Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

Animactores de carne e osso

Escrito por  yvette vieira fts artdesign

 
O animateatro é um grupo que procura prestar uma vasta oferta cultural para as várias etapas da infância e também para os adultos. Acima de tudo leva o teatro até as escolas, desde a creche, ao jardim-de-infância e o primeiro ciclo no Concelho do Seixal. Tem a sua sede, em Amora, no auditório Cinema São Vicente, onde todos os domingos à tarde a palavra de ordem é sonhar.

Como é que surge o animateatro?
Patrícia Cairrão: Nós formamos o grupo em 2001 e depois desde 2002 que nos tornámos uma estrutura profissional inicialmente virada para as produções infantis, nomeadamente com o projecto o teatro vai à escola, com crianças que normalmente não tem capacidade de usufruir destas actividades culturais. Iniciámos com a infância, mas a pouco a pouco criámos peças para adultos, demos formação e em 2005 começámos a ser programadores com a inauguração do espaço anima teatro, na Amora, que é a nossa sede, uma sala com 40 lugares onde recebemos as várias companhias e as nossas próprias produções para o público em geral. No ano de 2008 assinámos um protocolo com a Câmara Municipal da Seixal e começámos a gerir um espaço camarário, uma sala de espectáculos, que é o auditório Cinema São Vicente. A partir dessa altura começámos a criar uma programação infantil, nos domingos à tarde.


Voltando um pouco atrás, referiste que o grupo nos seus primórdios realizava espectáculos para crianças mais carenciadas em termos sociais, mas como é que esse processo funcionava? Vocês propunham as escolas e associações a realização de um ou mais espectáculos, ou eram estas instituições que vinham ter com o grupo?
PC: Desde o início o processo começou por ser nós a levar o teatro até as escolas e outras instituições educativas que acolhiam crianças. Nós fazemos espectáculos que tenham um cariz itinerante e diariamente para as várias valências da infância quer seja para a primeira, com o teatro para bebés que temos desde 2009, como o teatro para o jardim-de-infância e o primeiro ciclo.


Como é que se cria espectáculos para bebés, como é montam peças ou adaptam textos para chamar à atenção de crianças tão pequenas?
PC: Para os bebés não adaptámos textos, uma linguagem semelhante ao português não considerámos que seja adequado para essas idades, alguns até não percebem, porque não se encontram nessa fase. Realmente a descoberta deles é o mundo sensorial. Nesta primeira infância as descobertas passam pelos sentidos. Em 2009 descobrimos que havia uma lacuna nesta valência e resolvemos criar um ciclo de exploração e estímulo dos sentidos do corpo de forma a poder comunicar com crianças desta faixa etária. Os nossos espectáculos para bebés estão inserido neste ciclo, tanto que numa primeira fase, em que o maior enfoque foi o sentido da audição e chamava-se "em busca do barulhinho", como actualmente onde temos o "vêtoca" que remete-nos para os sentidos do tacto e da visão, que é aliás o que apresentámos na semana do "amo-te teatro".


Como é que funciona então o processo criativo? O que tem de levar em conta para este tipo de espectáculos?
PC: Surge a ideia inicial que é criada pela equipa de encenação, que é neste caso é a Lina Ramos e o Ricardo Santos, são eles que definem a linha do espectáculo. Como optámos pelos sentidos da visão e do tacto cria-se num percurso que tivesse vários estímulos sensoriais que foca acima de tudo na descoberta e a transformação dos próprios personagens. Nos ensaios, temos um processo colectivo onde vamos encontrando, também nós, atributos de linguagem que é próprio deste laboratório e que é criado durante este espaço. No percurso de estímulos sensoriais nos depois correspondemos com emoções, com sons que depois nos ajudam nesta linguagem.

 


A cor é importante?
PC: Sim, é fundamental. Sabemos que na primeira infância as cores primárias, o amarelo, o vermelho, o azul são as que chamam mais atenção aos bebés e então assim sendo, em termos de visão são as cores vivas que percepcionam o que é aquela coisa nova.

 


Há pouco referistes que o teatro de bebés aparece, porque notaram que havia uma lacuna. Notaram essa falha por causa dos pais quando traziam ao teatro as crianças mais velhas, ou resultou da vossa própria experiencia?
PC: É uma mistura dos dois. Por um lado, desde 2002 que trabalhámos com jardins-de-infância e o segundo ciclo e foi no contacto com eles, porque alguns desses espaços tinham creches, notámos que havia pouca oferta cultura para bebes, como é difícil desloca-los, porque a logística é brutal, não havia nada. Os educadores, por outro lado, foram alertando-nos para o facto de que não havia teatro para esses pequeninos e nós tendo em conta esses espaços e graças à nossa experiencia, como disseste, vimos que em termos de outras companhias, nossos colegas, que ninguém tinha esta valência e achámos por bem começar esse trabalho e começámos as nossas pesquisas para esta faixa etária.


Fala-me do espectáculo o "vêtoca".
PC: Foi um espectáculo estreado em Maio, que tem como base o estímulo dos sentidos da visão e do tacto. Existe um percurso em há duas personagens que não se conhecem, que primeiro pela visão e depois pelo toque. Eles vão descobrindo e ao longo do espectáculo que se vão transformando ao ponto de perceberam que são muito semelhantes, que tem corpos parecidos e que se conseguem movimentar de forma semelhante. Ao longo do espectáculo mostrámos vários estímulos ao nível do som, do toque e todas as sensações que implicam o ver e o tocar. É um resumo muito breve.


O animateatro tem várias valências, pretendem criar mais uma?
PC: Actualmente o anima teatro tem várias produções para várias faixas etárias, em termos de produções próprias, temos o teatro para bebes, teatro para a infância, e produções para adultos, uma vez por ano. Tivemos recentemente a "Anne Frank" que saiu de cena agora, vamos começar a trabalhar num novo projecto que vai estrear em Setembro para o público infantil. Temos uma outra vertente que é a intervenção artística e social, que tem a ver com outros tipos de públicos, são pessoas que não querem ser actores, são formações para adultos, idosos e jovens neste quadro economicamente desfavorecidos. É um projecto que estamos agora a desenvolver com a comunidade.


Notam passados estes 8 anos que nos vossos espectáculos já aparecem para além dos mais novos, os pais? Ou seja várias gerações da mesma família
PC: Sim, como acima de tudo temos a programação infantil onde há um público já assíduo, embora grande parte provenha dos espectáculos dos domingos à tarde, verificámos que pais aparecem nas produções que encenámos para os adultos, no sábado à noite. Mesmo em termos de formação já passaram para nós 500 alunos e vemos cultura a criar-se neste concelho do Seixal, porque quando nos estreámos erámos a única companhia teatral profissional e continuámos a ser a única.

http://www.animateatro.org/

1 comentário

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos