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Roteiro da cerâmica japonesa no Brasil

Escrito por  Liliana Granja Morais

Siga os passos de  vários artistas ceramistas pela mão de uma portuguesa.

A presença da cerâmica japonesa no Brasil está intrinsecamente ligada à imigração dos japoneses para o país após o término da Segunda Guerra Mundial, que teve como centro o estado de São Paulo. Apesar da história da imigração japonesa no Brasil se ter iniciado no começo do século XX (o primeiro barco de imigrantes, constituído essencialmente por agricultores, aportou em Santos em 1908), é após a Segunda Guerra que entram aqui imigrantes especializados (como técnicos e artesãos), mas também muitos artistas, desde pintores e escultores a ceramistas. Estes últimos procuravam fugir dos preceitos rígidos da tradição japonesa e desenvolver sua expressão pessoal e artística com maior liberdade.

O local em que muitos destes artistas se estabeleceram foi o interior do estado de São Paulo. Como ceramistas, necessitavam de bastante espaço e proximidade com a natureza para recolha dos esmaltes e argila. Na época (décadas de 60 e 70) o interior de São Paulo era ainda pouco habitado (de fato, o momento coincide com o boom de urbanização e industrialização que atingiu a cidade de São Paulo e que só muito mais tarde se expande para o interior). O interior do estado constituiu-se então como local ideal para a construção de ateliês com os enormes fornos tradicionais chamados Noborigama (fornos constituídos por várias câmeras e construídos aproveitando declives no terreno).

Hoje, ainda podemos encontrar muitos destes primeiros ceramistas em cidades como Mogi das Cruzes, Atibaia, Itapecerica da Serra, Cotia e Cunha. A Granja Viana, em Cotia, é hoje um dos espaços de concentração de vários artistas, nas áreas das artes plásticas, dança, música e fotografia, entre os quais vários artistas japoneses e descendentes. Uma das primeiras artistas a se instalar ali foi a veterana das ceramistas Shoko Suzuki, hoje com 82 anos, com ateliê na Granja desde 1966, época em que construiu também o forno Noborigama, com a ajuda do marido, o já falecido pintor Yukio Suzuki.

Um lugar que vale a pena visitar é o ateliê-escola Terra Bela, na Granja Viana, fundado por Ivone Shirahata, discípula de Shoko Suzuki. Para além de ateliê pessoal da artista, o espaço  abriga um festival anual de Arte Cerâmica, a ser realizado este ano entre 1 e 4 de Dezembro. Lá os visitantes poderão assistir a demonstrações de queimas, assistir filmes sobre cerâmica e comprar ferramentas e equipamentos, assim como cerâmica utilitária e artística.

Mas é a cidade de Cunha, localizada a meio caminho entre São Paulo e o Rio de Janeiro, que é considerada hoje o polo da cerâmica japonesa no Brasil. O estabelecimento de artistas japoneses no local começou na década de 70 e, a partir dessa data, muitos outros ceramistas instalaram aí seus ateliês. O português Alberto Cidraes e a japonesa Mieko Ukeseki são os únicos que, do grupo original estabelecido em 1975, ainda possuem aí seus ateliês com fornos Noborigama. A abertura dos fornos em Cunha é uma famosa atração turística e acontece no ateliê Suenaga & Jardineiro várias vezes ao ano. A próxima abertura será realizada no dia 3 de Dezembro.

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