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Incêndios destroem Portugal

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O combate as chamas mais uma vez mobiliza milhares de profissionais e as próprias populações.

Mais 4, 000 profissionais estiveram até o momento no terreno um pouco por todo o país, inclusive na ilha da Madeira, no combate aos fogos que assolam o território nacional, desde o início do mês de Agosto. Ao todo mais de 180 focos de incêndio varreram milhares de hectares de floresta e só para terem uma ideia, na ilha da Madeira, na cidade do Funchal, 150 habitações foram consumidas pelas chamas, existe 3,078 mil hectares(ha) de terreno queimado e há infelizmente três vítimas a lamentar, na Calheta ardeu 28% do seu território num total de 3,200 ha. No Continente, à Norte, um total de 16,660 ha de terreno foram consumidos pelas chamas nas localidades de Caminha, Arcos de Valdevez e Viana do Castelo. Ao centro, em Águeda e Anadia 10,328 hectares foram queimados, o incêndio de São Pedro do Sul lavrou aproxidamente um terço, ou um quarto dos seus 250 quilométros quadrados do seu território e em Arouca, no distrito de Aveiro, foram já mobilizados 831 profissionais e 256 meios terrestres e no total arderam 17 mil hectares de terreno.
O sistema Europeu de informação de fogos florestais (EFFIS) ao analisar as imagens satélite que contabiliza os fogos em tempo real, desde o início do ano até sexta-feira, dia 12 de Agosto, refere que só em Portugal já arderam mais de 101 mil hectares de floresta, o equivalente a 101 mil campos de futebol. Só o nosso país é responsável por metade da área ardida em todos os 28 países europeus que foram fustigados por incêndios florestais este ano. O observatório europeu sublinha ainda que esta média de 2016 ultrapassa as zonas queimadas de 2008 e 2015 que rondaram os 25 mil hectares ardidos, dados que vão ao encontro da tese de doutoramento de Ricardo Ribeiro, que defendeu na Universidade Europeia, em Madrid, na qual avaliou o resultado de dez anos de aplicação do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios como sendo negativo e ineficaz.
"A desertificação é um fator de risco crítico que nunca é abordado. Mas há uma relação direta entre a densidade populacional e a área ardida, os grandes incêndios ocorrem em zonas do interior onde houve um êxodo para o litoral", em declarações à Lusa o responsável, que também é o presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (Asprocivil). E avisou, "o paradigma dos incêndios vai alterar-se dramaticamente, do ponto geográfico e cronológico. É que, esclareceu, com as alterações climáticas, os incêndios vão deixar de ser um problema do verão e vão estender-se também a outras zonas do país, até agora mais poupadas".
No estudo, de mais de 600 páginas, que admite possa vir a ser publicado, defende, como fundamentais, políticas de prevenção e lembra que, em 2013, ardeu em Portugal metade de toda a área consumida pelas chamas na Europa. Uma das causas, adianta, é a "precariedade da conservação das matas", aliada ao êxodo rural, à construção de habitações em locais de risco, aos efeitos das alterações climáticas e à negligência das pessoas. Ricardo Ribeiro propõe que as boas práticas da população seja matéria do sistema de ensino e que deve haver campanhas publicitárias. Os bombeiros devem ter também mais formação e deve criar-se um sistema de incentivos públicos para o ordenamento do território e para limpeza do biocombustível, para a qual deviam ser criadas equipas de intervenção. Apostar na criação de um mercado ibérico de biocombustível, aprofundar a "atuação punitiva", implementar meios permanentes de combate a fogos a partir de março, criar medidas sociais para pessoas até 50 anos, para combater a desertificação, criar incentivos fiscais para fixação de jovens no campo ou apostar na videovigilância são algumas das propostas de Ricardo Ribeiro.
O responsável defende especificamente que sejam criadas equipas de intervenção idênticas às dos combates a incêndios para que atuem no fim do inverno, a criação de medidas de intervenção e prevenção, e que os terrenos junto de estradas e casas sejam efetivamente limpos. "Nesta problemática, há a prevenção, a resposta ao fogo, e a reposição da normalidade. Mas, em Portugal, incide-se especialmente na resposta, esquecendo-se a prevenção e a reposição da floresta", disse Ricardo Ribeiro à Lusa, acrescentando: "Portugal foi o país europeu que menos reflorestou nos últimos 20 anos".
Nem parece que ardem em média cada ano 150 mil hectares de floresta, ou que, em 2013, ardeu quase meio milhão de hectares, lembrou, acrescentando que, entre 2002 e 2013, morreram, devido aos incêndios, 97 pessoas, 51 delas bombeiros. E nem assim, disse à Lusa, há mudanças de comportamento ou há um planeamento eficaz, esquecendo os políticos que, quando "fecham um centro de saúde, estão a estimular as pessoas a irem embora". Os incêndios, como os dos últimos dias, provocam um prejuízo médio anual "superior a duas centenas de milhões de euros", mais outros 200 milhões em prejuízos ambientais e materiais, disse o responsável.

www.lusa.pt
http://forest.jrc.ec.europa.eu/effis/

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