Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Com a pronúncia do norte

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João Seabra é um homem do Norte. Desde Braga para o resto do país conta piadas sobre as idiossincrasias do povo português com o seu sotaque inconfundível. Uma carreira notável que encetou profissionalmente desde 1993 e que o faz rir só de recordar.

Como é a vida de um humorista em Portugal?

João Seabra: Não me posso queixar, não é que seja algo de outro mundo, tem corrido bem, em Portugal há muitas coisas para fazer humor e faz-se bem cá, o português gosta de rir e quer rir, existe público e motivos para fazer humor.

És muito associado ao Norte, pelo conteúdo das piadas, o sotaque foi sempre propositado?

JS: Sim, quando comecei a minha deixa de entrada até era, eu vim de Braga! Marcava o sítio de onde vinha e às vezes até exagero o sotaque do Norte. Mas é algo de que me orgulho, apesar de Portugal ser pequenino, tem uma diversidade muito grande, muitos sotaques, muitas maneiras de estar. Eu tenho muito orgulho de representar uma determinada zona do país e não me importo quando as pessoas me associam a Braga, ou ao Norte.

Isso não restringe o estilo?

JS: Não, de forma alguma. Tanto assim é que fui convidado para actuar na Madeira e faço espectáculos pelo país todo. Desde o Norte ao Algarve. É uma questão de ter um sotaque, mas não restringe.

Existe algum tema tabu nas tuas piadas?

JS: Não gosto de falar de religião e de temas ligados a pedofilia.

Mas é por uma questão pessoal ou apenas porque achas que vais enfrentar uma reacção negativa do público?

JS: Acho que são muito delicados e para faze-los tem de ser muito bem abordados, senão cai-se na piada do mau gosto, na parvalheira e não aprecio. Eu como humorista gosto de fazer rir o público e não de chocar as pessoas. É a minha visão, não gosto de humor negro. Sinto que deve ser agradável para as pessoas ouvirem e não entrar em choque.

E os temas preferidos?

JS: É o dia-a-dia das pessoas. Dos pequenos gestos. Das relações homem e mulher. É o quotidiano.

O que acha do humor feito no nosso país, acha que esta de boa saúde e recomenda-se? Fala-se agora muito do “último a sair” que é um género que tem suscitado polémicas.

JS: Eu acho que o humor em Portugal progrediu muito. Na última década houve um crescimento em termos de qualidade e porque tem aparecido vários tipos de formatos para diferentes tipos de público, não é só a anedota básica, ou a piada de revista. O último a sair é um género que nem nos outros países vemos. É um formato mais à frente, não é a piada simples, vamos explorar isto como se fosse aquilo e muita gente pensa que é, quando não é.

Achas que a televisão tem contribuído nesse sentido?

JS: Á custa da televisão cabo e mesmo da internet o espaço ficou muito maior. Quando tínhamos dois canais, era muito difícil chegar lá porque não havia lugar para todos. Agora há canais que apostam em programas diferentes para públicos minoritários e que na verdade dão voz a humoristas que de outra forma não conseguiam chegar até esse público.

E a internet?

JS: É um instrumento fundamental, porque através do youtube ou outros do tipo podes colocar online um trabalho sem nunca teres aparecido na Tv. e se for válido e houver público acabas por chegar à televisão. É um dos média mais democráticos para alguém que queira começar, ou até um artista que tenha já uma longa carreira e nunca chegou antes a um grande meio de difusão.

www.joaoseabra.com

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