
Foi fundada em Outubro de 2010, e é sobretudo um conceito,
um modo de estar e de pensar mobiliário, espaços e ambientes, o Tiago Rodrigues falou da marca que estara presente na casa ideal da FIL Lisboa, de 11 até 16 de Outubro.
Como é que surge o projecto puro cal?
Tiago Rodrigues: O projecto surge, porque estávamos à procura de peças para um trabalho de design de interiores e não encontrávamos nada no mercado português. Nenhuma peça correspondia as nossas expectativas dai a ideia de montar uma marca, que é mais do que isso é um conceito onde tentamos reunimos um conjuntos de peças de varias originais e variadíssimas que reflectem o nosso life style.
Então qual é esse life style que define na vossa marca?
TR: A ideia é ter sempre peças que tenham uma história para contar, que tenham um percurso de vida e algum simbolismo, peças com alma. Ao atribuirmos-lhe uma nova vida, forma, ou cor, ou ainda ao coloca-las num determinado espaço criámos um conceito em torno dessa peça. Tem sobretudo a ver com histórias.
A pouco quando referiste que tiveste alguma dificuldade em encontrar peças, objectos, no mercado nacional, então quais eram essas carências?
TR: As carências que denotámos foram sobretudo uma boa relação qualidade-preço em várias peças ao nível de mobiliário e decoração. Quando encontrávamos uma peça ou era demasiado cara, ou se fosse muito barata também não a queríamos. Não era um detalhe em particular que procurávamos, não era por aí, mas era essa falta de sintonia.
Como designers sentiste alguma dificuldade ao apresentar as tuas peças originais em encontrar os parceiros certos?
TR: Sim, nos enfrentámos muitas dificuldades a esse nível. As empresas maiores só querem produzir em grande escala, o que para nós é um contra, queremos objectos em pouca escala e depois havia empresas que impunham limitações, porque queriam faze-las á maneira deles e nós como temos uma marca e temos que preservar a nossa visão e qualidade por vezes era difícil encontrar o parceiro que se disponibilizasse a fazer as coisas como idealizámos e projetámos.
Essa resistência que ainda subsiste por parte dos empresários é motivada pelo facto de serem portugueses, ou porque subsiste a mentalidade de não dar a devida importância aos designers?
TR: Eu acho que o principal factor de resistência é o facto de não querermos produzir em quantidade e isso é um contra para a maior parte dos industriais. Dá-nos custos muito elevados que encarecem demasiado as peças. O outro contra que notámos é que as pessoas, ou a gestão que esta a frente destas empresas tem a ideia errada do que é isto do design. Acho que ouvem falar muito sobre o assunto, mas não tem consciência do que é bom e quantos tipos de design existem e as tendências do mercado. Os industriais andam muito atrás uns dos outros, ou seja, se uma marca tem muito sucesso, os restantes copiam e fazem a mesma coisa e quando aparece alguém que quer fazer algo diferente aí encontra-se muita resistência.
Agora vamos falar das uma das vertentes da pura cal, o que inspira para criar as vossas peças originais? Qual é o vosso processo criativo para um determinado público.
TR: Não há propriamente um fio condutor entre as peças, o que queremos é que sejam originais. Acho que o ponto em comum entre elas é que conte uma história passada ou futura. E aí à inspiração surge de algo que vemos, ou de um material.
Vocês tem outra componente é a recuperação de peças antigas, ou velhas que as pessoas por norma jogam fora, esta foi uma vertente que surgiu desde o principio do vosso conceito?
TR: Sim, é um complemento. Temos uma pessoa que possui uma peça antiga, mas já esta descontextualizada e pretende um novo contexto, nós criámos uma nova história. Depois há uma outra componente que é termos uma peça única e original num valor muito baixo, uma boa relação qualidade-preço, ou sela, o que uma pessoa não quer, nós reutilizamos. Quem compra a peça é única e irrepetível, ao mesmo tempo tem uma vertente, não diria ecológica, mas social, por não haver desperdício. Uma das questões com que nos deparamos é que estas peças que as pessoas não dão muito valor são extremamente bem-feitas e com materiais nobres. Em vez de as reaproveitarem compram materiais como o MDF e contraplacado para jogarem fora móveis em madeira maciça e talhadas à mão e isto é um contrassenso no mercado que nos tentámos de alguma forma reverter.
Quem é o cliente que adquire ou se identifica com a pura cal?
TR: O nosso público sobretudo bastante urbano e jovem. Pessoas que por vezes não tem grande capacidade económica, mas entendem as nossas intenções, o que pretendemos com as peças e com o nosso life style.
Qual é o próximo objectivo da marca? Agora estão da FIL em Lisboa.
TR: À medio prazo é continuar a lançar algumas peças e conquistar mais público. Vamos também no início do próximo ano apostar em alguma internacionalização.