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Com os pés no chão

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O Piódão Group é mais do que uma marca de tapetes que pretende subir mais alto, visa sobretudo criar produtos de decoração que inspirem paixão e comodidade aos seus clientes. Um conceito visionário para a empresa partilhado pelo gestor, Pedro Pacheco e o director de Marketing, Luís Nascimento.

Como é que começa o Piódão Group?
Pedro Pacheco: Começa com uma fábrica de tapetes. Após o falecimento de um dos sócios-gerentes, a família de um deles pegou na empresa toda e durante 10 anos foi uma fábrica produtora. Ao fim desse tempo, com as alterações do mercado internacional começou a perceber-se que ter produção não chegava para ter preços competitivos. Portanto, houve uma aposta no design, era necessário fidelizar clientes de forma mais visível. Era preciso uma marca que tivesse um produto bonito e apelativo que a substanciasse, que pudesse ser defendida em termos de marketing e imagem e gerar fidelização Desde 1995, começou-se a pensar em fazer uma aposta séria em design, há 3 anos houve uma marca que acabou por não sair do anonimato que foi a "designers pad", uma espécie de experiência para aprender como é que se fazem ou não catálogos e a partir de certa altura quando começámos a ter os instrumentos mais adequados, reuniu-se um conjunto de pessoas, desde estagiários com algum potencial que estavam a aprender, gente da área do design e do marketing que conseguiram definir e construir uma colecção de design mais pequena e foi assim que as coisas começaram.


Mas, em 1995 criaram uma parceria com uma empresa alemã.
PP: É mais complicado que isso, a empresa alemã está na génese da criação dessa empresa, quando a fábrica apareceu em 1992, o novo dono foi confrontado com esta oportunidade destes alemães que disseram: se produzires tapetes por um determinado preço comprámos tudo. Eles são a "Brown Collection", mais tarde por uma questão de parceria estratégica entraram na empresa com 10% do capital e eram o nosso principal distribuidor para os países germanófilos. Um dos contratos que conseguiram foi serem os produtores e vendedores exclusivos da "Rolf Benz". Trata-se de uma marca poderosa de nível altíssimo, posso dizer que os tapetes que saiam da fábrica a um determinado preço, chegavam à Portugal, via Rolf Benz importador e loja, oito vezes acima do preço sem IVA. Mas, a realidade é que essa parceria na práctica garantiu-nos durante algum tempo 70% da produção. Em termos do design, a colaboração com esses clientes permitiram desenvolver uma capacidade de produção a toda prova, em termos de qualidade, de serviço e este know-how que foi garantido durante muito tempo. Passámos a ter toda esta fantástica habilidade que mais ninguém na Europa tinha e que havíamos de fazer com ela? Acho que foi toda esta confluência de elementos que criou as condições para que aparecesse uma colecção. Foi um processo natural da evolução do mercado e da própria empresa, foi um bocadinho visionário, mas se formos pensar bem bastante lógico. Os nossos clientes são responsáveis por sermos capazes de desenvolver o "know-how", mas que não tem nada a ver com a nossa decisão de apostar no design, que foi decidido pela empresa.


Vamos falar das colecções, como é que funciona todo o processo de escolha dos designers, como é que fazem essa selecção? Associar determinada componente artística com os produtos?
Luís Nascimento: Por vezes, acontece que há um designer que pretende lançar um tapete, o que sucede muito e depois nós achámos se tem potencial ou não. Recentemente estamos a incluir tapetes que fogem um pouco da linha da nossa equipa. Não avançámos apenas com os nossos projectos, mas também com alguns que nos aparecem de forma practicamente extemporânea.


PP: Sabe que a mim parece-me mais importante ter uma função de design dentro da empresa, ter uma dinâmica, ou seja, a partir do momento em que somos familiares à sua execução, torna-se mais um processo natural. Esse tipo de coisas torna-se mais complicado para quem esta de fora e não direi que é mais simples, mas é mais diluído. Não é difícil para mim como gestor de uma marca de uma empresa ter de faze-lo, porque está tudo preparado, a indústria baseia-se em desenho por encomenda e quando trabalhámos com design não se torna mais complicado, quer dizer que vamos fazer esses desenhos em tapetes iguais mais vezes. Por oposição, a partir de uma determinada altura, esta apetência para trabalhar com um designer é também algo natural, podemos fazer um tapete diferente todos os meses, significa que conhecemos pessoas no nosso meio, que quando aparecem e estão predispostas a trabalhar connosco, fazem uma proposta, há uma certa confiança, chegámos a um acordo, dá-mos todos as nossas contribuições e fazemos um protótipo. Se não aparecer o designer, nós procurámos um, às vezes, somos nós que o fazemos. A iniciativa é que é a parte crítica, mas o processo para nós é tão natural, tão fluido, que uma vez despoletada a chama tudo arde com paixão. Não é complicado é preciso saber gerir em termos de mercado, por vezes os desenhos de que gostámos não podem ser fabricados, outras vezes são fantásticos e a resposta é simples, há toda uma dinâmica que envolve o designer.

