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Les belles du monde

Escrito por  yvette vieira fts Bárbara Fernandes

 

As mais belas do mundo interpretadas por Sérgio Remondes estão para ser vistas e apreciadas no Art Center de Caravel até o final do mês de Fevereiro. Uma oportunidade única para ver e apreciar o trabalho deste artista que escolhe as narrativas pictóricas como meio de expressão da sua viagem interior.

Fala-me um pouco sobre estas mulheres do mundo.
Sérgio Remondes: Não é só por serem de vários países, a selecção dos trabalhos expostos não é um mapeamento de mulheres. Tanto é que tenho trabalhos que reflectem várias situações num mesmo país.

Então como é que surgiu a ideia para esta mostra das “belles du monde”?
SB: Eu fiz uma pintura há dois anos, que deu o mote para este tipo de retrato que eu não costumava fazer, trata-se de uma pintura de uma amiga russa e na altura para defender o nome dela decidi intitular o trabalho de “la belle russe”. Depois deu-me vontade de fazer mais retratos directos, dígamos mais clássicos e foi representando alguns rostos. “As belas do mundo” quase leva a crer que é uma cartográfia, mas não.

Como é que escolheste estas mulheres? O que te chamou à atenção?
SR: Algumas delas foram encomendas que, entretanto, foram vendidas, para conseguir ter mais trabalhos para esta exposição esforcei-me, no sentido de juntar rostos para esta coleção. A única selecção que existe, porventura, são os retratos mais bem conseguidos.

Embora se note na tua pintura a influência dos metres modernos, os teus quadros tem muita cor e vivacidade.
SR: Eu tenho muito pouco tempo para fazer um trabalho destes, então faço-os da forma que gosto mais, se tiver de usar cor uso, uma pintura tem o mais colorido possível, porque é um gosto pessoal. No geral, a exposição tem muita cor, mas se olhares com atenção para um dos meus retratos a técnica que utilizo é uma sobreposição de camadas de tinta e aí uso as cores todas até obter o que pretendo. Se reparares para compôr o rosa da pele notas diversas tonalidades, se assim não fosse as cores ficavam mortas, em vez de vivas.

O que te inspira para pintar? Segues um tema, ou é através de esboços sobre a natureza?
SR: Eu tenho uma narrativa, é uma história que vou contando. Esta exposição é uma excepção, aqui retirei-me do meu percurso e fiz alguns trabalhos para completar a colecção. O objectivo era só mostrar retratos.

Então quais são as tuas narrativas?
SR: O processo de construção de histórias não esta definido, começo e acabo, o próprio percurso ajuda a terminar a narrativa, os novos trabalhos surgem na continuidade dos que já foram feitos. Uma narrativa são um conjunto de pequenas histórias, começa na primeira pintura.

É uma viagem interior de auto-descoberta?
SR: Sim, exactamente.

Então como começa esse teu processo criativo?
SR: Para já gosto de trabalhar com colecções em volta de um tema. Neste momento ando à volta de homenagens a artistas, as cidades que eles ocupavam e que passaram a estar associados à sua presença nesses espaços urbanos. Quando começo a desenhar tenho que pensar no artista, na sua intelectualidade, a partir daí faço o que é desenho da pessoa, um desses autores é Fernando Pessoa e faço uma homenagem a cidade de Lisboa, ou Marc Chagal e a cidade de Paris. Depois a narrativa começa, também existe um pensamento quase comercial, fazer uma colecção que agrade também ajuda.

Tens um meio preferencial em termos de materiais ou não?
SR: O material preferencial é o papel.

Porquê não a tela?
SR: Eu já pinto há mais de 20 anos e numa fase inicial usava a tela, mas o papel é mais macio, facilita a parte do desenho, depois a textura é dada no próprio material. Numa tela a textura é muito mais fácil, mas perdes um pouco no desenho. Eu uso acrílico e aguarelas, comecei com óleo e por uma questão de logística e de tempo passei para outros tipos de tintas, mas principalmente passei da tela para o papel, mesmo em grandes formatos consigo pintar.

Resides numa das ruas mais emblemáticas da cidade do Porto, isso é importante em termos criativos?
SR: Viver não vivo lá, tenho é meu atelier.

Escolheste essa área propositadamente?
SR: Foi uma casualidade, tenho um amigo fotográfo que tem um estúdio nesse mesma rua e houve uma altura que precisava de mais espaço, que fosse só meu e ele sugeriu-me uma sala ao lado que vagou e já estou lá há três anos. Acho aquela área inspiradora.

O Porto faz parte desta próxima colecção de artistas e as suas cidades?
SR: Nesta colecção não, será numa intitulada “lusofónia”, que será apresentada em pela primeira vez em Paris, no mês de Abril. Estou a agendar viagens para fazer representações desse mesmo trabalho e estou a considerar acrescentar mais duas capitais.

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