Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 12:37

Lusitânia playboys

Mais um álbum inusitado dos dead combo. Os dois tipos mais alternativos da música portuguesa, ou não?

De súbito os dead combo andam nas bocas do mundo literalmente, graças ao programa do chef  Anthony Bourdain e o seu “no reservations”. Os portugueses, uma grande maioria pelo menos, “descobriu” recentemente os sons deste estranho duo que aposta numa imagem muito vintage. A projecção foi tanta graças ao programa culinário, que de súbito os Dead Combo têm visto as vendas dos seus discos aumentar nos EUA e a tournée nacional a ganhar contornos épicos. A sua música, contudo, é outro assunto. Há algo de Tarentino nestas sonoridades que mais não fazem do que remeter-nos para universos paralelos, povoados de estranhas criaturas, ambientes carregados de fumos e odores inusitados. Lembra tudo menos Portugal. No entanto, os rapazes neste álbum sublinham a sua Lusitânia proveniência. O título parece dizer tudo, ou será que não? Digamos que é um soporífero para os ouvidos poluídos de músicas instantâneas. Faz bem e descansa a alma. “Like a drug”, é um dos temas preferidos. É a tal musicalidade que facilmente a vejo fazendo parte da banda sonora de “pulp fiction”. Em Sério! “Mr Leone”, por outro lado, transporta-me para os filmes western spaghetti protagonizados por Clint Eastwood. Outra memória cinematográfica submerge com o “old rock and rol radio”, é uma cena de perseguição que termina da pior forma possível, num beco escuro de Nova Iorque. Deixo a escolha do filme ao seu critério. Mas, antes de partir recordo outro tema muito apropriado para um outro cenário, Malibu fair. Um plano longo mostra o lado mais plástico de uma cidade de aparências paralisadas no tempo, Califórnia. Deixe-se então levar por este álbum recheado de sons que muito apelam à imaginação dos cinéfilos compulsivos como é o meu caso. Divirta-se.

http://deadcombo.net/music/

domingo, 30 dezembro 2012 12:36

Arte em bordado

Bord’arte é um conceito inovador que introduz o bordado madeira nos objectos do quotidiano, de decoração. Um reinventar de uma tradição com centenas de anos por Maria João Freitas que nutre uma grande paixão por esta arte tão madeirense que não pretende ver perdida no tempo.

Porquê decidiste criar a bord’arte?

Maria João Freitas: Sempre convivi com a minha mãe e as minhas tias a bordar e sempre vi no bordado uma forma de expressão de aquilo que somos. Tem a ver com os madeirenses, com as cores e o que queremos mostrar aos outros. Foi uma forma de presentear as pessoas que vinham de fora, os turistas e no fundo mostrar parte da nossa riqueza cultural dos nossos antepassados. Custa-me muito ver perdida essa arte. As pessoas acham que o bordado madeira não é útil, não é prático, daí tentei dar-lhe outra vertente mais moderna. Aposto nas peças de decoração, porque acho que as pessoas têm a ideia do naperon com bordado em cima da televisão e podemos alterar esse conceito, inserindo-o num outro contexto, o bordado dentro de uma peça de vidro, como peça de decoração, por exemplo.

A partir do tradicional criastes uma série de produtos de decoração, nomeadamente umas bolas de patchwork, é difícil fazer esse trabalho?

MJF: Não é muito fácil. A ideia surgiu no natal passado, quando comecei a participar nas feiras de artesanato, esse foi o primeiro passo. Um dos meus objectivos era partilhar os conhecimentos que tinha e ver aquilo que se faz, o que não se faz e começar a criar. Comecei com patchwork, muito por curiosidade e decidi aplica-lo como decoração da árvore de natal. Mais tarde, comecei a usa-las já como decoração em cima de uma mesa.

É juntar o tradicional com algo mais contemporâneo.

MJF: Exactamente.  Depois surgiu a ideia de faze-las com bordado, para esse efeito tive de contactar uma fábrica, porque tenho de usar um produto certificado pelo IVBRAM. Expus as minhas ideias e eles aceitaram logo o projecto. Eu pensei que o meu maior problema fosse mudar mentalidades, porque para além dos lençóis, toalhas de mesa e banho há muito pouca variedade e com este conceito consegui que as pessoas na fábrica aceitassem diferentes ideias, tanto da pessoa que desenha os padrões, como das que bordam. Procurei também usar outras cores, para além das tradicionais. Pode-se trabalhar no algodão e não exclusivamente no linho, há uma série de coisas que podemos fazer. Até pouco tempo limitava-nos a usar o bordado como há cinquenta anos atrás e se já evoluímos tanto, o bordado também pode evoluir, sem perder as suas raízes.

