Jacinto Rodrigues é um artista plástico com uma longa carreira na área da escultura. Os seus trabalhos reflectem figuras abstractas de um imaginário inspirado no que o rodeia e recentemente decidiu apostar no design de utilitários inspirados na ilha.
Como é que surge este trabalho com as madeiras?
Jacinto Rodrigues: Já surgiu há muitos anos, cerca de vinte anos, neste caso aceitei um convite do instituto do vinho e bordados da Madeira e decidi fazer umas peças mais alternativas. Eu costumo fazer esculturas mais abstractas. Como pretendia uma ligação a terra decidi fazer uma ligação entre o artesanal e rústico ao contemporâneo.
Então de que forma constrói o processo criativo?
JR: Peguei nos objectos mais antigos e transformei-as em algo mais moderno. É um projecto recente que tenho há pouco tempo. Tentei pela primeira vez construir estes objectos do zero. Faço arte abstracta e tentei usar as minhas formas nestes utilitários.
Que tipo de madeiras utiliza?
JR: Utilizo madeiras regionais, neste caso, o cedro, o pinho, o castanho, a laranjeira e a urze.
Há alguma mais difícil de trabalhar ou não?
JR: Há umas mais duras e outras menos, madeira é madeira.
Fez apenas utensílios de cozinha, mas existem mesas e cadeiras.
JR: Ao fim ao cabo são peças de design. Primeiro tenho que saber para onde vou, mas faço-as de imediato na madeira. Utilizo ferramentas antigas e também as mais recentes. As ideias do pouco artesanato que existe e que conheço foram evoluindo e apliquei-lhes o meu estilo. As taças, por exemplo, têm o formato das peças mais antigas que se usavam para amassar o pão. As espátulas também obedecem ao mesmo raciocínio.