Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

O saboroso azul caramelo

Escrito por 

É um projecto 100% inspirado em Portugal. Uma marca que aposta na produção nacional, através dos trabalhos de vários ilustradores incorporados em objectos do quotidiano. Um conceito de Raquel Pinto e Manuel Teixeira que aposta na grande diversidade de temáticas inspiradas na cultura portuguesa.

Em que âmbito surge o azul caramelo?

Raquel Pinto: Eu e o Manuel Teixeira que é a pessoa que criou comigo este projecto, já tínhamos a ideia de criar uma marca relacionada com a cultura portuguesa e incorpora-la na ilustração através de objectos do dia-a-dia. A ideia foi convidar ilustradores reconhecidos com o intuito de criar uma obra que tivesse a ver com o tema que estivéssemos a trabalhar, no fundo levar a arte aos objectos do quotidiano. São séries muito reduzidas, limitadas para criar um produto muito especial que é produzido em Portugal com materiais de alguma qualidade.

Como é que fazem a selecção dos artistas?

RP: Nós fazemos uma grande pesquisa de ilustradores, o Manuel é que tem a palavra final porque está mais relacionado com a área. Normalmente são ilustradores com uma obra já interessante, uns mais velhos e outros mais novos, o que importa não é idade, mas a qualidade do trabalho desenvolvido. Entretanto recebemos muitos portfólios, pessoas que vem os produtos, acham interessantes e pretendem participar. Alguns desses ilustradores são selecionados, os mais jovens mostram o seu grande potencial numa série em que estejam a colaborar outros artistas mais reconhecidos. Acabámos por alavancar os mais desconhecidos pelo seu bom trabalho.

São todos portugueses?

RP: Sim, são todos portugueses.

Esse aspecto é importante para a marca desde o início ou foi algo que foi acontecendo?

RP: Não, foi uma decisão tomada desde início. A marca é portuguesa, mas não quer dizer que seja feita só em Portugal, mas tentámos desde inicio sempre dar prioridade aos ilustradores portugueses, porque temos muitos tão bons que não fazia sentido procurar muito lá fora. Isto não quer dizer que de futuro não haja um artista estrangeiro que também possa colaborar connosco. Tentámos sempre usar a matéria-prima nacional.

Como é que fazem a selecção dos temas? Escolheram o fado para o vosso aniversário, mas também há as cidades, os pontos mais emblemáticos de Portugal.

RP: O azul caramelo foi lançado em 2011, mas antes quando o estávamos a "magicar" há dois anos, pensámos como Portugal tem uma história rica, ao nível da história, da gastronomia, das tradições, mesmo antes de ter lançado a marca, já tínhamos imensos temas por onde escolher e todos eles relacionados com o nosso país. O fado é um ícone nacional, em 2012 foi considerado material imaterial pela UNESCO e achámos que era ideal homenageá-lo dessa forma e para assinalar o nosso aniversário. As regiões e as cidades também achámos que era interessante, porque tem sempre histórias para contar e são muito ricas mesmo em termos arquitectónicos. Às vezes as pessoas escrevem-nos a pedir para ilustrar a sua localidade, isso não quer dizer que no futuro não o façamos.

Então recebem muito feedback das pessoas?

RP: Sim, tanto ao nível dos ilustradores que gostam das obras incorporadas nos produtos e querem participar, como das pessoas em geral, que escrevem-nos a perguntar porque não ilustrámos a sua cidade. As redes sociais permitem esse feedback imediato. É muito interessante usarem essas novas tecnologias, assim obtemos mais perfeição, já que não temos loja, temos sim, pontos de venda em alguns espaços.

Muitos dos vossos produtos são agendas, cadernos, quadros para as paredes, em que outros objectos estão a pensar aplicar as ilustrações?

RP: Não só, tivemos individuais para a cozinha, ou bases de secretária que esgotaram muito rápido. Foram feitos num material lavável e resistente. Não esta fora de hipótese repetir essa série, no entanto, para nós não é tão importante o suporte, tem é de ser qualidade e ser produzido cá. Começámos pelos cadernos porque é acessível, todas as pessoas o usam, tinham um preço universal e queríamos que fosse com um papel de qualidade, porque as pessoas gostam de escrever, ilustrar e guardar esses registos. É tudo cozido à mão e sai um pouco da linha de produtos da papelaria comum. Para nós a utilização dos produtos é ilimitada.

