O que ficou patente na sua viagem pelos “outros prazeres”?
Helena Sousa: No meu caso foi um diário gráfico interior e exterior. Foi uma viagem pelos Prazeres. Começámos pelo passeio a pé e este foi o mote para explorar outros prazeres. São percursos que dão continuidade a minha expressão artística e que estão no papel, através do desenho essencialmente. Em termos exteriores, expressei pequenos prazeres do quotidiano, da vida.
Isabel Natal: Foi uma viagem felina. (risos) Eu gosto muito de animais, mais de gatos. Na altura peguei no caderno, sentei-me e comecei a observar o que estava à minha volta, vi as minhas gatas a dormir e pensei perfeito. Desenho e pinto muito, mas é muito raro na minha obra desenhar gatos, por isso decidi fazer uma viagem felina. Foram mais colagens devido ao suporte ser muito fino e fiz outras técnicas. Foi uma brincadeira, um trabalho lúdico. Levei algum tempo a faze-lo, mas todas as vezes que pegava no caderno entusiasmava-me cada vez mais. Também comecei a escrever sobre os gatos, fiz uma pequena pesquisa. Pensei, não vou por gatos de qualquer maneira, tem de haver mais conteúdo e encontrei coisas muito engraçadas sobre estes animais.
Renato Barros: A minha viagem foi a parte intimista de olhar para as pessoas. Há a apetência do desenhar, do pintar. Depois existem aqueles rostos que não consigo pintar mesmo. E nesta agenda fiz o registo de pessoas anónimas, que iam passando por mim e que ficaram registadas.
Martinho Mendes: Abordei no diário esta questão que é muito madeirense, se calhar há umas décadas atrás, em que as pessoas tinham nas suas casas canteiros com plantas antigas. Então, decidi mostrar essa relação, essa vontade de cuidar os jardins domésticos. Acabo por explorar estas flores mais tradicionais, as metáforas e a própria simbologia associadas a elas. O “coração” neste canteiro da Galeria foi o mote inicial e fiz uma comparação, se existe ou não uma fruição da natureza e os elementos naturais nas obras de artes. A partir desse binómio estabeleci uma comparação com algumas exposições deste espaço que abordava essa mesma temática. Faço uma referência ao trabalho de uns artistas italianos que foram buscar essas referências locais e nas redondezas, através de desenhos e culturas que foram expostos na Quinta pedagógica aqui ao lado. Abordo também à Lourdes Castro que além de ter um conjunto de trabalhos que identificam algumas fases da sua vida, tem uma série de obras dedicadas ao herbário e aí vemos como uma artista através da análise atenta da natureza, pode plasmar através das suas sombras essa temática tão regional. Nesse dia até, estava a decorrer a festa de nossa senhora das neves, onde víamos a ser loteados vasos com essas plantas em forma de coração e os tapetes de flores. Há sempre uma ligação forte com as plantas, que só um olhar atento consegue vislumbrar o quanto é importante para a vivencia regional. Portanto, acabo por fazer essa exploração, que é um pouco teórica, devidamente documentada, através de um trabalho fotográfico que nasceu de uma residência artística onde identifiquei outras casas com a mesma arquitectura tradicional como esta galeria. E ainda, outras plantas, outros “corações”, espécies de begónias e fiz essas associações.
Alexandra Carvalho: A viagem do diário gráfico é pelas minhas figuras. Mais, daquelas que habitualmente faço e que tem características muito particulares. Falo de bichos, todos eles tem uma peculiaridade. São os olhos que viajam de figura em figura e também se reflectem na bicharada. No fundo retratam os prazeres deles e o prazer que temos com eles e que também nos dão no fundo.