É hora de voltar. Mais me espera ainda. No retorno á terra, tempo de usar um outro meio de transporte, mais de acordo com esta cidade sem sobressaltos. A bicicleta. Existem muitas a nossa disposição. O dia está tão lindo. Impulsiono as rodas que vão mostrando um roteiro pré-definido que mentalmente me havia imposto na véspera. Na praceta dezenas de faces coloridas saúdam-me. São várias numa só, mesmo em frente o teatro aveirense e à Câmara Municipal. Sigo pela calçada e avisto edifícios ricamente decorados. Parecem inspirados em arte déco. Nos espaços deixados em branco sobressaem azulejos com diagramas complexos que agraciam as paredes centenárias. Volto a pedalar até o Milenário. É como um duelo arquitectónico, de um lado, a Sé Catedral, do outro o convento de Jesus. Qual o mais belo e imponente? Fica ao vosso critério.
Ao princípio Aveiro parece igual as outras, mas não é. O antigo mistura-se com o novo. Eis-me na universidade. Ao pólo que fará de mim uma doutora. Cheguei a um mundo novo. Onde a imaginação só tem limites impostos apenas pelo raciocínio implacável. É uma das instituições de ensino mais avançadas do país em termos de novas tecnologias. É por isso que aqui estou á procura do futuro em forma de canudo. A inovação paira no ar. Dirijo-me a secretaria central para preencher os formulários que farão de mim uma aprendiz. A fila é densa. Não faz mal, tenho todo o tempo do mundo. Agora sou adulta. Sinto um aperto no estômago. Para trás deixei o meu conforto, o meu nicho, o colo da minha mãe. Chega, que tristezas não pagam dividas. Olho em volta, vejo espelhos do meu rosto ansioso e ao mesmo tempo confiante, como imaginei, o futuro é agora.