A tua temática preferencial é a cidade. Participas também em eventos de arte urbana. Esse aspecto da tua obra, resulta do facto de te sentires mais à vontade neste meio? É mais fácil de ilustrar do que a natureza? É isso?
VT: Eu crio muito do que se passa à minha volta, se estivesse no campo, possivelmente faria intervenções nas arvores ou passava dias a desenhar passarinhos. (risos) A arte urbana veio por acaso, o "boom" do graffiti e street art ajudou-me a entrar mais facilmente nessa area. Devo confessar que gosto do desafio de criar em grande escala e ter um público mais vasto do que só a pessoa que me pede a ilustração.
Gostas muito de caricaturar figuras publicas, qual delas é a tua preferida e porquê? Qual foi o desafio, por detrás dessa ilustração?
VT: Por acaso só o fiz duas vezes, a pedido da minha antiga escola (ar.co) para a revista Cais (Luis de Camões) e para o centenário do nascimento da Beatriz Costa. Prefiro criar personagens novas do que "replica-las".
Qual foi dos teus trabalhos, aqueles que achastes que ficastes áquem do que consegues fazer?
VT: Ui...tantos, é o problema em ser perfecionista. Acho sempre que consigo fazer melhor. Não vou falar em um em específico, pois apesar de poderem ter sido mais trabalhados, fazem parte da minha evolução e crescimento como artísta.
Tens uma preferência notória por rostos femininos, porquê? As faces e corpos masculinos, em termos artísticos são menos atraentes? É isso?
VT: Muitos dos meus trabalhos são bocados da minha vida, entre auto-retratos e desabafos emocionais, admitindo também que a mulher é algo sempre bem mais interessante de desenhar. "girls rule, boys drule" ! (risos)
Recentemente, fizestes um leilão das tuas obras, explica-nos o que houve por detrás dessa iniciativa? O que te levou a isso? Excesso de trabalhos em casa, ou achastes que te daria mais visibilidade como artista?
VT: Sim, fiz um pequeno leilão na minha pagina do facebook. Saí do estúdio onde trabalhava e voltei a trabalhar por casa. Não tinha a noção da quantidade de trabalhos que tinha até ter tudo em casa. Por isso pode-se dizer que foi um misto de "preciso de espaço em casa" e vender peças a preços mais simpáticos nesta altura da "crise", em que cada vez mais é impossível investir em arte. (E não vale ir ao IKEA comprar aquelas telas impressas)
Tu dominas a ilustração. Já pensastes em utilizar outros meios artísticos, ou mesmo outros materiais, papel marché, por exemplo?
VT: Não querendo parecer modesta, mas ainda sou uma criança no mundo da ilustração, pode parecer que não, talvez por me focar muito no mercado português que nesta área ainda tem muito para crescer. Mas voltanto à questão, sim quero espalhar a minha bonecada pelo maior numero de suportes possíveis. Estou a preparar um projecto onde vou transpor os meus desenhos para suportes novos e diferentes, mas mais não posso revelar.
Quando e onde terás os teus trabalhos expostos no futuro? E qual o tema da mostra?
VT: Depois da última exposição que fiz no bairro alto com a Eastpak, percebi que, ou eu adapto me a um mercado mais "fastfood" que investe pouco, mas quer muito, ou vou ter de expor fora de Portugal. Infelizmente ainda não há uma valorização, um investimento em peças únicas de autor. Ainda no outro dia pediram me um orçamento para uma peça que acabou por não ir para a frente, pois a resposta foi "para isso faço uma viagem". São outro tipo de prioridades...Ou então sou eu que estou a bater às portas erradas! Próxima expo: Berlim!