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A professora dos transportes

Escrito por  yvette vieira fts Bárbara Fernandes

Rosário Macário, professora de transportes, no departamento de engenharia, no instituto superior técnico, é coordenadora científica do ciclo de conferências organizadas pela associação para o desenvolvimento de transportes sustentáveis designada por ITS Portugal, cujo objectivo é a promoção dos sistemas e serviços de transportes Inteligentes para as cidades.

Quais são os projectos que se pretende desenvolver em termos de mobilidade nas cidades?
Rosário Macário: A mobilidade é um factor de qualidade de vida. É uma utilidade tão importante como qualquer uma das outras que nos habituámos a conviver como saneamento e electricidade. É um factor essencial em termos da utilização da cidade, da satisfação das necessidades relativamente ao cumprimento das actividades sociais e económicas, portanto é importante na competividade da própria cidade. Não há cidade que ofereça boa qualidade de vida, se não oferecer boa mobilidade e ao longo dos anos tem havido mudanças significativas sobre a forma como olhámos para este paradigma e hoje há uma preocupação de todo o mundo em que toda essa interpretação seja muito focalizada na próximidade e na boa qualidade de vida não motorizada. Portanto é necessário que as cidades trabalhem e recuperarem este conceito e forma de organização de forma a proporcionarem não só aos residentes, como aos turistas ou aos visitantes temporários são elementos fundamentais da competividade de uma cidade hoje em dia.

Há uma capital no norte da Europa que já anunciou a proibição de veículos nos centro da cidade. É para aí que caminhámos?
RM: Não é necessariamente para essa opção radical. A mobilidade e a acebilidade tem de ser vista com algum equilíbrio e não há soluções copiavéis, há sim, transferiveis para as diversas cidades. O ideal é termos um bom equilíbrio, termos uma boa noção que cada modo e o serviço tem uma função específica na arquitectura da mobilidade e no serviço à cidade. O ideal é termos os modos bem organizados em que haja prioridade para a mobilidade pedonal, outras haverá em que é o transporte público e outras ainda o motorizado individual. É necessário haver um equilíbrio de forma a que o cidadão tenha os sinais adequados para poder escolher bem as suas opções de mobilidade de forma a ter um bom nível de serviço, mas também para ajudar a manter a cidade dentro de bons níveis de sustentabilidade adequados e hoje é um aspecto primordial da agenda política não só de Portugal, mas do mundo todo. Como sabem há acordos que foram feitos recentemente relativamente as alterações climáticas e os seus objectivos, onde a mobilidade joga um papel fundamental e as cidades também. É necessário olhar para esta problemática de uma forma mais transversal e integrada de forma que o cidadão receba os sinais certos para tomar as decisões da sua vida de forma a manter padrões de sustentabilidade bastante elevados.

Na sua experiência é fácil conciliar dois tipos de mobilidade, em relação ao turismo e o os residentes?
RM: É assim, dizer que é fácil é um exagero. É possível e deve ser feito e isso exige algo para o qual temos menos práctica, mas que é fundamental, é termos uma visão estratégica das nossas cidades. Como queremos que elas evoluam? Como é que queremos que se vocacionem relativamente aos diferentes segmentos? E através dessa perspectiva estratégica que se torna fácil compatibilizar a residência com as necessidades do residente e do turista, sem que um seja limitador dos graus de liberdade dos outros e que seja possível organizar serviços que sejam igualmente atraentes quer para o turismo, quer para o residente. Portanto, a resposta é que é possível, há cidades que já o conseguiram e não existe nenhum impedimento inamovível para nenhuma das nossas cidades sigam também essa linha de pensamento, sobretudo, quando do ponto de vista estratégico para nós o turismo esta a assumir a importância que esta a assumir, que tendencialmente esta a crescer e esta confêrencia pretende fazer essa reflexão para cubrir essa lacuna sobre o futuro das cidades em 2030.

Mas quanto há mais turismo, menos é fácil essa conciliação?
RM: Não necessariamente. Desde que haja uma boa articulação entre território e transportes e ambiente é um triângulo que tem de ter um poder de decisão articulado para os níveis estratégicos do que queremos para o futuro, quer ao nível planeamento táctico e ao nível da operação que é o único que é visível aos olhos da população. Mas, para termos um bom nível de serviço temos de ter os outros níveis de decisão bem articulados e bem alinhados.

Isso implica muito investimento por parte dos municípios?
RM: Isso implica muito investimento por parte dos municípios em termos de planeamento, de capacidade de perspectivar as suas cidades para o futuro e em termos de qualidade da decisão que é um aspecto fundamental e um grande investimento que deve ser feito, na percepção do que são as necessidades e a capacidade de projectar a cidade no futuro e manter bons níveis de qualidade. O que implica não só ser capaz de projectar e investir no momento, mas capaz de manter, monitorizar no momento e ajustar a medida da evolução das próprias necessidades e isso implica digamos que não uma corrida pontual, mas um esforço contínuo para o qual temos de nos capacitar que é o desafio do turismo crescente, do que é o cidadão mais exigentes, quer dizer que todos os padrões de qualidade tendem a aumentar o seu grau de exigência, portanto, os municípios tem de ser capazes de dar resposta a essa solicitação.

Após todas as conferências agendadas pelo país todo, pretendem emitir um relatório até 2030? E será vinculativo ou não para as cidades?
RM: A ITS Portugal é uma associação de carácter privado, portanto, nunca pode ser vinculativa para uma entidade pública e eu própria sou professora universitária do Instituto Superior Técnico e estou na qualidade de coordenadora científica desta série de conferências, vamos emitir um documento estratégico sobre cada um das palestras e no final é a intenção publicar um documento único, esperámos que tenha uma influência forte nas cidades e sobretudo, através da participação dos vários municípes, mas obviamente não pode ser um documento vinculativo. Só o poderá ser se as autoridades entenderem adoptar as recomendações que foram colocadas nesses mesmos documentos.

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