Essa periferia não teve nenhuma influência, já que estão fora dos centros urbanos onde os movimentos acontecem?
RP: Eu penso que não, sempre fomos tendo trabalho. Fomos crescendo em novos clientes e novos trabalhos. Não sei dizer se estivesse em Lisboa se teria mais projectos, até porque a localização hoje é insignificante, posso dizer-lhe que o meu melhor cliente é dinamarquês. Quando se trabalha com um artista estrangeiros até se pode estar em Badajoz que não faz diferença. Os meus maiores trabalhos de esculturas estão nessa localidade, um dos escultores que me dá mais trabalhos é do Algarve. O que conta é a nossa forma de estar e de trabalhar, não a localização.
Os estágios artísticos é outra das vertentes da mão de fogo, como é que isso acontece?
RP: Decorre porque alguns escultores manifestarem interesse em serem eles próprios produzir a peça, meter a mão na massa, até porque o bronze é um material caro, temos de reconhecer isso, sem contar com a mão-de-obra. Então em conversa com os artistas, surgiu a ideia de em vez de vender o trabalho terminado, o escultor às vezes sabem fazer uma cinzelagem, ou um molde de silicone que são algumas etapas da fundição, então porque é que os artistas em vez de ter o produto final, porque não com a nossa ajuda e utilizando os nossos instrumentos criar uma peça acabada em bronze muito mais barata?
Qual a peça de arte que trouxe mais desafios a vossa equipa?
RP: A peça que mais desafios trouxe é muito difícil de nomear, ao contrário do que se possa pensar não são as peças grandes, embora haja mais logística, muito pessoal, muitas matérias-primas e uma grua. Lembro-me de uma peça do Pedro Vasconcelos em aço inox, com fundo normal, que teve bastantes desafios técnicos, aliás foi por causa dela que começou a minha relação com a alfa arte, desde arranjar a resina para o molde de silicone, a fundição, tratava-se de uma peça com cerca de 70 cm de altura. Outro era um trabalho do Sérgio Taborda, uns pisa-livros pequeninos com uma parte em branco, fazer a peça não foi difícil, mas realizar a parte em branco que depois ao toque agarrava-se na peça isso já foi complicado, podia-se pintar a peça com uma tinta de spray normal, mas não, tinha de ser um branco químico. Não tenho uma peça em particular, mas as mais pequenas dão sempre mais trabalho e preocupações.
Já completaram dez anos de existência, qual o balanço que faz?
RP: O balanço é positivo, espero continuar nesta área por mais dez anos. Não estou arrependido, tenho óptimos artigos, fiz muitos amigos e muitas das pessoas que trabalham comigo estão satisfeitas. As crises vão e vem e nós cá estaremos.
Num país onde não se valoriza as artes, vocês lidam com artistas e estão numa área artística, é difícil?
RP: Não é fácil, mas como a nossa estructura é mais pequena, torna tudo mais fácil. Eu tenho a noção que no projecto alfa arte, que é maior para eles é tudo muito mais difícil. De facto não se valoriza as artes, tenho imensa pena, mas é o país que temos. São muitas vezes os agentes culturais que se têm de valorizar a eles próprios.