O teu trabalho tem uma mensagem para o público em geral. Queres choca-los, faze-los pensar é isso?
A: Como disse antes, mais do que fazer as pessoas pensar, gostava que estas questionassem, o que vêm e o que sentem. Tento que o meu trabalho desperte isso nas pessoas, já que cada vez mais somos absorvidos pela sociedade do consumo e do medo.
Como escolhes o tipo de intervenção que fazes? Surge primeiro uma ideia, ou tens esse percepção apenas quando encontras esse espaço, essa área e aí tens a noção de como o vais executar?
A: Tem os dois lados. Pode surgir numa noticia, que necessita de uma intervenção por ser tão ridicula, como pode ser o espaço a "falar" e a pedir para ser modificado. O espaço é público e por vezes com tantas regras, que parece privado. Se não o usarmos, deixará de servir-nos.
Utilizas vários meios e objectos do quotidiano, como computadores por exemplo. Já pensastes em usa-los em outras plataformas, como por exemplo, numa mostra, ou uma exposição?
A: Já o pensei mas ainda não se proporcionou. De qualquer maneira, tudo é válido.
O teu anonimato é muito importante porquê? Tu nem assinas os trabalhos. Tens medo que te julguem?
A: O anonimato é importante para conseguir ter alguma margem de manobra, este dará algum jeito se quiser fazer algo mais extremo. Para além disso, o meu nome não interessa para nada mas sim a mensagem que estou a tentar passar. Não tenho medo e tão pouco me interessa que me julguem. A sociedade tem esse problema, foca-se mais no mensageiro do que na mensagem.
A palavra é o teu veículo preferencial para criar uma mensagem? Já pensastes em usar outras?
A: A palavra é um dos meios, mas o espaço público é o local de preferência.
O que te inspira? E quem são as referências do meio que te influenciaram a fazer este trabalho?
A: Inspiro-me em Portugal e na sociedade. Se tiver que apontar alguma referência do meio, o artista inglês Banksy mas hoje em dia, qualquer artista que trabalhe na rua. O controlo e a repressão são cada vez mais usuais e qualquer artista que trabalhe com isso, é inspirador.
A quantos anos fazes isto e como tudo começou?
A: Acho que começou há uns 7 anos, depois de descobrir que o graffiti tem várias vertentes e que este podia ser mais divertido e interventivo.