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Levantamento cromático

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É um trabalho de campo desenvolvido pelo jovem artista plástico Miguel Ângelo Martins. Trata-se de um estudo sobre tintas mas sem pintura sobre tela, confuso? Vá ver e tentar perceber até o dia 4 de Outubro na galeria dos Prazeres.

Decidiste fazer uma exposição após um trabalho de campo sobre os Prazeres.
Miguel Ângelo Martins: Sim, estive cerca de um mês, já tinha estado cá nos Prazeres no ano passado, porque acompanhei uma artista e depois comecei a pensar sobre este espaço e as pessoas. Como o meu trabalho esta aliado à pintura pensei que poderia associar esta arte à aplicação da cor que esta nas paredes da casas e fui um pouco por aí. Iniciei este estudo fotografando as habitações que me pareciam mais evidentes ao nível da cor e depois comecei a catalogá-las e foi ao terreno fazer uma mistura in sitium.

Fostes catalogar as cores no respectivo espaço?
MAM: Não catalogar, foi até essa casa e levei comigo as cores primárias e localmente fiz a mistura e a apliquei directamente, foi por insistência até obter a tonalidade das paredes da respectiva habitação.

Apresentas também mapas topográficos, porquê tiveste esse cuidado de apresentar os imóveis na sua localização correspondente?
MAM: Porque me parecia interessante poder ter essa cor guardada como um testemunho para o futuro de forma a saber que cores se utilizavam nas paredes. É um pouco como recuperar o património dos Prazeres. As casas desta zona estão em decadência e havia muitas das paredes que já haviam perdido a cor com o tempo, eu assim pude recuperar essa memória.

Disseste também que este levantamento cromático tem vindo ao encontro de um trabalho que tens vindo a desenvolver sobre a cor.
MAM: Não sobre a cor, mas sobre a pintura. A relação com o quadro e as peças que são usadas na sua concepção, como a tela e o vestidor. O que faço é pensar sobre a pintura e não usá-la como um meio para criar algo, ou representá-la com profundidade no próprio suporte bidimensional, mas dou importância à pintura, não é apenas um quadro, ou uma superfície é também um aglutinante e um pigmento. Com essa parte líquida é que tento criar diálogos.

 

Uma desconstrução é isso?
MAM: Sim, pode ser uma desconstrução do quadro, que uso para criar outras linguagens e contextos dentro dessa temática.

Porquê aqui nos Prazeres?
MAM: Porque tinha de estar envolvido com a população. Este é um projecto que une essas duas partes, da minha a pintura e a outra, que é esta zona e tentei aliar estas duas vertentes.

Então como fazes essa junção com o património e a etnográfia?
MAM: Em muitas dessas casas tive que ir ao local, expliquei o que vinha a fazer e os proprietários muito amáveis deixaram-me entrar e quase fazer uma perfomance de misturar as cores e eles muito admirados pergutaram-me porque estava a fazer isso e eu expliquei que era muito importante pelas tonalidades que se iam perdendo, por isso, decidi recuperar essas cores que se iam perdendo.

O que retiraste deste trabalho de campo e desta exposição como artista? Em termos de reflexão do que próprio percurso como artista, o que levas contigo?
MAM: Sobretudo experiências, foi um mês muito intenso. Levo muita coisa, mas não consigo explicar.

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