Esta ave migratória foi escolhida como ave do ano de 2011 pela SPEA, uma distinção que visa alertar para a diminuição drástica deste especímen no nosso planeta.
A cagarra pode ser reconhecida pelo dorso castanho, barriga branca e bico amarelo, mas o que o distingue verdadeiramente das outras aves é o chamamento estridente que mais parece o riso de uma hiena que engoliu uma mesa de misturas, é a melhor forma que tenho para descrever o som que reproduzem. Parece brincadeira mas, não é. Só ouvindo se tem a percepção de quão diferente é, já que em nada se parece com o trino de um pássaro. Se duvidam da minha palavra, basta que ouçam o seu “chamado” e avaliem por si próprios, através do link da Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves que se encontra no final deste texto. Continuando.
Esta ave percorre grandes distâncias, ao ponto de passar a maior parte da sua vida voando sobre os oceanos de água temperada e fria. O único período da sua existência em que de facto passam mais tempo em terra é quando decidem nidificar. Todos os anos as cagarras escolhem o mesmo parceiro e põe os ovos na mesma ilha ou rochedo onde se reproduziram pela primeira vez, o que gera uma grande concentração destas aves migratória. Agora imaginem centenas delas a “gritar” ao mesmo tempo.
O território português é um dos seus locais preferidos para este efeito, nomeadamente, nas ilhas Desertas localizadas no Arquipélago da Madeira, as Berlengas e em grandes números nos Açores. Estas aves migratórias chegam aos locais de postura durante o mês de Março onde constroem os seus ninhos numa espécie de toca que é visitada pelos progenitores apenas durante a noite. As criam nascem em Maio e abandonam o ninho em Outubro, sendo o seu instinto animal a ditar a partida para o alto mar.
A distinção da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves veio no sentido de alertar para a diminuição dramática deste especímen, devido a interferência humana e a poluição crescente dos Oceanos, já que estas aves se alimentam exclusivamente de peixes e cefalópedes.