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A estrada de carla

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É um tratado sobre o seu percurso pessoal que germina sob diversas representações artísticas, através de um processo de construção progressivo e limitado ao mesmo tempo. Preso pelo tempo e pela fragilidade física da artista. São olhares que engolem o mundo que ainda esta por descobrir e destrinçar. É a visão de Carla Cabral, a artista.

Como defines esta bio-grafiapresa, é um retorno à infância?

Carla Cabral: É uma auto-biografia, não é uma referência à infância. É todo o meu percurso até hoje. Podemos encontrar neste trabalho todas as técnicas que já abordei, desde que comecei a trabalhar. O desenho, o acrílico, o óleo, as colagens e a instalação de vídeo. É uma mistura muito grande de linguagens e que aborda sobretudo, o eu, o meu percurso.

Uma das obras é uma espécie de diário…

CC: Não me consigo separar das minhas agendas. Andam sempre atrás de mim. Transporto-as comigo desde 1993. Estão presentes nesta exposição algumas páginas que tirei das agendas de 1996 até 2011, que abordam a construção de outras exposições que tive em outros momentos, das técnicas que eram necessárias e os tipos dos quadros. Depois há apontamentos muito pessoais, tem referências a amigos meus. As pessoas mais importantes da minha vida estão ali, estão todas representadas, não me esqueci de ninguém.  Mensagens que me escreveram e que escrevi. Não sei se reparaste, existe um trabalho com frasquinhos. Foi feito pelas 39 pessoas que me conhecem, pedi que escrevem-se uma palavra que me definisse, com a ajuda delas construi meu auto-retrato.

Reparei nas gaiolas abertas e fechadas. O que simbolizam?

CC: É por isso que se chama biografia presa. Tem a ver com o meu percurso de vida. O meu eu. Estou presa, por causa de uma doença. É a minha gaiola.

Nesta exposição verifico que usas diversas técnicas. É uma constante na tua obra?

CC: Esta é a primeira vez que uso todas numa única exposição. Já as usei em outras alturas. Propôs-me fazer de novo todas as técnicas. Fiz também instalações, para poder reunir uma auto-biografia, a partir de um vídeo caseiro em que tinha cinco anos até aos 40 anos. Tem todo esse percurso.

Porque agora? É uma depuração? Achas que já atingistes a tua maturidade como artista?

CC: Não, não. Estamos sempre a aprender. Cada vez que me deparo com um problema começo um novo trabalho. É um pouco a saudade daquilo que construi durante muitos anos e que abordo agora no presente. Não é uma depuração. Eu sou muito espontânea. Eu não faço esboços, por exemplo, também não tenho registo nenhum em imagens. Simplesmente faço. Vou logo para a tela. Não há uma construção daquilo que vou fazer. Tem uma depuração ao nível da reflexão, de tudo o que fiz até hoje, tudo o que sou como artista. É para continuar.

Como serás daqui a 40 anos como artista?

CC: Quero ser o que sou agora. Quero estar a descobrir coisas diariamente, técnicas novas, figuras que me encantam que saem da minha cabeça. Quero continuar a trabalhar.

As figuras são importantes na tua obra?

CC: Sim, são muito importantes. Não consigo fazer uma paisagem, nem uma natureza morta.

E aqueles olhos?

CC: São os meus, são olhares tristes, alegres e doidos!

São olhares que engolem o mundo?

CC: Sim e vocês também! (risos)

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