Qual foi dos artigos que criastes o que teve mais sucesso junto do público?

MJF: O porta-lenços é o que se vende melhor, especialmente para os madeirenses. Noto que há muitas pessoas locais que valorizam o trabalho. Os sacos com lavanda, de cheiro, que podem ser usados no quarto, nas gavetas ou como decoração e também são muitos procurados. As pessoas valorizam e apreciam o que tem, o voltar as origens. Eu sinto isso.

Vamos falar do tipo de pessoa que procura o bord’arte?

MJF: Tenho muita aceitação por parte dos madeirenses. Muitos dizem-me que tem bordado em casa das mães e as avós, mas nem sempre o usam e olham para estes artigos de outra forma, não só como o enxoval que herdaram, mas como algo que podem utilizar no quotidiano. E no fundo é isso que pretendo mostrar também aos mais jovens. No meu dia-a-dia falo muito com eles, sou professora, mostro muitos dos meus trabalhos e noto que esta mentalidade não é difícil de alterar. No fundo o que estou a fazer é reinventar o nosso artesanato, porque necessita de um empurrão já que estagnou. As pessoas optam sempre pelo mais simples, pelo mais barato, que infelizmente se vê cada vez mais disseminado, os produtos em massa. Não tenho nada contra os chineses, mas são produtos sem cunho pessoal, não há amor, dedicação e paixão. Os madeirenses são um símbolo do procurar por uma vida melhor, mas não gostaria de ver o nosso Funchal a perder as lojas mais tradicionais, em prol de outras com muitos benefícios fiscais e no fundo estamos a esquecer o que é nosso.

http://www.facebook.com/pages/BordArte/110540449069931

Centro comercial da Sé, loja 16 - Funchal

domingo, 30 dezembro 2012 12:34

De um tempo ausente

Foi o terceiro LP de uma das bandas mais míticas de Portugal.

Quem da minha geração pode afirmar honestamente que nunca se emocionou até ao mais profundo do seu ser quando ouvia os primeiros acordes de por “quem não esqueci”? Por sinais perdidos, espero em vão… e foram precisos 30 anos para que a banda se voltasse a juntar e novamente somos invadidos pelas recordações de um país no final dos anos 80 cheio de promessas, cheio de uma nova energia que emergia através de uma das bandas mais marcantes do panorama musical português. Os “sétima legião” renovaram o nosso conceito de portugalidade com a sua sonoridade muito próxima das nossas raízes o tema Alvorada e Santa Maria Maior, ambos instrumentais, são disso um bom exemplo. É um álbum que carrega todo o peso de uma nação emergente, cheia de potencial. Sem ter quem amar é outras das canções que foram extraídas deste álbum de pouco sucesso junto do público, mas bastante elogiado pela crítica na altura, embora tenha sido reconhecido mais tarde pelo seu conceito inovador. A senhora das rosas é uma das minhas preferidas, senhora quem olhais, já não volta ao passado/ tenho rosas para vos dar, tenho alguém por quem esperar, é um poema musicado que contou com a participação de Luís Represas e que reflete o apuradíssimo bom gosto deste grupo. Neste retorno, os membros da banda prometem manter o seu som genuíno, sem renovar os arranjos, sem o peso do tempo, mas será isso possível? Manter a pureza desse ideal que eram os sétima legião? Esperemos bem que sim, a minha geração precisa de ouvir esses hinos de juventude, uma e outra vez, para não deixar a esperança morrer.

domingo, 30 dezembro 2012 12:35

Bordados de palha

Provém dos Açores e já fizeram parte do guarda-roupa das mulheres muito famosas.

