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Uma corrente que salva

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A SPEA (sociedade portuguesa para o estudo das aves) realizou em 2010 um estudo sobre o impacto das linhas eléctricas sobre três espécies de aves marinhas da ilha da madeira, e concluiu que tem um efeito negativo ao nível das suas populações. Um projecto em parceria com a empresa de electricidade da Madeira que já deu os seus frutos e cuja segunda fase prevê agora o enterramento total dos cabos na zona do Caniçal.

Foi feito um estudo para as galinholas.
Cátia Gouveia: O estudo já foi realizado e estava inserido no projecto do impacto das linhas eléctricas em algumas espécies de aves da Madeira. Fizemos uma parte do trabalho no Paul da Serra em que se incluiu os censos das galinholas. A outra parte foi efectuada junto das linhas eléctricas do Caniçal e aí o objecto de estudo foi dirigido para o roque de castro e a alma negra que são espécies marinhas. O projecto já terminou e foi financiado em parceria com a empresa de electricidade da madeira.


Fale-me um pouco das conclusões, há um grande impacto das linhas eléctricas nas aves ou não?
CG: Sim, existem dois tipos de ocorrências que podem surgir das linhas eléctricas, as aves podem morrer por colisão e o problema reside nas espécies de pequeno porte, principalmente em sítios com má visibilidade como é o caso do Paul da Serra, que é uma zona de ventos fortes com bastante frequência e muito nevoeiro, daí a dificuldade por parte das aves em visualizar as linhas eléctricas e acabam por colidir com elas. Na Ponta de São Lourenço, no Caniçal, a questão prende-se com as aves marinhas, são animais que passam o dia no mar e só regressam à noite para a terra e como está escuro tem dificuldades também em visualizar os cabos e acabam por colidir, até porque também se trata de uma zona bastante ventosa. Infelizmente verificamos que estas duas áreas tinham um impacto bastante negativo nestas espécies. No final do projecto sugerimos algumas medidas que pudessem ser implementadas no sentido de diminuir a mortalidade destes animais.


Quais foram as medidas sugeridas?
CG: O ideal sempre é colocar linhas subterrâneas. E nesse sentido, parte da rede eléctrica do Caniçal foi soterrada, dessa forma deixa de ter qualquer tipo de influência. Uma outra medida que pode ser implementada é a colocação de dispositivos nas linhas eléctricas que acabam por emitir luz, ou som, que as ajuda a tornar cada vez mais visíveis e fazem com que as aves não colidam tão facilmente com elas. No entanto, o problema da electrocução para as mantas é uma questão relativamente importante e nesses dispositivos é necessário colocar protectores entre os postes e as linhas eléctricas, porque a electrocução ocorre quando a ave toca em dois fios diferentes, ou entre o poste e o fio e nesse caso é necessário colocar o isolador para que o animal não adquira a carga eléctrica nesses dois pontos de apoio.


Esse impacto negativo põe em causa a sobrevivência dessas mesmas espécies ou não?
CG: Os dados que temos não significam que a espécie se possam extinguir por causa disso, isso não esta em causa, no entanto, a mortalidade que esta associada a este tipo de infraestruturas poderá ter influência nas suas populações. Fizemos este estudo com três espécies que não possuem um estatuto de conservação muito favorável que é a galinhola, o roque de castro e a alma negra e é importante implementar estas medidas, já que, são populações relativamente frágeis e para as quais não temos muitos dados acerca da sua distribuição, então torna-se importante ter este cuidado e tentar minimizar qualquer tipo de ameaça que possa por em risco estes animais.

 

Retomando à questão das vossas sugestões algumas foram acatadas.
CG: Sim, como já referi parte da linha sofreu um enterramento e agora existe um novo projecto que esta a ser implementado, uma nova acção que visa conseguirmos soterrar toda a rede no Caniçal. Em relação, ao Paul da Serra, o enterramento da linha não esta a ser equacionado, devido aos custos, já que possui grandes dimensões, mas a empresa de electricidade esteve receptiva à implementação dos dispositivos nas linhas. Nós sugerimos, mas estamos a aguardar.
As aves que constam deste estudo são migratórias ou sedentárias de certa forma?
CG: As aves marinhas tem uma ecologia diferente das outras espécies, vivem grande parte da sua vida no mar e só vêm para terra no período de reprodução, por isso, não podem ser consideradas migratórias, podemos chama-las de residentes, porque deslocam-se até à ilha no período da reprodução. Durante o resto do ano viajam e vivem no mar alto e não necessitam de terra.

 

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