreja forma a cruz com a nave central, ao lado do altar mor. Num dos “braços” da Sé, os estragos são bem menores, como sublinha Paula Trindade, “uma área com esta envergadura é sempre menos fustigada pela natureza, quando chegamos aqui foi muito mais fácil de limpar, nos próprios painéis há muito pouco repinte, há mais nos frisos e nos barrotes. A sujidade é bem menor, porque esta mais longe do chão, das velas e também esta virada a sul”.

 

Nesta zona foram encontradas correntes e roldanas que já cá estavam e “vão continuar a estar e vão ser tratadas, podiam ser para usados para elevar enfeites, telas, panos ou candelabros. Os pinos são de talha dourada, nesta área as colegas estão a fazer uma pré-fixação antes de aspirar, porque há pigmentos muito polvorentos, que se desfazem em pó e se aspirássemos desapareciam todos”.

As gravuras são mais coesas, com representações de figuras híbricas. há jogos de metamorfoses, são muito mais cuidados nesta zona, menos repetitivas e existem muito mais peças em talha dourada, como os pinos, onde em alguns deles foi detetada uma secreção, ao que a técnica elucida, “parece ser uma goma laca que se usava como verniz antes e que ainda se usa nos moveis, ou então talvez seja uma secreção de resina da própria madeira, como não temos a certeza foi para analise, mas ainda não temos os resultados por causa do Covid-19”.
No que concerne aos repintes, a coordenadora do restauro sublinha que, “aqui a massa de cor foi colocada de forma mais cuidada, foi apenas nas bordas, não foi com a trincha, tiveram mais cuidado do que nave lateral norte”.
No que diz respeito ao trabalho propriamente dito das equipas de restauro, os vários técnicos trabalham em simultâneo e como entenderem, nesse âmbito, Paula Trindade diz que tem horário livre, “apenas tem de cumprir, oito horas diariamente, que pode ter inicio às sete da manhã, mas tem de terminar às 18 horas, por causa das missas, embora haja culto matinal, num total de 3 missas, os restauradores evitam fazer coisas ruidosas como aspirar”. A obra de restauro prevê terminar a Nave Lateral Norte até novembro e o Transepto até dezembro”.

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