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Minha senhora de mim

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Maria Teresa Horta, uma das famosas três marias da novas cartas portuguesas, escreveu este compêndio de poemas, cujo impacto foi de tal forma poderoso que incomodou o poder do Estado Novo.

Trata-se de um pequeno caderno de poemas editado em finais de 1969, que apesar do seu sucesso editorial, o seu conteúdo foi condenado à obscuridade pela polícia política, a malfadada PIDE, que mandou apreender todos os exemplares existentes ao nível nacional, em todas as livrarias do país. O então subsecretário do Estado da Presidência do Concelho liderada por Marcelo Caetano, César Moreira Baptista, chegou ao ponto de ameaçar a proprietária da editora, Snu Abecassis, com o encerramento da Dom Quixote caso publicasse qualquer outra obra de Maria Teresa Horta. Mas, o que havia de tão perigoso, subversivo ou mesmo ameaçador para o fascismo na “Minha senhora de mim”? A própria autora esclarece numa entrevista que faz parte da obra “Novas cartas portuguesas: entre Portugal e o mundo”, “desejou escrever um livro directo, sem eufemismos, que falasse do prazer sexual da mulher”. A poetisa recorda ainda que, “por causa dele estive presa durante 24 horas. As paredes da minha casa foram pichadas com dizeres ofensivos e recebi telefonemas e cartas anônimas contendo ameaças”. Maria Teresa Horta, E sublinho o apenas, cometeu o crime supremo de abordar a sexualidade feminina sem pudores, nem constrangimentos. Se leremos alguns desses poemas, sob os auspicios da era moderna, parecem até inofensivos, mas, se fizermos uma viagem no tempo, até um Portugal fechado em si próprio, onde os direitos das mulheres eram extremamente limitados, foi uma lufada de ar fresco que ofendeu os ditos defensores da ordem, da moral e dos bons costumes da sociedade portuguesa. Caramba, com esta frase até já pareço uma das personagens do Herman José, o diácono Remédios, lembram-se do que ele diria? Não havia necessidade! Mas, afinal havia necessidade e muita de ler palavras carregadas de erotismo e sensualidade e por isso mesmo, aconselho vivamente a leitura deste livro de poemas, e sim, até poderia ter falado sobre a obra das três marias, mas apeteceu-me em vez disso, fazer uma pequena provocação. Fica a promessa de que para o próximo ano há mais três. Feliz leitura.

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