Depois há uma parceria com o Valter Hugo Mãe e a vista alegre.

RP: Nós não, o João Carvalho, que é um dos nossos ilustradores. Fazemos parcerias, não há exclusividades, mas quando pedimos uma obra para a marca, esse trabalho só pode usar pelo azul caramelo, ou pelo ilustrador nas suas exposições. Respeitámos sempre a linguagem do autor, dos seus direitos. Ele cria com liberdade sobre o tema, mas tem um briefing sobre isso, queremos essa diversidade de linguagem e divulgámos tudo o que fazem. No caso da terrina da vista alegre, divulgámos nas redes sociais e fazemos questão de estar presentes quando é possível, porque a marca quer também preservar esta relação com o ilustrador. Muitas vezes as pessoas conhecem os "bonecos", mas não a pessoa por detrás deste trabalho e isso também é importante. É cara por detrás daqueles desenhos.

Quem é o público azul caramelo?

RP: Eu diria que o público que mais consome situa-se entre os 25 anos e os 45 anos. As mulheres são as maiores fans destes produtos. Já tivemos crianças, dependo do tipo de ilustração. Há desenhos que se identificam mais com um público mais jovem, mas para já são as mais velhas. A nossa ideia é que seja acessível para qualquer tipo de pessoa, que quando olhe, veja, sinta logo uma atracção por aquele trabalho.

De tudo o que fizeram, alguma das séries foi um bestseller?

RP: Como temos ainda cidades e fado ainda é muito difícil comparar. Notámos que cá no Porto, nós somos de cá, que as primeiras ilustrações da cidade foram as que venderam mais, mas é preciso ter em consideração que os primeiros pontos de venda foram nesta localidade. A marca também procura que os turistas tenham uma oferta diferente, daquela que estão habituados. As pessoas que vivem, ou passam por cá querem sempre algo relacionado com a cidade. Em termos de ilustração, uns tem uma linguagem mais apreensível pelo público, outros são mais complexos, mas procurámos ter linguagens muitos diferentes, por exemplo, mas cidades foram seis autores e se analisarmos as obras são todas diversas. Não queremos uma linguagem azul caramelo, mas queremos que seja diversificada. Outros dos objectivos é mostrar o bom de Portugal, as paisagens espectaculares, somos um país com mil anos de história. É um tema quase inesgotável. Queremos também vender para outros países, mas tudo isso requer um estudo, porque é difícil, por exemplo, devido as taxas aduaneiras vender para o Brasil, mas a ideia é também chegar as comunidades.

Azul caramelo porquê?

RP: Aí está uma boa pergunta, pensámos em várias alternativas de nomes e este surgiu de vários brainstormings, de pensar em voz alta e depois de ter visto várias marcas que estavam registadas. Acontece que o azul é uma cor concreta, mas azul caramelo já não é. As pessoas pensam que é algo que não existe, há quem julgue que é uma cor mais fria, outros dizem que é mais doce. O azul remete também para o mar. Para ser sincera não foi algo muito racional, achámos o nome divertido, tem esta mistura de paladar na questão visual, achámos que era um nome saboroso.

Qual é próximo passo para a vossa marca?

RP: Nós queremos lançar colecções novas, mostrar outras gamas de produtos, acreditámos que é giro comprar cadernos, ou postais, ou individuais, ou ainda carteiras que também fizemos, mas é sempre interessante as pessoas irem vendo novidades. Continuaremos a trabalhar nos temas relacionados com Portugal, temos vários em mente, mas ainda não decidimos qual pretendemos lançar este ano. Depois temos uns projectos em paralelo, estamos a trabalhar uma parceria com a associação lobo, que é uma espécie que esta em perigo de extinção, que esta a ficar sem o seu abrigo. Tentámos lançar essa série porque se trata de um espécimen ibérico, é uma outra vertente, em que através da ilustração sensibilizámos as pessoas. Estamos a colaborar também com a Escola Soares dos Reis com os alunos do secundário.

É mais uma vertente social?

RP: Sim, não queremos limitar-nos a fazer produtos, também queremos passar uma mensagem. Claro que, demora muito tempo a percorrer esse caminho, e ainda sentimos que é pouco, trabalhámos imenso, porque somos uma equipa pequenina, mas o feedback tem sido imenso, porque as pessoas gostam de ver coisas relacionadas com o seu país.

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos