FF: Foi o facto de querer controlar tudo e ter a consciência disso, que tenho de delegar e acreditar nas pessoas. Aprendi isso e vou continuar a aprender.
Escolheste nomes bíblicos, são muito fortes em termos históricos, está tudo ligado ao tema que escolheste?
FF: Claramente os nomes não foram ao acaso, se calhar senti uma necessidade de ainda colocar mais pureza e ingenuidade nas personagens. É um regressar ao passado, existe até algum misticismo em torno desses nomes, são muito fortes e por senso comum associámos logo a bíblia. É difícil de explicar, são coisas pessoais muito minhas, valores que foi adquirindo ao longo da vida e tem ver com uma questão familiar.
Desta experiência o que vais levar para o teu próximo projecto?
FF: Vou levar mais alguma experiência que adquiri. Tenho consciência que foi uma aprendizagem, lidar com situações inesperadas quando estamos a gravar por mais que as coisas estejam controladas, pensadas e organizadas, aprendi com isso e segui em frente.
Para cada um de vocês qual foi o maior desafio do respectivo personagem?
Marta Andrino: Nesta situação, esta Maria ajudou a limpar todos os vícios citadinos e do quotidiano da Marta. Nesta personagem os gestos são todos muito genuínos e muito bons, ela não vive nada dependente dos bens materiais. Limpei todos esses fatores externos e deixei que ela fosse mais neutra, que simplesmente através dos olhos pudéssemos ver se ela esta triste ou alegre.
Francisco Arraiol: Para mim do ponto de vista mais técnico tive mais dificuldade em alterar de certa maneira as linguagens de interpretação da televisão para cinema. Não tinha quase nenhuma experiência nesta área e depois tive de fazer aquilo que sei, que é ser actor, mas com uma linguagem que não conheço. Em termos da personagem, este Abel, ao mesmo tempo que era sereno, era forte, ao mesmo tempo que era calado, gritava em silêncio. O Fábio quando nos entregou as características das personagens, ele atribuiu um elemento a cada um, o Abel era terra. A minha principal dificuldade era tornar física essa terra no Abel.
Qual era o teu elemento?
MA: Era a água.
Ambos movimentam-se pela televisão, mas também fazem teatro e estes projectos cinematográficos sem contrapartidas económicas, fazem-no porque são vertentes que vós ajudam a desenvolver a vossa arte?
MA: Eu desde que estou a trabalhar, desde os 18 anos e comecei a fazer televisão, embora tenha feito muito teatro na minha infância, desde então que estudo. Isso faz-me constantemente estar no teatro, a montar espectáculos, a fazer performances, instalações e de repente sou convidada para fazer pequenos filmes e tudo isso para mim enquanto a actriz significa que estou a crescer, desde há oito anos em que decidi fazer disto vida. E faz todo o sentido complementar para poder dizer, que sou uma Marta formada, que é fruto disto tudo. A televisão dá-nos mais visibilidade, mas não é tudo, falo por mim, este filme é um deles e outros projectos menos visíveis que faz todo sentido apoiar.
FA: Comecei no teatro e fiz sempre teatro. Iniciei-me na televisão há pouco tempo. Eu acredito que posso crescer muito enquanto actor de teatro e fazer as outras duas, televisão e cinema e vice-versa. Experimentar várias coisas não só nos dá traquejo, mas complementa muito as nossas capacidades.