Nota diferenças por se uma mulher num mundo tão masculinizado, como é o mundo dos vinhos?
EF: Bem, no meu caso, não sinto reservas. O que existe é poucas mulheres na viticultura. Para além disso, a maior parte do trabalho é feito por mim e por familiares, tenho um irmão na engenharia agrícola.
Porque se verifica esse fenómeno?
EF: Bem, um dos motivos prende-se com a dimensão da região e das explorações agrícolas que condicionam um pouco a viticultura. Os nossos terrenos não são tão mecanizados, existem algumas mulheres, mas não na vertente de produtor-engarrafador que o meu caso.
O que tem o pedra de fogo diferente dos restantes vinhos?
EF: Tem quase tudo (risos). É um vinho que em relação aos outros não é muito marcante, é leve, acompanha todos os pratos gastronómicos, tem um toque pessoal.
Por norma, associa-se o vinho de mesa da Madeira a um travo com uma certa acidez.
EF: Exactamente, isso é porque os nossos solos são ácidos. Os vinhos tintos não são tão bons, é mais indicado para os vinhos brancos. O pedra de fogo não é muito ácido, é suave e leve e acho que tem a ver com a localização.
Como tem sido a sua aceitação no mercado?
EF: Não tenho razões de queixa, tenho conseguido escoar. As produções aumentam de ano para ano, claro, que é mais direcionado para a hotelaria e restauração, para os turistas, mas já há madeirenses a consumir.
Há a possibilidade de exportar?
EF: Para já não, conseguimos escoar tudo, mas no futuro quem sabe, poderei expandir-me. As uvas de pedra de fogo são da exploração, eu não as compro. Produzo o suficiente para fazer um vinho com qualidade com uma única casta que é a touriga nacional.
Porque o nome?
EF: Tem a ver com os afloramentos rochosos do Caniçal, os solos e as rochas. O nome surge em 2005 quando efectuámos uma visita a La Gomera e a fachada principal da Câmara Municipal era em alvenaria vermelha. Estava um dia de sol, os raios reflectiam-se na pedra de forma muito intensa e eis que me surgiu o nome, lembrou-me as pedras do Caniçal.