Os bordados feitos de palha são originários da ilha do Faial. São lindíssimos motivos com espigas de trigo, cachos de uvas e pequenas flores bordados em palha de trigo ou mais recentemente centeio, que são aplicados em vários tipos de tecido. Só um olhar muito atento consegue vislumbrar de que se trata de uma fibra natural, já que o resultado final é delicado e sofisticado. Tudo começou, segundo a tese de mestrado em design e marketing de Paulo Teles de Lemos e Silva, com “a história de uma emigrante inglesa em 1850, que apareceu na ilha e usava um chapéu de seda bordado a palha. A sua divulgação logo foi feita por Joana E. Ferreira que descobriu a forma de bordar palha.Até aos anos 30, nunca se tinha visto bordado a palha, as bordadeiras estavam habituadas  ao ponto “Richelieu”. Este tipo original de bordados prosperaram por volta de 1939 e as matérias-primas eram fáceis de encontrar; uma agulha, um pedaço de tule e alguma palha eram o suficiente para dar forma a estes trabalhos tão singelos”. Uma das maiores artesãs desta peculiar arte, Dona Elvira afirma, em “bordados tradicionais portugueses” que “os trabalhos baseavam-se inicialmente em véus, mas, com os tempos e com as mudanças que a igreja enfrentou, foi preciso inovar e reinventar, pelo que mais tarde ela passou a trabalhar por conta própria e a fazer estolas e vestidos. O seu nome passou a ser de tal maneira uma referência ligada aos bordados da palha do Faial, que chegou a ter encomendas para vestidos de altas personalidades nos anos 50 e 60,como Jacqueline Kennedy e a esposa do primeiro-ministro do Canadá”, devido à ligação tão estreita desta ilha com o continente americano. Um excelente indicador de modernidade, que poderia ser utilizado pelos estilistas nacionais ao complementar as suas colecções com estes desenhos tão singulares, como também o foram as mulheres que os bordaram ao longo dos séculos.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6723/1/TESE_PAULO.pdf

domingo, 30 dezembro 2012 12:34

Criadores low cost

A criArte2012 resulta do engenho de um casal de designers que procura ilustrar os objectos que povoam o nosso quotidiano. Uma forma de valorizar e personalizar as peças e acessórios do dia-a-dia, conferindo-lhes um toque de individualidade e criatividade a baixo-custo.

O que é a criArte2012?

Tiago Vasconcelos: São objectos banais, do dia-a-dia aos quais damos um toque especial, diferente do que estamos habituados.

Porque escolherem os ténis?

TV: Porque toda a gente necessita de sapatilhas para andar. As pessoas gostam da individualidade, daí são peças únicas.

Francisca Tenreiro: É algo que toda a gente tem e as pessoas podem vir ter connosco e nós personalizámos. Tentámos variar sempre os temas, a cidade do Porto para os turistas, o abstracto, os bonecos e os animais para os restantes clientes que nos procuram.

Também personalizam relógios e mealheiros. O que os atraiu neste tipo de objecto do quotidiano?

TV: Nós apostámos naquilo que gostávamos de alterar.

FT: Eu gostava de ter um relógio personalizado. Com a crise, as pessoas compram o mais barato. Nós, por outro lado, procurámos inovar. Os acessórios, ou objectos fabricados em massa, como é o caso dos ténis, são muito caros. Trabalhámos no sentido de diminuir os custos e ao mesmo tempo, apelar para que as pessoas procurem mais design português.

Como tem sido o feedback do público?

FT: Tem sido muito bom. Mal criámos à página no facebook recebemos logo encomendas. O meu objectivo inicial era vender nas feiras, mas tive convites para eventos muito maiores e isso deixou-me muito satisfeita.

Pelas encomendas já te apercebeste quem é o tipo de público que gosto da criArte2012?

FT: São os mais jovens. Portugueses para já.

TV: Mas, também queremos enveredar pelo cliente estrangeiro.

www.facebook.com/criarte2012

domingo, 30 dezembro 2012 12:30

O mundo do norberto

É um dos poucos músicos no nosso país que dominam a arte de tocar o bandolim, embora se considere ainda humildemente um aprendiz de músico. É também um compositor que vai buscar inspiração as suas vivências, aos seus amigos e as suas origens.

Uma das tuas composições o novo mundo possui diversas influências musicais. É como um retorno as raízes.

