
A Koollook é uma marca de jóias que associa o antigo ao futuro. Uma visão retro-futurista da sua criadora, Ana Magalhães, que se reflecte em peças com engrenagens mecânicas muito originais.
Reparei que nas suas colecções se inspira no retro, no gótico, o cyberpunk e no estilo vitoriano, porque a escolha desses nomes?
Ana Magalhães: Todas têm um elo comum, são estilos revivalistas. Pretendem associar o passado com o futuro. Criar uma proposta retro-futurista. Como se fosse um avião a funcionar a vapor. É inspirado na era vitoriana, no século XVIII, nessas engrenagens que transpomos para os nossos dias. Ou seja, em vez de computadores com chips, seriam com engenhos mecânicos. A edição vintage procura enaltecer o revivalismo, tem tudo muito a ver com o espírito de épocas passadas.
Reparei que utiliza por exemplo mecanismos de relógios nas suas peças, tem também como objectivo reciclar esses mecanismos?
AM: Sim, exactamente. Não utilizo apenas mecanismos de relógios, mas também teclas das máquinas de escrever mais antigas. Faço uma pesquisa na internet, porque em Portugal não se consegue obter essas peças. Tento comprar mecanismos antigos, que já não funcionam, sem qualquer tipo de utilidade, nem para aquela que foram criados. Assim, posso integra-las nas jóias. Adquiro, por exemplo, as teclas, elas são retiradas previamente das máquinas e são recicladas, criando desta forma um novo acessório de moda.
A quanto tempo tem a Kollook?
AM: A Koollook é recente. Tem cerca de um ano. Embora tivesse outro tipo de peças, não havia essa diferenciação. A partir do momento que registei a marca, comecei a criar estas jóias, porque gosto e porque entendia que ao nível nacional, havia um nicho de mercado para este tipo de acessórios. Daí a aposta nessa diferenciação.
Como tem sido a aceitação do público em relação a estas jóias?
AM: Em termos de público, a aceitação tem sido boa. Tenho as jóias á venda em algumas lojas no Porto, em Coimbra, na Figueira da Foz e no Marco de Canavezes. Têm corrido muito bem, porque são peças tão diferentes do habitual, a meu ver, foi isso que cativou as pessoas. Tanto assim é, que são algumas lojas a contactaram-me no sentido de expor apenas o meu trabalho.
Qual é a sua formação e como começou este projecto?
AM: Sou licenciada em economia. Este não é o meu trabalho. Começou como um hobby. Como gostava de moda, comecei por criar acessórios para mim. As minhas colegas gostaram tanto das minhas criações, que tive de alargar o leque de peças e criar outro tipo de artigos já com o objectivo de vende-los. Como pretendia diferenciar-me no mercado, decidi apostar neste tipo de acessórios com peças de relógios e teclas de máquinas de escrever.
Onde foi buscar essa inspiração?
AM: Primeiro, porque sempre gostei de mecanismos de relógios e objectos antigos. Depois efectuei uma pesquisa e cheguei a conclusão que o estilo punk abrangia uma série de áreas, acessórios de moda, vestuário, música e filmes. A literatura também foi importante, o Júlio Verne e uma das suas publicações, “as duas mil léguas submarinas”. Foram todas fontes de inspiração. Assim, aliei as duas vertentes, os mecanismos de relógios e os objectos mais antigos. A pesquisa na internet é fundamental neste processo criativo, porque a aquisição de materiais quer de cobre, ou níquel, é toda feita dessa forma. Maioritariamente são provenientes dos EUA, porque cá o pouco que existe para venda passa pelos coleccionadores.
Quanto tempo em média gasta para elaborar uma jóia?
AM: Como já referi anteriormente, grande parte do tempo é gasto na pesquisa para a compra dos mecanismos e recolha do material. A elaboração das jóias não é tão demorada, mesmo assim é necessário fazer uma limpeza dos relógios, só depois imagino a melhor forma de aplicar o mecanismo numa peça e a sua montagem. Esta última fase ocupa-me no máximo, uma hora de tempo.
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