Paulo Brito é um artista auto-didacta que se dedica à escultura. Moldar a pedra é uma arte que o fascina e cujos trabalhos apresentou numa pequena exposição, no centro de arte de Caravel, com o título de “rotação”.
Porquê a escolha do título para esta exposição?
Paulo Brito: Foi mais por causa desta peça, acho-a interessante e as pessoas gostam muito dessa obra, por isso, decidi chamar esta exposição de “rotação”.
É também para mostrar o trabalho que fazes na pedra?
PB: Sim, nesta exposição tenho estes trabalhos, mas havia outras obras que não pude mostrar por causa da dimensão e do próprio espaço. Estas obras são mais abstractas, embora, também aborde o figurativo, não ligo muito ao estilo artístico, aquilo que surge é o que faço.
Trabalhas sobretudo a escultura, qual é o teu material de preferência?
PB: Eu trabalho essencialmente com a pedra, porque é um grande desafio e exige muita paciência, muita concentração.
Mas, trabalhas vários tipo de pedra?
PB: Nesta exposição, não. Uma das peças exposta faz parte da minha colecção privada, é só mesmo para mostrar as surpresas que surgem quando trabalhámos a pedra, foi uma encomenda pelos 500 anos do Campanário e sem querer encontrei um fossíl, então achei interessante e deixei visível para que o público pudesse ver as surpresas que surgem quando trabalhámos a pedra.
Também possuis alguns trabalhos de pedra vulcânica. É uma pedra difícil de trabalhar?
PB: É um material complicado trabalhar este tipo de pedra, porque é rija e muito abrasiva. Ela queima muito o material com que trabalhámos. Temos de ter instrumentos específicos para poder trabalhá-la.
Queima as mãos é isso?
PB: Não, é uma pedra abrasiva para com os materiais, as ferramentas de trabalho que usámos, elas tem um nível de desgaste muito elevado.
E das peças que mostras qual é a tua preferida?
PB: Não tenho preferência, a pedra é que me leva a idealizar uma peça.
Quando fazes uma escultura como começa o processo criativo? Olhas para uma pedra e surge-te uma ideia?
PB: Sim, é mais ou menos isso. Depende. Às vezes penso já numa peça e quando a vou colocar em práctica, entretanto, vão surgindo outras ideias, vou desenvolvendo o conceito a medida que corto a pedra.
O que te inspira?
PB: Não vou buscar inspiração, nem nenhum lugar específico.
Saís em busca de pedras e há as que te chamam mais à atenção?
PB: Sim, tem alguns materiais que me chamam mais do que outras pedras.
E em relação aos materiais que não são comuns na ilha?
PB: Umas vezes encomendo, outras vou até um armazém que existe na ilha que possui pedras e falo com eles, são os meus fornecedores. Eles até deixam-me trabalhar nesse espaço nas peças de maior porte, as mais pequenas consigo desenvolver em casa.
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