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Como sombra à sombra

Escrito por  yvette vieira fts josé zyberchema

 

Sob a temática das sombras, do lugar e da obra de Lurdes Castro, o artista plástico e designer Raul Albuquerque desenvolveu uma exposição no matadouro do Funchal.

Como é que surge esta exposição?
Raul Albuquerque: Tudo surge com uma fotográfia, que é uma pirâmide com sombras sobrepostas. Por outro lado, há uma grande influência também de toda a obra de Lurdes de Castro e com esses dois elementos foram sendo trabalhados com o edifício.

Mas, a ideia surge antes, ou aparece quando após a visita a infra-estructura?
RA: Foi ao mesmo tempo, se reparar nas peças estão em diálogo com o edifício, dividem o espaço, criam uma outra forma. Estão dialogando com a estructura.

Há vários suportes também aqui, fotográfia, pintura, o vídeo, o desenho e estes foram surgindo também com a dinâmica do espaço?
RA: Sim, anteriormente houve uma experiência, houve de alguma forma o incêndio no Funchal, que foi marcante e existe uma ligação muito forte entre o efémero do papel e a possibilidade de arte e isso aconteceu mais ou menos ao mesmo tempo.

As imagens e o vídeo deste espaço são apenas as sombras, ou são outras áreas?
RA: São outras áreas que abordam a poesia concreta, pessoal.

São do Funchal que ardeu ou não?
RA: Não, há uma sugestão, do efémero do que é a malha urbana, a paisagem que rapidamente entra em combustão se encontrar a situção ideal e foi um pouco isto, a determinada altura dizer este fogo faz, marca, desenha como vai definir a paisagem, porque ela se vai transformar. Mas, é um pequeno ensaio, o diálogo é permanente com o edíficio e isso foi importante.

 

E foi isso que despoletou a coloção das obras em determinadas áreas?
RA: Em todos.
Não é ao acaso?
RA: Não, tudo é pensado, foi um mês de trabalho cá dentro. Todas as peças foram aqui feitas, foram colocadas e recolocadas, redesenhadas e houve esse trabalho de fundo permanente, até que cheguei a situação em que esta tudo bem.

A dualidade de que fala do início também se extende as cores?
RA: São cores naturais, sim, são oxidos, eu faço as minhas próprias tintas, um dos trabalhos é com óxido de cobalto, há de ferro, o que reflecte a paisagem madeirense, a questão dos ocres, da pedra.

Sim, mas eu apenas vejo uma peça com cor.
RA: Talvez porque esta habituada ao resto, porque esta é a paisagem, a desnaturalizada, mas depois existe cor, ou seja, a um propósito de exposição que obriga a ver e percorrer para conseguir apreender as peças, este diálogo que a pessoa necessita de ter também, não que eu tive, mas é o visitante que o tem de fazer.

É um percurso que se pode fazer de forma aleatória?
RA: Sim, aleatória, mas tem de entrar por baixo, vê logo a peça que deu origem, depois temos o vídeo e quando sobe as escadas avista várias zonas de interesse que vai despertar a sua atenção percorrendo o espaço.

O que esta exposição acrescenta ao seu trabalho como artista?
RA: Tudo, cinco anos como artista, aqui a viver na Madeira. Eu acho que e reflecte completamente como esta feito, a horizontalidade da linha do horizonte.

É uma súmula de cinco anos de convivência com a ilha?
RA: Sim, completamente. Ainda ontem me apercebi disso, pela cor, pelo horizonte, por tudo isso.

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