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O realista

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Manuel Mozos é um cineasta português com um vasto palmarés na ficção e nos documentários que lhe permitiu cimentar uma carreira como realizador em Portugal.

De todos os projectos cinematográficos que realizou qual foi o que o marcou de forma mais positiva?

Manuel Mozos: Para mim pessoalmente possivelmente o meu primeiro filme, “um passo, outro passo e depois…”por ter sido, o primeiro e na época, apesar de não ter passado muito nos cinemas permitiu-me obter criticas positivas. Depois possibilitou passar para o segundo que foi o “Xavier”, que apesar de ter tido uma produção atribulada e demorada é se calhar o meu filme com mais prestígio. O documentário “ruínas” abriu-me as portas para o exterior e graças a ele houve interesse em rever a minha obra.

Abordando o filme “xavier” devido a todas as dificuldades técnicas e financeiras que referiu tratou-se de um filme que falhou?

MM: Obviamente que o resultado não é o tinha imaginado, apesar de tudo não fica muito aquém do que pretendia, mesmo tendo que resolver na montagem a conclusão do filme por não ter conseguido filmar. Tive de alterar a continuidade narrativa, apesar de tudo foi um filme que não sinto ter ficado longe do que pretendia. Claro que o tempo que estive à espera a pensar nele para conclui-lo acabou no fim por ser um filme que me satisfaz no resultado.

Falando de “4 copas” acha que o cinema português ainda aborda pouco o quotidiano dos portugueses, com personagens reais?

MM: Nas minhas ficções eu abordo sobretudo histórias do dia-a-dia, do quotidiano da vida portuguesa e em particular da região de Lisboa. Mas, eu julgo que ao longo de toda a história do cinema português foi menos realista…

Mais literária.

MM: Sim literária, divagando sobre determinados assuntos, mas eu julgo que hoje em dia se encontram vários filmes que reflectem a sociedade portuguesa na sua contemporaneidade.

 

 

Esta foi uma longa-metragem que não foi compreendida pelo público?

MM: Não foi um grande sucesso, em termos de espectadores sei que não ultrapassou uns cinco mil, não sei precisar, não chegou a muita gente, mas felizmente não me posso queixar em relação a outros filmes. Trouxe-me uma satisfação que foi, para além de algum desse público, uma reação satisfatória por parte de muitas pessoas conhecidas. Nesse aspecto foi muito positivo.

Mas, acha que esse aspecto esta relacionado com pouca promoção dos filmes portugueses, ou também um certo preconceito por parte dos portugueses em relação ao própria produção nacional?

MM: Acho que entre outras coisas até, mas essas em particular, quer em termos de promoção, quer nesse lado preconceituoso do próprio público português em relação ao cinema nacional obviamente que afectam muito o diálogo entre ambas as partes. Alguns até tem boas campanhas que permitem que os filmes tenham outra dimensão e aí, no meu caso, apesar da distribuição do filme ser feita pela Lusomundo, tive poucas cópias e também se calhar não foi melhor altura do ano para o estrear e são condicionantes que nós como realizadores somos incapazes de negociar melhor. E já nem falo da questão do preconceito, que isso é mais difícil de resolver, embora no cinema actual há realizadores que já tem uma outra posição mais combativa, para que os filmes sejam vistos por um maior número de pessoas.

Em que registo se sente mais à vontade como realizador nas longa-metragens ou nos documentários?

MM: Á vontade sinto-me nas duas, nas ficções há o construir de uma história, o escrever o argumento, escolher e encontrar os decors e sobretudo o trabalho dos actores. Nos documentários existe a imponderabilidade, algum imprevisto e para além disso, este tipo de registo cinematográfico só ganha forma na mesa de montagem. Esse aspecto é muito fascinante, porque ao filmar há muitas coisas que aparecem que não estamos a controlar ao contrário de uma longa-metragem que é mais rígido e linear.

Abordando um panorama mais amplo, acha que há futuro para as longa-metragens em Portugal?

MM: Achar eu gostaria de achar e espero continuar a acreditar que existe um futuro. Pelo menos há um lado que me satisfaz muito que é o fulgor dos realizadores da minha idade ou mais velhos que ainda acreditam no cinema nacional, para além do surgimento de novos realizadores que tem trazido ao cinema português um novo dinamismo e estou muito contente com uma outra visibilidade para o exterior que esta a acontecer com realizadores como Miguel Gomes, João Pedro Rodrigues, o João Salavisa e muitos outros. O que se esta a passar na realidade e que já compromete muito essa esperança, é esta não-política do cinema que nos tem atingido, onde não há produção, embora haja uma resistência e que tudo isso possibilite a produção de projectos em Portugal.

Neste momento tem algum projecto na calha?

MM: Tenho como projecto um documentário e uma curta-metragem. Estou pronto para apresentar uma longa-metragem para um concurso quando o houver. Ideias não me faltam, vamos ver se as consigo realizar, isso é que ainda não sei.

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