É um filme noir de 1984 do realizador António Pedro Vasconcelos.
O “lugar do morto” foi um dos maiores sucessos comerciais do cinema português, tal se deve sobretudo a trama em tom de tragédia quase anunciada, que envolve um jornalista à procura de respostas sobre um alegado suicídio e que no decurso da sua investigação acaba envolvido com uma verdadeira femme fatale, a Ana, protagonizado pela bela Ana Zanatti. Sabem do que mais gostei deste filme? Do popular, o jornal onde trabalha Álvaro Serpa, o actor Pedro Oliveira, foi delicioso rever as máquinas de telex que recebiam as noticias de todos os cantos do mundo, a telefonista de serviço a transferir as chamadas a partir da central, os arquivistas que recolhiam e arquivavam informação preciosa sobre as diversas personalidades e eventos marcantes da sociedade da época, os telefones a tocar constantemente e as famosas máquinas de escrever, o mais marcante neste cenário é o barulho ensurdecedor da redacção, nem dá quase para acreditar quase que se trabalhava assim e a quantidade de gente que era necessária para levar as bancas um jornal diário. Outra grande cena que merece o meu destaque decorre no comboio, o balançar da carruagem dá o tom da narrativa, uma viagem alucinante a grande velocidade. António Pedro Vasconcelos filma a Lisboa dos anos 80 de forma corrida e competente, o único aspecto em que o filme falha é que a história propriamente dita, o presumível crime desvanece-se e o final sem grandes surpresas deixa-nos com mais perguntas que respostas. Contudo, vale sempre a pena rever este “lugar do morto”. Bom cinema.





