Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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A criativa itinerante

Escrito por 

 

Catarina Pacheco faz parte de uma nova geração de designers portugueses que se tem vindo a afirmar ao nível nacional, mas sobretudo no panorama internacional, promovendo o conceito de design português. Esta jovem designer procura imprimir aos projectos em que se envolve um cunho pessoal baseado nas suas origens, mas que também assenta numa constante evolução em termos de metódos e materiais.

És quase uma nómada, viajas por diversos países à procura de novas experiências, estagias em muitas empresas. Como é que isso começou? Sempre te sentiste motivada para esse tipo de experiências?
Catarina Pacheco: Começando pelas viagens, sempre tive um enorme gosto por viajar, viajo desde pequenina com a minha família. Quando comecei a estudar design desde logo sabia que queria fazer Erasmus, que é um programa especial para estudar fora por um semestre, foi até à Inglaterra e a partir daí fiquei com o “bichinho” de fazer viagens, trabalhar e ganhar experiência em determinados países. Mais tarde foi estagiar para Suiça e acabei por ficar dois anos, estive em Inglaterra mais uma vez, através da bolsa Leonardo Da Vinci, foi trabalhar para um estúdio de design independente Glithero, mas também tive outras colaborações pontuais, em Paris trabalhei com um grupo chamado Stihl, onde construí mobiliário. Actualmente, trabalho como freelancer e estou entre a Suiça e Portugal, estar fora e dentro faz parte da minha forma de estar.

Como é que isso influência as peças que crias?
CP: Uma coisa interessante que acontece ao estar fora de Portugal percebi como tudo é diferente, o ambiente, o clima, a cultura e quando voltava para o meu país, depois destas estadas eu olhava com muito mais atenção para os materiais, o artesanato e daí ter feito uma da residência artística no Algarve, onde foi trabalhar uma das técnicas artesanais e os materiais locais. A inspiração para cada projecto depende muito, porque isso tem a ver com o meu dia-a-dia, algumas fotografias que tirei, um pormenor num edíficio, ou na natureza e também do sítio onde estou. Mas, tem sempre este olhar de fora para Portugal, tem a ver com as minhas origens.

Então, como imprimes a tua impressão digital como designer? Como é que sabemos que é um produto Catarina Pacheco?
CP: Bem, essa é uma boa questão. Eu acho que estou ainda a construir esta minha identidade em cada projecto que faço, seja pessoal, a partir de uma residência artística, ou de um interesse que tenho, como seja para um cliente, ou uma marca, é uma busca em equipa, através dos materiais ou do público-alvo. Mas, acho que aos poucos essa identidade vai crescendo tem muito na sua origem a ver com os meus interesses, o gosto de usar a cor, as transparências e de trabalhar com as mãos com técnicas artesanais, mas não é algo estanque, vai evoluíndo.

Como tens esta facilidade de estar cá e fora, como encaras o design português em relação ao exterior?
CP: Daquilo que conheço, e comecei a trabalhar na área há cinco anos, eu acho que o design português teve uma evolução muito positiva, ao nível da indústria exportámos cada vez mais e existe já um reconhecimento do que é português, como um produto que é desenhado e fabricado com qualidade. Por outro lado, numa área do design não tão industrial, mas mais ao nível artesanal, de produção própria, o que noto é que há cada vez mais pessoas a fazer colecções muito interessantes e existe uma maior diversidade e isso é muito bom para a área.

Como designer qual é a peça emblemática que te define? Há algum trabalho onde se note que é o design Catarina Pacheco?
CP: Não sei, todos os meus trabalhos me representam e são de uma determinada fase pela qual passei, mas existem uns que são mais marcantes do que outros, por exemplo, foi muito importante para mim o conjunto de máscaras na residência artística no Algarve. O solistice I e II foi um ponto de viragem para o meu design mais de autor. Mas, todos os meus projectos são importantes, porque fazem parte do meu trajecto de transformação e evolução em termos da minha carreira.

Existe algum material mais difícil ou menos apetecível em termos de conceito?
CP: Acho que não. Eu gosto de trabalhar com diferentes materiais, porque cada projecto tem uma história diferente, porque cada material é diferente e trata-se de um novo desafio, mesmo que à partida não o conheça, que tenha de ir a fábrica, ou a um artesão para tentar perceber como funciona.

E há algum destes materias que te surpreendeu?
CP: Sim, um dos que me surpreendeu foi a porcelana, porque quando estive a fazer uma residência na “Vista Alegre” tive uma contacto muito directo com a produção e como nunca tinha trabalhado com este material foi um processo brutal e realmente em termos de forma pode-se fazer quase tudo em termos de porcelana. É incrível.

Em relação aos teus próprios projectos, o que pretendes fazer a médio prazo?
CP: Eu neste momento estou inserida num projecto na Suiça, trata-se de um rebranding de uma marca de produtos biológicos, isto tem mais a ver a parte de design gráfico. Em relação ao design de objectos, estou a preparar uma nova colecção que ainda esta em fase de protótipos, por isso, não posso falar mais.

http://www.catarinapacheco.com/

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