Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

Fármacos poluem ambiente

Escrito por 


Um estudo do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) confirmou que os medicamentos não são eliminados pelos processos de descarga das Etars.

Os investigadores do ISEP centraram o estudo em três antibióticos (amoxicilina, tetraciclina e trimetoprim) e um anti-inflamatório (ibuprofeno), pelo facto de serem os fármacos mais consumidos pela população em geral. Os resultados obtidos indicam que os medicamentos não são totalmente removidos, em particular o ibuprofeno, pelo tratamento com lamas anaeróbias, mesmo prolongando o processo. O que significa que para além da contaminação dos cursos de água onde se fazem as descargas dos efluentes destas ETAR's, também os solos irrigados podem passar a estar contaminados por compostos farmacêuticos.

O cenário pode ser preocupante tendo em conta que, por vezes, nas imediações das descargas existem não só pequenas hortas familiares, mas também parques infantis, ficando todo o meio ambiente envolvente e, consequentemente, a população, exposta aos efeitos negativos da contaminação. O problema da multirresistência aos antibióticos pode ser apenas uma das consequências. Por isso, os fármacos são hoje classificados como poluentes emergentes.

"Não tem havido uma consciencialização para este tipo de problema. Fala-se muitas vezes da contaminação das águas, dos rios e dos mares, mas muito pouco dos solos. Por vezes, existem nas imediações das ETAR's pequenas hortas familiares, algumas das quais até a produzir produtos biológicos. Mas a verdade é que os solos podem esconder vários tipos de problemas, entre eles a existência de resíduos de fármacos", explica Valentina Domingues, docente do ISEP e membro da equipa de investigação.

O problema não é exclusivo de Portugal e é por isso que a comunidade científica tem vindo a debruçar-se sobre este assunto. As ETAR's revelam debilidades no processo de tratamento das águas residuais, nomeadamente no que concerne aos compostos farmacêuticos. "Trata-se de um problema global e é complicado melhorar a eficiência das estações de tratamento. Temos de resolver o problema a montante", advoga a investigadora.

Neste contexto, os resultados agora obtidos pelo estudo do ISEP inserem-se num projeto mais amplo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, intitulado “reabilitação de solos contaminados por produtos farmacêuticos”. O objetivo é criar mecanismos capazes de minimizar o impacto dos compostos farmacêuticos no meio ambiente e consequentemente na saúde das populações.

"Parte do diagnóstico está feito. Em Portugal, a presença de fármacos no meio ambiente é uma realidade, tornando-se urgente encontrar técnicas de remediação que permitam reabilitar os solos", defende Valentina Domingues. Existem algumas soluções mais clássicas estando a ser desenvolvida uma metodologia alternativa mais verde e de baixo custo. "Os resultados preliminares parecem ser promissores. Este problema associado à inexistência de uma legislação para a qualidade dos solos, para a qual temos vindo a alertar, leva a que pouco seja feito para inverter a situação, mesmo estando ao dispor diversas tecnologias de tratamento. É urgente dar este passo rumo à proteção ambiental", conclui a investigadora do ISEP.

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos