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O outono do nosso descontentamento

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É um relato sentido da maior manifestação cívica que há memória no nosso país. Foi um momento histórico, do qual me orgulho ter participado e do qual deixo um registo para as futuras gerações.

Hoje o meu país vestiu-se de vermelho de sangue na guelra e saiu à rua. O povo anónimo gritou em plenos pulmões da sua justiça: O povo é quem mais ordena! Basta! Rua ladrões! Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas! As palavras de ordem ecoaram por todos os cantos da nação, de norte a sul, até no outro lado do Atlântico, nas ilhas, os hinos da rebelião fizeram-se ouvir bem alto. Foi assim que aconteceu, na Praça do Infante, perante o olhar temerário de Dom Henrique, símbolo de um espirito audacioso que cruzou mares nunca antes navegados e venceu o medo do desconhecido, milhares deram o primeiro passo numa estrada em busca da justiça, da equidade social, da integridade política e acima de tudo da liberdade de escolher o seu próprio destino.

Hoje o meu país vestiu-se de verde esperança pelo futuro de uma nação, que à beira do abismo braceja porque esta viva, palpita ruidosamente alimentada pela força da sua vontade e não mais cala as queixas murmuradas entre cigarros e bicas fumegantes. A revolta voltou aos becos e ruelas e tem uma só voz. Os portugueses marcharam sem medo até a Praça dos Aliados, em defesa de um ideal de país onde futuras gerações se sintam orgulhosas de dizer que são portugueses.

Hoje o meu país vestiu-se de ouro, não pelo seu silêncio, mas pelas suas convicções inabaláveis presentes na Praça José Fontana. Exigiram ser auscultados e não mais ignorados. Não se ficaram pelas intenções e civicamente tomaram uma posição, a única possível, bater-se pela qualidade de vida que conquistaram com muito sacrifício, após o 25 de Abril de 1974. No dia 15 de Setembro de 2012, às cinco horas de uma tarde quente e abafada, milhares de patriotas deixaram bem claro, que não querem ser mais um país de emigrantes, de jovens sem futuro profissional, de idosos sem dignidade e de famílias sem meios de subsistência. Somos sim, um povo orgulhoso da sua história, de sua terra, das suas idiossincrasias e que não comporta mais actos de injustiça e malvadez. E neste dia, no meu país se também se fez história com as cores da bandeira, ao som do hino nacional e acredito firmemente que este é apenas o princípio do fim. E foi assim que tudo aconteceu…

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