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Depois da bonança surge a tempestade

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Ventanias de Rui Carvalho explora a espontaneidade e a calma das situações adversas. A ideia subjacente é manter o calculismo no meio de uma ventania, de uma tempestade. De exorcizar os demónios que não gostam de papel. De cultivar a criatividade gráfica inspirada no quotidiano, nas memórias da juventude perdida, mas não esquecida. Do homem. Do artista.

A exposição “ventanias” esta povoada de personagens, o que é que simbolizam?

Rui Carvalho: Foram escolhidos ao acaso, não tem simbologia certa. Foi a espontaneidade do assunto, quando os desenhei estava numa fase, não muito boa, cada dia ia pegando num tema através do jornal, tinha que me desenrascar porque o trabalho tinha de ser feito, às vezes a inspiração não surgia, tinha de sacar imagens e motivações do dia-a-dia e assim aquela hora passava.

Inspirou-se em notícias que leu?

RC: Aquelas personagens são praticamente que tirei da imaginação e também tive modelos, que não desenhei tal e qual. Usei a imaginação, através do modelo. Por exemplo, a base era uma fotografia, da realidade imaginei outra coisa.

Então o que representa este mundo?

RC: É um mundo baseada na BD underground. A base é essa, os anos oitenta, mas que assenta num trabalho gráfico. Transformei a banda desenhada que era aficionado num trabalho gráfico.

Quais os autores que o inspiraram?

RC: Todos. Um dos autores que conheci em Lisboa foi o João Afonso Santos e ainda outras personalidades que entravam nessa mesma linha, por exemplo, o Rigo, mas nessa altura não eram só eles, na Europa eu conheci pessoas que faziam o mesmo.

São referências então para este trabalho…

RC: Não, são influências. Nós somos da mesma geração, tenho actualmente 46 anos, na altura dos vinte e cinco anos e tínhamos entre todos um convívio brutal.

Porquê só agora foi buscar este tema da juventude e transpô-lo para a exposição?

RC: Este foi apenas para esta exposição, mas eu faço outras coisas clássicas. Lembro para sempre. É a minha maneira de trabalhar. Ficou na alma, eu gosto de trabalhar assim. Posso mudar de um momento para outro. Ficou gravado.

Nota-se que é uma palete muito escura.

RC: Isso tem a ver com a fase em que o artista se encontra. Pode ser menos boa. Tenho de trabalhar e tem de ser feito, as vezes a depressão encaminha-me para as cores escuras. Quando estamos mais alegres e a vida corre mais ou menos bem, as cores retornam.

Os demónios interiores ficam impressos na tela é isso?

RC: Eu não acredito em demónios, eles estão exteriores. Saem e não entram mais. Os demónios precisam de carne, de pele. Do papel não gostam de certeza absoluta. Fogem. Eles gostam é de metal. Dinheiro. (risos).

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