Norberto Gonçalves da Cruz: É um conceito de orquestra contemporânea, é mais que clássico, é uma espécie de ópera. Tem dois capítulos e só não a terminei ainda, porque não tenho dinheiro para editar todo o concerto. É a viagem de uma pessoa mais velha, com flashbacks à mistura, que parte. Há essa euforia e quando finalmente saí descobre que lá fora não encontra o que precisa, o que necessita é o tal novo mundo que esta dentro dele. As suas experiências, as suas raízes, a sua maturidade e educação. Funciona como uma visão do mundo.

Mas este novo mundo surge em que contexto?

NGC: Para já da minha experiência em Itália. Aprendemos a dar o valor á música, aos amigos e as nossas vivências. Há um círculo de confiança. Eu nunca tinha feito nada deste género, mas começou assim, em 2004 participei num concerto integrado e nunca tinha feito nada desse género e pensei porque não fazer algo do género? E comecei a escrever. Alinhavei a história e logo depois surgiu a música e compus tudo. Comecei a produzi-la, os músicos participaram gratuitamente e todos se foram integrando. Eu de alguma maneira tentei que cada um completasse a obra, mas na minha perspetiva pessoal não tem de ser um trabalho completo. Na minha forma ver as coisas, a música deve levar a pessoa a pensar por si próprias, naquilo que representa para elas.

É curioso que digas isso, porque quando ouvi a tua composição materializei na minha mente uma viagem longínqua.

NGC: A história é de um velhinho que escreve no seu diário, ele revive na memória a sua vida passada, volta para casa e relembra o quotidiano do seu avô que era pescador, ele vê-se a si próprio com trinta anos, por isso o tema é em inglês, remete-nos para a sua vida actual. O país onde reside. Muitas vezes acontecia-me quando estava em Itália que sonhava que estava aqui, na Madeira e que falávamos em italiano. Gosto desses paralelismos. Começa por aí. Se ouvires a letra ele fala do avô pescador e da baleia mãe. Quando falo do novo mundo, diz na letra, agora aprendi a navegar sozinho desde que os seus anjos morreram, ou seja, o avô e a mãe.

A tua obra traça também um paralelo com a tua carreira musical que foi influenciada pelo teu avô?

NGC: Eu acho que as nossas raízes são muito importantes. As pessoas hoje em dia agarram-se aos estereótipos e não se dão de conta que perseguir esses falsos objectivos, não significa nada. Conta mais a aparência, a parte visual e o que eu quero evidenciar é a essência, o interior. É todo aquele percurso, aquela vida toda, o novo mundo é isso. É aceitação também. Durante o concerto único desta obra, cada pessoa teve uma visão diferente e todos concordámos que se tratava da aceitação do nosso interior, do nosso percurso pessoal.

domingo, 30 dezembro 2012 12:32

Viagem no tempo

A musa de inspiração, na cidade do Porto, possui uma colecção de vestuário e acessórios inspirados no estilo gótico, rococó, barroco, burlesco e rockabilly assinados pela estilista Kristine. A loja existe a já dez anos e este ano a designer criou todas as peças para a nova colecção. Venha transformar-se e seja mais imaginativa.

O teu vestuário tem uma forte inspiração na era victoriana, o que te atrai nesse período tão carregado em termos de vestuário?

Kristine Costa: É a época victoriana e não só, também aprecio o barroco e o rococó. O que tem em comum essas eras no feminino, são os corpetes, que dão enfase as ancas, é um período muito delicado de vestuário. Gosto muito das formas e da ornamentação das peças.

Nota-se um grande número de detalhes nas peças de roupa. Os corpetes têm laços, nervuras e apontamentos em veludo. És tu que os confeccionas?

KC: Sim, é tudo feito por mim. Tirei o curso de designer e modelista no Citex. Desenho a colecção, elaboro os moldes, corto os tecidos e confecciono tudo desde o princípio até o fim.

Tens dificuldades em encontrar os tecidos?

KC: Agora, não, porque em Portugal actualmente há imenso por onde escolher. Tenho um fornecedor em Vila do Conde que arranja-me os tecidos mais específicos, os brocados e as rendas, por exemplo. Há dois anos atrás tinha imensas dificuldades nesse campo.

Quem é o público que vai até a tua loja? Quem são as mulheres que procuram as tuas peças?

