Como te diferencias em termos de outros designers que existem num mercado tão competitivo como o teu?
RV: Enquanto designer tento que os meus produtos sejam genuínos e que transmitam os valores de funcionalidade e de estética que defendo. Tento ser original á minha maneira, faço bastante pesquisa para que isso aconteça, o que é importante, porque o que me distingue da concorrência é o resultado do meu trabalho, o que me distancia do resto, são os meus produtos. De qualquer forma, a "originalidade" a que me associo, não tem que ser complicada, nem fazer uso de materiais high-tech, a inovação está em pegar em formas que a princípio nos são familiares e transforma-las em algo novo e inesperado. Eu oriento-me segundo a minha filosofia de simplicidade, gosto da geometria básica que me possibilita criar objectos que se enquadram bem em qualquer ambiente de forma neutra, sem provocar grandes contrastes com os espaços onde as pessoas pretendam inserir os meus produtos. Gosto de materiais "tradicionais" como a madeira, a cerâmica, a cortiça e o vidro, materiais com que as pessoas se sintam bem ao usar e que saibam como as manusear e as manter. Não sei se respondi à questão do que me distingue dos outros designers, mas esta é realmente a minha filosofia criativa e comercial.
Há alguma peça que seja mais impossível de inovar? Ou pelo menos mais seja mais difícil?
RV: Uma peca difícil de inovar? Não. Hoje em dia penso que os milhões de designers espalhados por todo o mundo inovam diariamente nalguma peça que usámos no nosso quotidiano. Qualquer peca que possa imaginar tem potencial para inovar! O que é preciso é ter a ideia de pegar nessa peça, seja ela qual for, reflectir acerca do seu potencial e dar-lhe uma roupagem mais actual. Inovação é algo que está sempre implícito á medida que a humanidade evolui.
Existem diferenças entre os mercados alemães e portugueses?
RV: A diferente que existe entre estes dois mercados é que na Alemanha o país tem uma cultura industrial muito grande e a importância do papel do designer é desde décadas reconhecida. Aqui é muito fácil trabalhar com os industriais e as empresas estão constantemente abertas a investir em coisas novas e a colaborar com designers. Existem também muitos eventos de design de renome internacional, sente-se que a produção é bastante fomentada. A localização geográfica possibilita também a deslocação de designers e de gente interessada nesta matéria, por isso penso que na Alemanha as condições para vencer neste campo são bastante favoráveis, o mercado também é muito maior que o mercado Português e cria mais oportunidades de negócio. O público Alemão é diferente do Português. Estamos a falar de mentalidades, culturas e de hábitos diferentes, e o clima é também muito diferente. Na Alemanha o frio faz com que as pessoas passem mais tempo dentro de quatro paredes, as pessoas investem mais no conforto dos espaços interiores, da mesma forma que os países escandinavos, em que o design é superdesenvolvido. Em Portugal o clima quente e ameno faz com que as pessoas estejam mais tempo fora de casa, e que não haja um cuidado tão acentuado em decorar ou em investir em design de qualidade para interiores. Mas atenção, não estou a generalizar.
Que tipo de pessoas gosta mais do teu trabalho?
RV: No meu caso, penso não ter um estereótipo de pessoa que gosta dos meus produtos..., porque tudo é simplesmente uma questão de gosto, mas gosto de ver como todo o "tipo" de pessoas aprecia o meu trabalho, cada um à sua maneira. Desde os mais aos menos jovens. É exactamente isso que aprecio. Gosto de ver como toda a gente, para além de fronteiras culturais, sociais ou de geração, sente as minhas criações e percebem a mensagem que tento comunicar.
Como encaras a tua profissão em termos de futuro?
RV: Penso que em termos de futuro, não tenho de me preocupar com a minha profissão, futuramente o mundo do design vai continuar a desenvolver-se. A minha teoria é que a produção vai continuar a existir sempre que haja indústria. Pessoalmente, para o meu negócio, espero continuar a impressionar e a inspirar os meus clientes. Desde que mantenha o meu espírito criativo, o meu capital, penso ter o futuro assegurado.