
Trata-se de um pequeno filme curto de alerta concebido por Nuno Rodrigues e Pedro Sousa em defesa de uma onda que iria desaparecer, devido à intervenção do homem, na costa oeste da ilha da Madeira.
Como é que o projecto "save Paúl do Mar" começou?
Nuno Rodrigues: Eu e o Pedro Sousa, ambos fazemos bodyboard, que é um desporto que implica apanhar ondas. Há alguns anos vimos ao Paúl do Mar praticar este desporto. Depois saiu uma notícia nos jornais dando conta da construção de uma estrada que iria ligar à vila ao porto, essa edificação ia começar mar a dentro e muito provavelmente iria danificar a onda, pelo qual estamos aqui. Ambos fazíamos fotografia e decidimos fazer um vídeo que mostrasse o potencial da onda e dessa forma as pessoas poderiam ganhar consciência do que havia. Existem muita gente que não esta a par da realidade do surf. E dessa forma foi possível mostrar o potencial e a beleza que existe na ilha. Eu não sei, nem o Pedro, se foi o caso, mas gostámos de pensar que à custa deste filme a obra não foi para a frente.
Quais foram os maiores desafios que enfrentaram para fazer o filme?
NR: Tanto eu como o Pedro estávamos ainda verdes nesta área, e tenho a certeza que embora ele não esteja presente iria concordar comigo. Desde à captação de imagem, à realização, na produção e mesmo na edição tivemos desafios novos, porque o surf não é como os outros desportos, como o futebol que basta arranjar um campo, jogadores e uma bola. Nesta modalidade tal não é possível, necessitas que haja ondas e o mar é que manda. Precisávamos de boas imagens no Paul do Mar e vir do Funchal implicou custos e muitas vezes chegávamos aqui e não estava ninguém dentro de água e não podíamos ser nós, senão não filmávamos. Em relação as entrevistas, a captação do áudio foi também uma experiência nova, mas hoje em dia continuo a achar que ainda somos muito inexperientes.
Qual foi a reação das pessoas quando apresentaram o filme? Ficaram surpreendidas ou não?
NR: Sim, nessa altura o filme foi muito falado.
Era polémico.
NR: Sim, era um assunto quente, agora arrefeceu. Na altura as pessoas viam o filme e diziam que ia desaparecer, era essa a realidade. Quando a notícia veio a público, que ia haver essa obra, logo apareceu o filme e toda a gente gostou, porque também não há muitas pessoas a fazer vídeos madeirenses. Já cá estiveram profissionais de fora da ilha a fazer filmes.
Consideras que o teu filme seja um documentário?
NR: A intenção é essa, só que é um documentário curto. Não consegue ter um princípio, um meio e um fim, ou seja, uma história completa para contar e aí o desafio ainda teria sido maior. Mas, é uma coisa que gostaríamos de fazer, um documentário mais aprofundado sobre a realidade do surf na Madeira.
Inclusivamente o facto de o assunto ter morrido.
NR: Possivelmente, sim.
Quando decidiram fazer o vídeo colocaram-no online para obter o maior número de visualizações e reacções possíveis?
NR: Também, porque na altura havia uma petição online para recolher o maior número de assinaturas possíveis contra a construção. A comunidade do surf nesse aspecto torna-se muito unida, se souber que há uma onda no Peru que vai ser destruída, faço alguma coisa, por exemplo. Acho que é bom para os surfistas e para as pessoas não assinarem á toa, para saberem o que se esta a passar um vídeo sempre ajuda a verem onde é que, como é que é e o que é que vai deixar de ser.