Trata-se de mais uma análise pessoal aos conceitos estéticos impostos pela sociedade atual.
Este texto surge depois de ter lido duas notícias que evocavam críticas acérrimas a duas mulheres de distintos países e até continentes, sobre o facto de não serem consideradas bonitas e não pude deixar de refletir sobre o verdadeiro significado do que é belo para diferentes pessoas, culturas e até sociedades. Só para contextualizar, um dos textos falava sobre a jovem estreante atriz, Yalitza Aparício que surge no premiado filme “Roma” e que para muitos no seu país é considerada feia por causa das suas feições indígenas, o outro exemplo provém do outro lado do mundo, mais concretamente, a China, onde uma campanha publicitária da uma marca espanhola para à Ásia, foi alvo de imensas queixas por causa de uma modelo, Jin Wen, que ostenta para “horror” de muitos sardas no rosto. Em ambos os casos, estas duas mulheres foram alvos de “body chaming” apenas porque os seus traços étnicos fogem dos ditos cânones femininos impostos pelas revistas de moda e passerelles e até pela sua própria cultura, mas em ambos os casos o que se retira de todas estás e outras polémicas do género? É a pressão e escrutínio constante a que as mulheres são submetidas por parte da sociedade em termos do seu dito grau de beleza. E não pude deixar de sentir uma grande frustração, porque em ambos os casos, eu considero ambas as jovens mulheres muito bonitas precisamente, porque vejo beleza nessa diversidade. Sim, eu sei que o belo está no olhar do observador, mas se é assim, porque se convencionou ao longo dos séculos diferentes características estéticas mais desejáveis nas mulheres em detrimento de outras? E porque a sociedade em geral as aceita com tanta displicência?
E embora, ainda tenhamos um longo caminho a percorrer nesta matéria, felizmente graças ao movimento de “#me too”, ou outros em prol do feminismo e da igualdade do género, começámos a notar ligeiras diferenças, já se veem campanhas publicitárias de marcas com mulheres não só de diferentes etnias, como também de diferentes tipos de corpos e gostaria neste caso salientar o trabalho de uma mulher em particular que muito tem feito para mostrar a grande diversidade de que tanto falo, Mihaela Noroc e o seu famoso “Atlas da beleza”. Esta jovem fotografa romena começou a fotografar, há vários anos, mulheres anónimas de diferentes países e o que vemos nessas imagens são rostos que refletem o tempo, a serenidade, a inquietação, a alegria, o amor, a melancolia e uma certa tristeza também, mas acima de tudo são retratos sobre a vida, sobre a verdade de ser-se quem se é sem artifícios, sem retoques, apenas diferentes formas de existir e isso para mim vale muito mais do que mais do que as minhas mais de mil palavras. Por tudo isto e muito mais, vejam e apreciem estes milhares de rostos fascinantes e talvez assim, poderão ver o mundo com outros olhos, com menos preconceito sobre a diferença, sobre o que é afinal a beleza.