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Opus1

Escrito por 

Jorge Baptista de Figueiredo é o heterónimo de José António Santos, músico, professor e escritor. Enquanto músico foi premiado pela juventude musical portuguesa e foi agraciado ainda com o prémio de jovens músicos. Ao longo da sua carreira gravou álbuns com Dulce Pontes e a Ala dos namorados, mas a música não é a sua única faceta artística, a escrita ocupa também um lugar cativo na sua vida, como é o caso deste livro de poesia.

Porquê escolher um heterónimo?
Jorge Baptista de Figueiredo: Para ser um prolongamento do que somos, da nossa identidade, uma espécie de upgrade e tem de ser um heterenónimo que tenha que ver connosco. A história deste nome não é tabu, Jorge porque é o nome do meu irmão mais novo, que obviamente adoro, Baptista advém de uma tradição judaico-cristã, se quisermos, é alguém que inexoravelmente diz a verdade e Figueiredo porque estive num sítio no Brasil chamado Figueira durante três semanas, no início da década de noventa, que me marcou muito pela positiva.

O facto de teres escolhido um heterónimo também advém de seres um grande admirador do Fernando Pessoa?
JBF: É o mestre da poesia, é impossível ficar indiferente de tal maneira com o aparecimento de Pessoa porque a poesia nunca mais foi a mesma. Ele operou uma revolução sem precedentes neste estilo literário, tornou-o mais leve, mais acessível e mais profundo simultâneamente. Quando o li fiquei completamente contagiado, electrocutado, pela forma como escreve, a profundidade do que aborda contribuiu definitivamente para a forma como esse livro foi escrito.

Qual foi a linha de pensamento que seguiste para a escolha dos poemas que fazem parte do Opus 1?
JBF: Houve uma grande depuração dos poemas, havia todo um conjunto de poesias que foi seleccionada, escolhida e depois formatada para caber dentro do livro. A minha poesia é muito sentimental, autobiográfica, muito íntima e que teve de ser adaptada para ser incluída neste livro.

Adaptada em que sentido?
JBF: Para não ser demasiadamente evidente do ponto de vista íntimo, havia poemas que eram dedicados a terceiros, ou terceiras e por isso teve de ser formatados e adaptados de forma que tivesse a coerência de um livro e pudesse passar a mensagem da poesia. Depois houve o enquadramento, muito mais que a esquadria é a substância, basicamente o livro conta com sonetos, duas quadras e dois tercetos, que é por excelência o sistema utilizado. Temos 70% de sonetos e depois pentipticos, dois conjuntos de 5 poemas e um hexiptico que são seis e que falam das estações e dos sentidos, portanto foi criar uma coerência geral em termos de conteúdos.

 

 

Necessitas de uma certa nostalgia para a escrita ou não?
JBF: Isso foi o meu primeiro livro, que é muito sentimental, ao mesmo tempo que o foi escrito foi desenvolvendo uma certa acutilância na literatura. Dei tanto ao livro como ele me deu a mim, no sentido do desenvolvimento do escrita e da investigação propriamente dita do que significa a poesia. Penso essencialmente no Pessoa, na mestria enquanto o seu nome significa, ele é o grande portal e inspirador em questões essenciais na poesia como o amor, a alma portuguesa, os elementos, tudo isso é abordado na escrita.

Os teus poemas tem uma certa musicalidade, uma certa cadência isso deve-se ao facto de teres formação musical?
JBF: Sim, absolutamente. A minha formação é musical, tirei o curso na escola superior de música, foi para o conservatório e dou aulas de música, essa é a minha profissão. Inevitavelmente os meus poemas tinham de ter uma notação musical, o que se aplica nas rimas e na estructura, quer na forma como muito dos poemas são relatados, alguns deles podem parecer letras de música e ao mesmo tempo pretendo ter aquela leveza, aquela ligação que a arte da música tem.

Muitos poemas são dedicados a outros escritores portugueses que escreveram poemas, porquê? Achas que os poetas não são louvados o suficiente em Portugal, embora se diga que somos um país de poetas.
JBF: Eu acho definitivamente que os poetas não são louvados o suficiente em Portugal. São a posteriori, aliás, eu iria mais longe em dizer que os poetas são louvados mais no estrangeiro do que cá e no nosso país só são homenageados infelizmente depois da morte. Esse livro foi escrito num período de quatro a cinco anos, durante esse tempo adquiri uma série de influências principalmente em relação a alguns autores como o Lobo Antunes, o Saramago e também de pessoas com que contactei pessoalmente, como por exemplo, a Marisa, entre outros. São personalidades que me influenciaram enquanto escritor, também porque li as suas obras e como me tocou imenso a sua mensagem e entrei nesses universos, achei que seria o mínimo escrever poemas dedicados a eles.

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