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Não podemos ver o vento

Escrito por 

 

É o relato dos abismos da alma humana descritos por Clara Pinto Correia.

Os segredos consomem-nos. Mesmo quando fingimos que não existem. São como feridas que nunca cicatrizam verdadeiramente. São dolorosas. Não deixam marcas visíveis na pele, mas submergem sob a forma de pesadelos que nos tiram o sono. Que nos tiram do sério. Que nos obrigam a fugir dos espelhos, dos outros e de nós mesmos. Não podemos ver o vento, conta essa história, ou melhor, as novas histórias que trasvestem a realidade, apenas na superfície. Nada é o que aparenta ser, por mais verossímil que possa soar. A personagem principal obsessivamente finge que ouve o que quer, mas isso não é suficiente para mascarar a sua existência padronizada, destituída de afectos, que a levam a procurar essa segurança emocional, que anseia desesperadamente, onde ela não existe, nem nunca existiu. Finge-se de cega diante dos factos, surda perante a voz da razão e muda para não verbalizar os medos que a consomem. As mentiras amontam-se até que um dia…ela tem mesmo de acordar. Mais do que uma história sobre a guerra colonial, este livro de Clara Pinto Correia fala de solidões que levam os personagens a mascarar a insuportável banalidade de um quotidiano sem grandes sobressaltos. Não adianta fingir, a verdade persegue-os, mesmo quando correm desesperadamente na direcção contrária, como é o caso da Mariana. Até que um dia, ela também dá-se de conta que não podemos ver o vento. Boa leitura.

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