LN: Nesses casos em que dominámos o conhecimento do mercado, chamámos o designer para apresentar outra bordagem, para avaliar as tendências. Também convidámos determinado designer por ter uma linha condutora que vai ter um valor acrescido á marca, se convidarmos um Philip Stark temos uma visibilidade diferente. O objectivo também é criar linhas que sejam comerciais, trabalhar sobre encomendas garante-nos um determinado trabalho e uma facturação interessante, mas não é colecção que me permita dizer que vou vender tapetes em 20 lojas em Espanha, 40 lojas em Paris. Tem de ser comercial para tal envolvemos um designer e procurámos as tendências em termos de moda, como um estilista que lança uma colecção a cada temporada, os tapetes seguem também muito essa filosofia, já que é um complemento decorativo e de conforto. Temos desde os mais clássicos até aqueles que vão inspirar-se mais no design, com linhas directas e o designer ajuda-nos a enquadrar cada um dos produtos que se estão a fazer e localizar os mercados, é um processo criativo, mas também democrático.


PP: Existem aqui também outras sinergias. A marca ajuda a vender o serviço junto do cliente, porque se eles pedem para alterar a cor, nós fazemos, até podem personalizar o seu produto e de repente a pessoa aposta num tapetão "flower", uma peça fortíssima para uma sala, ou seja, vai comprar produtos inteiramente diferentes. À boleia da marca, vende-se o serviço e os tapetes feitos com base nisso. Trabalha-se com uma panóplia de elementos dos quais um deles é o design e quando ele é bom, o suprassumo, é fornecer um envolvimento, uma autenticidade a marca que é muito maior do que simplesmente vender tapetes.


A Piódão Group é uma marca sustentável, de que forma vocês exercem essa sustentabilidade na produção?
LN: Os nossos tapetes são todos 100% recicláveis, sendo a lã um produto natural.


PP: Primeiro estamos a trabalhar na Europa e as restrições ao nível ambiental não são tão pequenas quanto isso. Ao nível dos produtos, eles são totalmente degradáveis. O latex se estiver envolvido em humidade, passado um tempo desfaz-se, desaparece. A fita é de algodão e há pontualmente poliéster nas bordas. Em termos de sustentabilidade tem a ver com outra coisa, tem a ver com o reaproveitamento dos serviços, temos que ter obrigatoriamente porções fixas de lã, porque as tinturarias não fabricam quantidades exactas, se houver algum erro, convém contudo pedir sempre mais. O que acontece? Imagine, num tear o espaldar só ocupa uma parte e o que fazemos na parte vazia? Nada, fazemos o tapete, cortamo-lo e sobra uma pequena área. Essas sobras vão para o lixo numa situação normal quando não podem ser aproveitadas para tapetes, o segredo é investir em duas áreas, primeiro na coleccção pré-a-porter com pequenos elementos, pequenos tapetes no espaço livre que fica junto dos tapetes acabados, usasse assim os restos de cores para fazer esses tapetes. O único elemento novo que se usa aqui é o latex, porque nos permite improvisar num espaço vazio que ia para o lixo os restos que sobram de outros tapetes, É o reaproveitamento total de elementos. Portanto, um terceiro aspecto que tenho de referir é que os nossos produtos duram, mas não são descartáveis, um dos nossos tapetes pode durar mais de 15 anos, por ter um bom material e uma qualidade visual, há um diferença entre comprar um tapete de cinco e cinco anos, e outro de 10 anos ou mais que contribuem para a racionalização dos recursos na íntegra. A sustentabilidade é feita assim, através do aproveitamento dos desperdícios, uma procura em racionalizar a produção com base nesse ideia, os próprios produtos não tem metais pesados e a questão de trabalharmos num contexto europeu que exigem produtos certificados que passam pelo crivo de determinadas instituições em que todos os resíduos provenientes das tintas passam por uma central de tratamento de águas residuais.


A lã é 100% nacional?
LN: É importada, há alguma da Nova Zelândia e do mercado nacional. Não temos capacidade para fazer isso.


