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A provocadora

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Rita Melo explora um universo artístico dualista. Alia o humor e a ironia aos seus quadros, pintando personagens que são de certa forma antagónicos. Criando um mundo em grandes dimensões, o seu. Onde tudo é permitido e nada é profano. Uma duplicidade permanente que permite jogar com a realidade. Pinturas ultra(passadas) que podem ser vistas na galeria Serpente, no próximo dia 5 de Novembro.

O teu trabalho é de certa forma irreverente. Tem sentido de humor, isto sem falar das grandes dimensões dos teus quadros.

Rita Melo: O humor e a ironia são dois conceitos que me importam explorar muito no meu trabalho. As telas grandes começaram ainda na fase académica, onde podia explorar os materiais. Encarava isso quase como uma performance, embora não possa dizer que seja isso. É um acto de criar espontaneamente, livremente e de extravasar principalmente em grandes formatos. O impacto cria-nos uma sensação de ser algo maior e de grande dimensão, mas por uma questão de dificuldade no transporte, comecei a trabalhar em formatos mais pequenos.

É difícil criar em grandes escalas? Recordo-me que chegastes a pintar grandes murais.

RM: Não é muito. A pintura sempre esteve muito presente na minha vida, porque o meu pai é pintor, a minha irmã também é pintora. Em termos de técnicas, pintar com grandes dimensões nunca foi muito difícil, se calhar por isso, por estar desde criança envolvida nesse meio.

Outra das áreas onde estás presente é no teatro. Fala-me um pouco do projecto menina de pedra.

RM: O meu trabalho foi como ilustradora de um livro. A menina de pedra é um bailado interactivo com direcção musical do Jorge Salgueiro, argumento do João Aguiar que foi produzido pelo foco musical. É um bailado para crianças em que a música está sempre presente e em paralelo existe um livro, que foi convidada a ilustrar. Os personagens, as figuras do livro e o figurino foram os mesmos que foram utilizados no bailado. Foi um projecto muito interessante, porque juntou vários artistas de diversas áreas, desde a dança, a literatura, a música e a ilustração, por isso gostei muito dessa participação.

Outra das vertentes que exploras é a fotografia. Onde é que esse aspecto se encaixa na tua vida artística?

RM: Eu tive formação nessa área em termos académicos. A fotografia é muito importante para o meu trabalho de pintura, porque todas as personagens que pinto são fotografias tiradas por mim. Ando sempre à procura de pessoas que me interessam. Depois tenho que ter uma relação pessoal com o indivíduo que é fotografado, porque preciso de expressão e isso requer intimidade. Tive que me adaptar e acaba por estar sempre presente na pintura. Depois também fiz alguns trabalhos de fotografia de cena, num projecto do Cast Palmela, que era uma rampa para ti, em que fotografei esse espectáculo.

Quando escolhes as pessoas para pintar, tens em consideração um traço definido? Ou interessastes pela pessoa que é?

RM: Eles acabam por ser actores. Há sempre alguma coisa nelas que me cativa, que me interessa para poderem fazer essa personagem. No fundo, não vai ser a Maria no quadro, vai assumir um personagem conforme as minhas indicações e o projecto em si também canaliza essa personalidade. Ela toma um outro papel, o de actriz na pintura. Mas, existem de facto, determinadas características que acho interessantes. Ou porque tem marcas das tatuagens, ou porque são velhinhas, tem rugas e tem uma pistola na mão, que as remete para um outro universo.

Nunca quisestes explorar outras vertentes da arte, como sejam a escultura ou mesmo instalações?

RM: Interessa-me explorar bastante isso, mas estou mesmo vocacionada para a pintura. Depois, tenho estes pequenos projectos de ilustração e fotografia. Tenho algumas esculturas e instalações, mas não me identifico muito com elas, é mais como um processo, como experimentação.

Estas a desenvolver algum novo projecto neste momento?

RM: Estou a preparar uma exposição para a galeria Serpente, que fica na Rua Miguel Bombarda, no Porto e vai ser inaugurada dia 5 de Novembro. É uma mostra muito importante, porque mudei um pouco o meu trabalho, está dentro da mesma linha, mas fiz algumas inovações e estou curiosa para saber como vai ser o resultado.

Quais são essas inovações?

RM: Em termos clássicos acentuei mais alguns traços. O tema unificador da exposição é pinturas ultra (passadas). Pretendo mostrar duas dualidades, dois universos diferentes.

http://rita-melo.blogspot.com/

www.galeriaserpente.com

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