Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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A mensagem

Escrito por 

fernandopessoa3

A mensagem

Canto X

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Falar de Fernando Pessoa é falar de um dos maiores poetas portugueses do século XX. É falar do homem de personalidade inquieta que, o levou a criar vários heterónimos, com vidas e estilos diferentes de escrita. É também falar da mensagem onde descreve a epopeia de um pequeno país a beira-mar plantado.

A primeira vez que abordamos os poemas de Fernando Pessoa somos obrigados a pensar. Sim, a pensar, a reflectir e a discutir o sentido do que escreve. Não é uma leitura fácil e para entrar na pele das personalidades que criou, há algo de nós mesmos que tem de ser posto de lado. Não podemos aborda-lo do nosso ponto de vista, temos que manter a mente em aberto, passar uma espécie de esponja no nosso raciocino porque o que esta para vir, é algo que nos ultrapassa. E necessitamos de ajuda, é necessário uma orientação e aí dependemos da preciosa ajuda dos nossos mestres. Creio mesmo que é uma violência ler Pessoa tão jovem. Não me interpretem mal, mas compreender alguns dos poemas dos heterónimos é um processo doloroso, senão mesmo assustador. Requer um esforço intelectual para o qual  nem todos estamos a altura, numa tão tenra idade. Para ler Pessoa é preciso viver muito. É preciso ter alma de velho.

Fernando Pessoa deve ter compreendido isso de si mesmo, os vários eus que albergava na sua mente poderiam ser demasiado para os comuns mortais, daí que criou alguns cuja poesia é mais acessível, mais singela quase. Ele fala sempre muito da sua solidão, de facto ser um génio devia ser um fardo muito pesado e solitário. Doloroso até e se calhar por isso, temos de ter sofrido para o entender.

A mensagem contudo, é uma viagem por Portugal, pelos seus heróis, pelas suas alegrias e tristezas é uma narrativa moderna de um país sonhado e talvez falhado. Perdedor não no sentido de identidade, mas no sentido das grandes expectativas que não se concretizaram. A sua leitura é obrigatória porque fala de uma nação, é uma obra paralela às Lusíadas de Camões, mas sem a exaltação. É mais uma constatação do sonho do país desfeito pelas brumas. Tudo é incerto e derradeiro/ tudo é disperso, nada é inteiro/ Ò Portugal, hoje és nevoeiro.

Leiam esta magnifica obra, mas antes para o compreender têm de ler a biografia do homem e visionar um retrato completo das várias personalidades em que se fragmentava, para poder absorver as palavras que usava ao seu bel prazer. Boa Leitura.

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