KC: Por incrível que pareça não tenho um público apenas gótico. Aparecem na loja mulheres que também apreciam as minhas peças, porque são diferentes, com um design mais exuberante, mais pormenorizado e a preços digamos acessíveis, porque os estilistas pedem fortunas por este tipo de roupas. Esta nova colecção tem desde o preto, do gótico mais fechado, ao cor-de-rosa, aos azuis e os beges que estão mais ligados a linha rococó e são muitos acessíveis para qualquer mulher. Os corpetes abrangem um leque enorme de mulheres. Estas peças vão desde o gótico, ao burlesco, a pin up em todos os tipos de cores e permitem-me ter acesso a um público feminino muito vasto, desde meninas de apenas quinze anos, adolescentes, que se começam a vestir e entrar neste meio até as mulheres com mais de trinta anos, eu tenho quarenta e que são a grande maioria das minhas clientes.

domingo, 30 dezembro 2012 12:31

A ecoloja vegan

Marlene Oliveira criou uma loja na internet que vende tecidos ecológicos e veganos.

Sabe quanto custa ao meio ambiente fabricar o seu vestuário? Vamos então aos números! Segundo o Fashion NYC, são usados cerca de 8 mil produtos químicos diferentes para transformar a matéria-prima bruta em tecidos que são posteriormente despejados nos rios. Toneladas de sal são lançadas para os ecossistemas, dissolvidas na água, usadas no tratamento dos couros. No mundo produzem-se 11 milhões de toneladas de poliéster, o equivalente a 11 biliões de quilos, que exigem grandes quantidades de energia ao longo do seu processo de produção e embora este material não seja biodegradável é reciclável. Isto sem falar dos 4 kg dióxido de carbono que cada um de nós lança para a atmosfera ao lavar na máquina uma única peça a mais de 60 graus, usando o secador e passando a ferro. É avassalador, não é? Mas, nem tudo são más noticias, a sustentabilidade no vestuário tornou-se também um assunto de moda, fruto de uma maior consciencialização do consumidor e neste momento é um mercado em franco crescimento.

“Tecidos ecológicos” é um desses exemplos. É uma loja online, que aposta em artigos mais ecológicos e veganos, fruto de uma vontade de Marlene Oliveira, em oferecer aos seus clientes, um produto que tem um enorme respeito pelas pessoas, pelos animais e pelo ambiente. Todos os tecidos são orgânicos, respeitam o comércio justo e a maioria são antialérgicos, sendo até recomendados para pessoas com peles sensíveis. O processo de fabrico, garantem, não compromete a saúde dos produtores de animais, nem utilizam agrotóxicos ou mesmo pesticidas e usam apenas corantes naturais com pouco impacto ambiental. Uma garantia de qualidade ecológica e sustentável certificada pelo Global Organic Textile Standard, um organismo internacional que afiança que os corantes são biodegradáveis, que há uma total ausência de metais tóxicos, formaldeídos e organismos geneticamente modificados. Por todos estes bons motivos, já pode criar um vestuário totalmente amigo do ambiente, com uma mais-valia que é beleza dos padrões propostos pelos “tecidos ecológicos” da Marlene. Bem-vindos a um mundo novo, mais sustentável e mais ecofriendly.

www.tecidosecologicos.com

domingo, 30 dezembro 2012 12:30

O coleidoscópio

A Karla Vieira é uma designer cujo universo gira em torno das cores que pintam o nosso quotidiano. É uma rede minuciosa de tonalidades entrelaçadas entre si que criam padrões inusitados e cheios de personalidade. É um universo vibrante que atrai o nosso olhar e que se reflectem nos seus acessórios, desde os anéis, os brincos e os colares.

Como é que surgem os acessórios nas tuas colecções?

Karla Vieira: Eu uso os acessórios como um complemento das colecções. Eu, quando cheguei à Madeira apostei nos acessórios, porque era uma forma de chegar ao público rapidamente e depois é que passei para a roupa. Os acessórios têm sempre acompanhado as colecções, quando desenho vestuário estou sempre a pensar qual vai ser a peça que vai complementar esse coordenado. É sempre muito importante.

Sei que fazes as contas manualmente.

KV: Cada conta é feita manualmente, uma à uma. É um processo bastante moroso, pode demorar vinte minutos, como uma hora, cada. Depende do modelo que vou aplicar em cada bola. O processo consiste na criação de um padrão, que é o que me dá mais gozo. Eu primeiro desenho, ou tenho uma ideia mental e a partir daí faço uma mistura da massa de modelar e começo a montar as chamadas canas redondas onde misturo uma fita de branco, outra de cor verde e assim sucessivamente. Tenho de imaginar o padrão no espaço geométrico, depois é cortado e aplicado na bola. Este material é muito desvalorizado porque pode ser adquirido nas papelarias, mas nem toda a gente domina a técnica. É na criação dos padrões que reside à arte, porque qualquer pessoa pode usar e modelar a massa. As contas já previamente feitas à mão são furadas, cozidas, envernizadas e no final monto o colar. Uma das minhas primeiras colecções é a calçada portuguesa, que já é um registo Karla Vieira. É uma das que tem maior aceitação, mesmo entre os turistas, cada peça tem um folheto explicativo com imagens que as pessoas gostam. Depois tenho outro inspirado nas flores, onde todos os padrões estão misturados e a última colecção chama-se laurissilva, inspirada na nossa natureza. Há sempre um tema com uma ligação à natureza.

Os teus acessórios são criados apenas em função das colecções, ou crias padrões individuais?

KV: Na maioria dos casos os acessórios estão ligados as colecções, mas também crio outros padrões para quem quer adquiri-los por si só sem ter de recorrer à peça de vestuário. Nessas inspiro-me na natureza, na própria essência das cores que crio e qualquer coisa me chame à atenção. Às vezes estou a passear e as tonalidades de uma flor sugerem-me uma ideia.

Quantos padrões têm ao todo?

KV: Bem, tenho o padrão da calçada portuguesa que já referi. Depois o summer blue, que é uma colecção criada em exclusivo para a xik shoes, são padrões mais prateados, com pretos e azuis. Foi mesmo pensado para a loja, a sua decoração e um tipo de cliente que é mais sofisticado, mais elegante, não tão hippie como algumas peças que tenho. Tenho ainda o red carnation, a colecção primavera, a laurissilva e mais dois que ainda não lancei que são inspirados no bordado madeira e que vou apresentar brevemente.

http://karlavieira.com/

domingo, 30 dezembro 2012 12:28

Mariana, a ecléctica

Ela tem uma carreira já vasta como actriz e cantora de música jazz. Depois de um período de crescimento e maturidade como artista, ela decidiu que este era o momento ideal para lançar o seu primeiro álbum de originais, com 11 Faixas compostas e cantadas por ela, mas ainda estão em aberto mais temas. Um trabalho, sem título, que será lançado em princípio antes do final do ano.

Sei que te encontras no estúdio para gravar o teu primeiro disco. Porquê só agora?

Mariana Norton: É uma boa pergunta, não sei, houve outras oportunidades, mas senti que queria gravar os meus originais. Outras coisas também se meteram pelo caminho, eu queria estudar, porque sou exigente comigo mesma.

É uma questão de maturidade?

MN: Talvez, eu sinto que estava ansiosa por gravar, mas que é uma boa altura, sinto maturidade neste disco. Todas as músicas são compostas por mim, as letras também e estou contente. Acho que foi um percurso.

Neste trabalho apostas numa vertente musical inspirada no jazz?

MN: Não é necessariamente um disco de jazz. Quando compus as canções para este álbum limitei-me a pensar o que queria ouvir e no que gostaria de cantar, portanto acho que é um estilo pessoal que junta todas as influências que aprecio. Aprecio muito de jazz, soul, pop e rock. Eu tenho um gosto eclético e este disco tem um bocadinho de tudo. Há canções em português e inglês. Não sei se será um disco de jazz tradicional ou contemporâneo, caberá a crítica definir.

Abordando um pouco a tua carreira jazzística, achas que este estilo musical deixou de ser restrito e se tornou mais democrático? E quando notastes essa mudança?

MN: Eu notei essa mudança já há alguns anos. Imagina, quando entrei no Hot Club pela primeira vez tinha 17 anos e era claramente a rapariga mais nova que por lá andava, até me sentia um pouco constrangida. Hoje em dia sou professora e actualmente tenho alunos de 15, 16 anos. Quem me dera que na minha altura as pessoas tivessem despertado mais cedo para este estilo musical e para aprender música, embora haja poucas opções, ou tens clássico ou jazz. Aí senti da diferença, um maior interesse das gerações mais novas, nos concertos e nas pessoas.

FaLang translation system by Faboba

Eventos