Agora os teus trabalhos actuais versam sobre os refugiados. Porquê essa temática?
SB: Para já é um tema que me interessa imenso pessoalmente. Depois aqui em Londres faz todo o sentido, porque há uma multiculturalidade tão grande.
Porquê a preto e branco?
SB: Este trabalho não bem definido se é a preto e branco ou a cores.
Mas, tens algumas imagens a cores e outra sequência a preto e branco.
SB: Tenho, normalmente quando é "street photography" gosto de usar preto e branco até porque é uma referência ao fotojornalismo. É mais nesse sentido e também depende muito do que quero transmitir e o quero fotografar.
Então o que faz sentido ter em algumas fotos a cores?
SB: Depende muito da informação. Os retratos, por exemplo, o que abre o site é tão rico e tem tantos detalhes que não fazia sentido ser a preto e branco, pelo menos para mim.
Quando há muitos elementos envolvidos preferes a cor é isso?
SB: Tem a ver com os detalhes, mas se for fotografar uma cultura que vive muito da cor, da luz, que é quente e mais acolhedora vai para as cores de certeza.
A secção "street photography" passasse nas ruas da cidade, mas as imagens também são muito ricas.
SB: Sim, mas há uma relação com a história de fotografia muito grande, por isso serem a preto e branco.
Este é teu projecto de mestrado?
SB: Esse já terminou em Setembro de 2013 e o projecto final esta na parte de ensaio, o que se chama colloquium com umas entrevistas de som.
Então o que pretendes fazer de futuro? Deixar a fotografia de parte um pouco e desenvolver de novo as outras áreas mais artísticas?
SB: Não, acho que é o contrário.
E que tipo de fotografa queres ser?
SB: Idealmente sendo mais um objectivo de sonho será muito ligado as ONGs, missões e projectos meus.
Pretendes permanecer em Londres para atingir esses objectivos?
SB: Agora em Fevereiro vou começar um estágio para uma instituição "save the children" na equipa da fotografia. Pelo menos mais três meses fico cá. Depois gostava de ir para o Brasil, para lá viver, pela cultura, ao nível das artes esta a crescer bastante e é uma boa aposta.
Mas, não em Portugal? O que falta cá para pessoas como tu?
SB: Não, porque faltam muitas oportunidades. Aqui acontece muita coisa sem ninguém envolvido, eu trabalho muito sem ser paga e as pessoas fazem-me favores e eu também não pago e há muitas facilidades. Londres é uma cidade muito viva há sempre coisas a acontecer, para ir ver e fotografar. É uma vida que não se encontra aí. E quando digo isto, não se trata do dia-a-dia, é uma espécie de vibração. Em Portugal, quando vou para casa, no verão e no natal, é sempre uma energia tão embaixo, é sempre tudo muito complicado e isso faz como que me identifique menos com o estilo de vida do nosso país.
Como te defines como profissional, achas que és mais artística ou não?
SB: Acho difícil colocar um rótulo. Mas, o que me interessa é tentar cruzar os métodos da fotografia documental ao nível da pesquisa e de como nos aproximámos de uma identidade que trabalhe com um grupo pessoal, com as pessoas e retirar coisas daí. Quer seja através do registo de fotografias, de entrevistas, de recolha de objectos pessoais e apresentar esse projecto que teve uma pesquisa tão documental e fazer algo artística. Foi o que tentei fazer no meu projecto de mestrado, pessoas a partilhar uma história que escolheram, ligadas a um objecto que também seleccionaram e com uma parte escrita por elas.
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