PP: Cada tipo de carneiros tem o seu tipo de lã, como por exemplo, o shetland, o angorá e a caxemira, são lãs mais adequadas para a roupa, ou acessórios de moda, se fossem usadas em tapetes garanto que não duravam 15 dias, pelo comprimento, pela elasticidade e comportamento da própria fibra que é totalmente diferente. A lã mais adequada é dos carneiros da Nova Zelândia e existe a possibilidade de usar algumas variantes da Austrália. O que acontece em Portugal é que os animais são diferentes, só parte da lã pode ser aproveitada, temos de fazer uma selecção, então pegam na mecha tiram-lhe os resíduos, depois tem de fazer uma penteação para poder separar os filamentos mais finos, dos mais compridos que podem ser misturadas com a lã da Nova Zelândia. As fibras portuguesas são mais elásticas e suaves, a neozelandesa é mais áspera e as duas misturadas permitem elasticidade, suavidade e brilho. O que posso dizer é que esta fibra é totalmente importada, contudo, ela é fiada totalmente em Portugal.


Quais são os melhores mercados para os tapetes da Piódão Group?
LN: Os mercados nórdicos e europa central. O tapete é mais tradicional vai para a França, a Inglaterra, são mercados onde o conforto térmico é importante e o design. Pela forma como a lã reage as humidades equilibra o ambiente da casa, ao contrário do que se afirma que contribuem para as alergias, o que não é verdade. Um dos mercado novos é os EUA, onde havia inicialmente uma grande resistência as fibras de lã e quentes, mas em termos de produto esta a ter um grande sucesso.


Qual é o próximo objectivo a curto-prazo do futuro da marca?
LN: A curto prazo a Piódão Group esta a intentar implementar-se em alguns mercados considerados novos, emergentes, como é o caso da Europa de Leste. E consolidar alguns mercados mais tradicionais.


E a longo-prazo para além dos tapetes pretendem produzir outros produtos com lã?
LN: Temos ideias interessantes para tornar os tapetes mais fashion, estamos a amadurecer uma parceria com um estilista nacional, de renome e a testar algumas novas matérias-primas para os tapetes, com base de madeira.


PP: Se formos muito trendy desaparecemos do mercado, se formos pouco vendáveis é um problema, temos que apostar em colecções que sigam as tendências, mas também em produtos estáveis que permitam um grande visibilidade que eventualmente se possa passar ao mercado, porque a moda acaba por ser cíclica. A longo-prazo as acções com designers são importantes, os testes com materiais novos também, as misturas de fibras podem ser trazidas para este universo. Há outro aspecto relevante que é reinventar o tapete, ou seja, este material pode ser usado no mobiliário, em cadeiras, nas camas, nas paredes, no limite pode ser usado no isolamento das casas.


LN: A tecnologia do tufado associado ao tapete é uma técnica de tecelagem.


PP: A dificuldade aqui é encontrar os materiais adequados, no caso, de um tapete na parede, há a questão dos micro-organismos que não se conseguem limpar com a mesma facilidade e à vontade que se estivesse no chão. Por outro lado, estamos numa altura em que há uma ditadura de marcas absolutamente horrenda, se uma nova marca começar funcionar bem, para além da gama própria, a curto-prazo e longo-prazo há sempre uma porta aberta de uma forma orgânica de ir acrescentando materiais e produtos que sejam complementares. A produção de tapetes não é um componente dos têxteis lar, vendemos artigos de decoração e o complemento dos tapetes é uma gama de têxteis-lar de cariz completamente diferente, depois podem vir acessórios, apliques e mais algumas coisas. É necessário para uma marca ter uma linguagem coerente, este processo é evolutivo, se resultar ganha nome não como uma empresa de tapetes, mas sim como uma com soluções para decoração. Os custos de publicidade e marketing vão sendo muito menores à medida que formos acrescentando novos produtos, porque as pessoas percebem que a marca não é só tapetes, é de decoração. No limite, se me é permitido sonhar, eu diria que é para aí que nos iríamos.


LN: Neste momento estamos a produzir para algumas marcas conceituadas de mobiliário tapetes naturalmente de marca branca. O ideal será nós como marca com uma linha própria criar esse mobiliário, já que temos uma gama muito mais alargada do que eles, que possuem uma oferta pontual. Levantando a ponta do véu um dos produtos que nos interessa são as mesas de centro, como é um produto que não está ligado a uma outra peça decorativa é facilmente adicionado a uma marca que tem tapetes, porque sublinha a linha, a seguir seria o sofá que é uma ligação muito natural e que se faz muito rapidamente. É só haver o espaço para uma decisão e começa-se logo a fazer uma colecção.

 

7 Comentários

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