Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

Os artistas do efémero

Escrito por  yvette vieira fts josé zyberchema

  

A Associação de Juventude de Idanha-a-Nova surgiu na sequência do então grupo de teatro GET-IN (Grupo Experimental de de Idanha-a-Nova), que era composto por alunos da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova. A face mais visível da “Ajidanha” tem sido o grupo de teatro amador, contudo, a associação promove workshops, formações e outras actividades ligadas à cultura junto da população local.

Como surge o grupo de teatro da associação “Ajidanha” de Idanha-a-Nova?
Rui Pinheiro: Surge a partir de um grupo de pessoas decidiu criar um grupo de teatro, ainda apresentaram duas obras em palco e isso motivou a vontade de criar a associação que tivesse como foco a juventude num âmbito cultural, porque entretanto apareceram mais projectos, como por exemplo, os workshops, mas de facto o que foi sempre a base foi o grupo de teatro.

Embora seja uma associação sem fim lucrativos, verifiquei pelos vossos curriculuns que muitos dos elementos possuem formação superior nas artes cénicas e outras.
RP: Lá esta, estive numa escola superior e dei muita formação, entretanto, desde a fundação da “Ajidanha” sempre trabalhámos com profissionais da área do teatro, quer em formações, quer nas peças, ou técnicos de luz e isso com o tempo acabou por sem querer ser uma regra prática da nossa associação, em todas as produções alguns dos actores podem não ser profissionais, mas os encenadores o são. Já tivemos várias experiências com este tipo de profissionais ao longo da nossa história e para nós foi um prestígio, ao mesmo tempo, termos trabalhado com eles. Um desses exemplos é o Nuno Pinto Custódio, que é responsável pela “Comédia del Arte”, o Rui M. Silva com quem já trabalhámos e vamos a colaborar de novo em princípio para o ano que vêm e estámos neste momento a desenvolver estes dois projectos de teatro com o José Carlos García do “Chapitô”, o que nos orgulha porque acabámos por conhecer várias técnicas teatrais. Cada um destes profissionais tem a sua forma diferente de trabalhar a sua mensagem artística, o que ainda nos enriquece mais.

Fala-me um pouco desta obra que esta em cena. Tratam-se de 3 personagens.
RP: São naufrágos que se encontram numa jangada, após um naufrágio, é um tema actual.
Porquê?
RP: É uma comédia negra com uma grande actualidade, porque se adapta aos dias de hoje, são três “políticos” que estão a discutir quem é que vai morrer para ser comido, porque os outros estão com fome, precisam alimentar-se e isso leva a várias reflexões.

Como é que olham para o trabalho desenvolvido por outras compañias com as mesma características que a vossa?
Bruno Esteves: A questão não é olhar ou deixar de olhar, a “Ajidanha” tem uma estética muito própria que foi definindo com os anos, durou algum tempo a procurá-la e embora haja esta questão de ser minimal em termos de cenário, de actores, a busca é a própria representação enquanto trabalho de actor. Ajuda seguir-se uma linha dentro do contexto do teatro nacional, ou do pânorama português, obviamente que existe no nosso país teatro de variadíssimos estilos, como é que olhámos para os outros estilos e com os parecido com o nosso? São sobretudo técnicas e tentámos também fazer uma aproximação aos grupos que temos como referência, por isso, os nossos projectos se pautam pela qualidade.

Como é que é o público?
BE: Nós somos marcados pela itineráncia, quer em Portugal, quer no exterior. Quando começámos com uma produção, como temos públicos variados de diversos contextos culturais procurámos ter isso em conta no momento da criação. Obviamente, o estarmos aqui hoje a nossa aproximação do público é diferente do que numa tournée pela Espanha, são contextos totalmente diferentes. Claro, que há um trabalho nosso e do público deste diálogo que é o teatro, nesta representação que fazemos, mas isso é uma adaptação em cada espectáculo.

Então consideram que o público é mais receptivo, porque há muitos mais grupos, acham que as pessoas vão ver as peças porque é ainda a arte que não se consegue fazer copy/paste?
BE:Isso depende muito, estamos a falar de uma arte efémera, no sentido em que é necessário a presença do criador ou do intérprete, para reproduzi-la. Mas isso não quer dizer que a sua criação não seja copy/paste ou repetição de mecanismos. A receptividade do público não tem de estar necessariamente relacionada com conceitos de criação artística.

RP: É também uma arte muito ingrata, às vezes fazemos um esforço muito grande para nos deslocarmos a um sítio e apresentámos a obra dentro daquela hora e meia, mas sim é uma arte efémera porque não se pode repetir e claro que queremos muitas pessoas, mas esse é um dos problemas desta arte.

Como fazem a escolha destes textos, porque apostaram sempre em escrever as vossas próprias peças?
RP: Nós costumamos trabalhar em textos de peças. Mas ao longo da nossa história já aconteceu escrevermos peças de raiz. É o caso da agora recente "OPUS", mas também fizemos duas de pantomima. Foi o caso de "Ocidental Praia Lusitana... por mares nunca dantes navegados" que retratava a história de Portugal, num ponto de vista diferente e o "Haja Idanha" que retratava hábitos e costumes próprios de Idanha-a-Nova, que também se assemelhavam a outras zonas do País.

Como encaram o pânorama do teatro ao nível nacional? Ou o estado das artes em geral?
BE: É difícil encontrar uma criação estimulante artisticamente.

Quais os projectos para o próximo ano?
RP: Para o ano, destacamos a co-produção que vamos realizar com o grupo de teatro de Pombal, com quem temos uma boa relação, com um encenador que já trabalhou com os ambos os grupos, Rui M. Silva. Pretendemos continuar com o nosso festival de teatro. Fazer a itinerância dos dois espectáculos que temos em carteira. Mas além destes, existem outros projectos. Cada ano que passa, o grupo está cada vez mais interactivo em diversas áreas e projectos.

http://ajidanha.com/

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos