É um filme de João Canijo de 1988 baseado em factos reais.
Tudo começou com uma notícia de jornal sobre um crime que envolvia uma mulher, o marido e o amante, parece perfeitamente banal este triângulo amoroso? Mas, não é. Dalila decide transformar a sua vida, numa espécie de fuga ao seu quotidiano violento, através de uma mudança radical da sua aparência e na sua forma de ser. O resultado desta traduz-se na morte do esposo violento e na carcere para os dois amantes, mas esse "pequeno pormenor" não é mais relevante deste filme, a mensagem , creio, mais importante é que Dalila deixa de ser a vitima e durante essa metamorfose ela apercebe-se do poder que exerce com a sua sexualidade e a sua feminilidade e até podem argumentar que não o faz pelos melhores motivos é certo, mas ela cria uma personagem que esconde a mulher insegura e frágil que verdadeiramente é e emerge uma mulher fatal segura de si nos seus altos sapatos pretos. João Canijo decide contar esta história para desmistificar a ideia de país de brandos costumes, o que consegue. No entanto, o que fica também é que se trata de um realizador de mulheres, pela forma generosa como lhes dá rédea solta para desenvolver personagens tão ricas e complexas. Não é um filme fácil desde já aviso, há uma cena que ainda me provoca calafrios e um certo nojo, mas fica aqui o meu louvor ao trabalho da actriz Ana Burstoff que compôs uma mulher no limite, que acaba por cometer um erro que irá pagar caro. Bom cinema!