
O Funchal Music Fest live 2011 é um projecto ambicioso que pretende colocar no mapa à ilha da Madeira, à sua capital e os músicos madeirenses no panorama nacional e internacional dos circuitos de festivais de verão. A organização apostou na criação de um complexo temático, localizado no parque Santa Catarina com cerca de 36 000m2, que irá albergar não só o palco principal para os artistas convidados, mas também uma área lúdica com um touro mecânico e um espaço para os gladiadores e ainda uma zona de restauração para as cerca de 6200 pessoas previstas diariamente para este recinto da música cantada em português. A contagem decrescente começou…
Como surgiu a ideia de organizar um festival de música, uma versão do rock in rio, numa ilha?
Duarte Costa: Não havia um festival de música de verão. Existem muitos eventos por aí, mas não o verdadeiro conceito de festival pop-rock. As pessoas marcam férias de propósito para este tipo de iniciativas, comemoram com os amigos e a família a música e o facto de estarem num ambiente que também tem actividades lúdicas. A oferta que já existe com grande expressão é em Portugal continental queria faze-lo aqui, tendo em conta a nossa dimensão. É um universo de 270 mil habitantes em Agosto é um pouco mais, por causa dos emigrantes. Mas, de qualquer forma é sempre limitado. O parque Santa Catarina foi escolhido não só porque se encontra no coração da cidade, mas porque é um ex-líbris do Funchal. É um cenário natural magnífico com vistas sob o mar, é um anfiteatro ideal para este tipo de iniciativas, que visa ainda chamar à atenção sobre a cidade e catapulta-la ao nível nacional no circuito dos festivais de verão. Incentivar as pessoas que gostam de música de vir até á Madeira.
Mas, para que possam vir até cá, há algum acordo com as companhias áreas para o evento?
DC: Sim, existe um acordo, porque envolve um custo elevado em termos de deslocações aéreas e estadias. O Funchal Music Fest criou um pacote que inclui o bilhete de três dias, estadia e passagem aérea, que permitem a viabilidade deste tipo de iniciativas.
Reparei que o cartaz está recheado de grandes nomes da música portuguesa, foi propositado?
DC: Sim, é um facto. Realmente, Portugal tem qualidade ao nível nacional e as pessoas reconhecem isso. Obviamente temos que ter uma banda internacional que sirva de âncora e para que possamos ser ouvidos e comentados ao nível internacional. É outra forma do festival ser conhecido fora do país e transportar a cidade para esse patamar exterior. A escolha recaiu sobretudo na qualidade das bandas e no alinhamento temos até artistas consagrados. Nada melhor do que um festival com música na nossa língua.
Um dos lemas do Funchal Music Fest é a sustentabilidade. Em que medida é que temos esta faceta ecológica?
DC: Nós temos várias facetas de sustentabilidade. Há a ambiental e a financeira. A primeira é ao fim ao cabo vem na linha daquilo que defendemos desde o dia 19 de Março que foi o dia do arranque oficial do Funchal Music Fest live 2011.Mais do que um festival é um movimento, ou seja, não se esgota nesses três dias de concertos. Tem uma vocação e capacidade de movimentação, chamar á atenção das pessoas para determinadas áreas que merecem maior expressividade e que granjeiem por parte do público uma sensibilização maior. É o caso específico do parque ecológico do Funchal (PEF), ele é o grande pulmão da cidade e eu como cidadão quase desconheço as actividades que lá decorrem e o que representa para o Funchal em termos turísticos e sociais. O PEF vale não só pela sua biodiversidade, mas também pelas suas actividades lúdicas e desportivas que se podem usufruir neste espaço natural.
Mas em que medida o FMF live ‘11vai ajudar este espaço dedicado ao meio ambiente?
DC: A primeira medida cabe aos fãs. O kit de 3 dias tem um conjunto de ofertas e ao mesmo tempo estão a contribuir com uma árvore que vai ser plantada para a reflorestação deste parque. Esta área protegida não só sofreu as consequências das enxurradas de Fevereiro de 2010 que arrastaram muitas árvores nos deslizamentos, como também o incêndio que ocorreu no mesmo ano e arrasou uma grande extensão florestal. 92% Do parque fui devastado pelas chamas. Nada melhor do que usar este grande motor da música para sensibilizar as pessoas, o espírito cívico e de entreajuda e solidariedade que vimos em Fevereiro do ano passado. Se os fãs quiserem participar de forma mais pró-activa criamos uma acção de viveiro. As plantas não podem ser colocadas directamente no solo, necessitam de água e um acompanhamento mais próximo que terá lugar em Outubro, época de maior precipitação na ilha. Catalogamos as árvores, cada planta recebe o nome da pessoa e no final é colocada numa área do parque, denominada Funchal Music Fest. Espero que quando as pessoas lá forem sinta o espírito da música nesse local. Ao fim ao cabo, com estes pequenos gestos e acções transmitir grandes mensagens.
Outra das vertentes é a solidariedade social e nessa matéria temos várias iniciativas. Os xutos e pontapés vão visitar uma criança doente, porque ela é fã convicta do grupo e um dos seus sonhos é conhecer os músicos. Nada melhor de propiciar esta oportunidade já que eles se deslocam até a ilha. Outra das iniciativas é usar uma guitarra branca com o símbolo do FMF live ’11 que vai ser autografada pelos músicos que participam, com o objectivo de ser leiloada numa festa que vamos realizar em Setembro. São estes pequenos gestos, que vão cimentado e dando cor ao Funchal Music Fest e a comunidade.
Falastes em sustentabilidade financeira. Como é que isso se processa?
DC: É a envolvência de muitas entidades. É um projecto 100% financiado pelo investimento privado, o que nos dias que correm é de enaltecer. O apoio público é logístico, a disponibilização do espaço e das equipas de emergência. Todos os custos directos e indirectos contaram com o apoio e o patrocínio de entidades privadas. São empresas de referência da nossa economia regional.
Foi difícil obter o apoio?
DC: Não de forma alguma. Foram todos sensíveis ao conceito da iniciativa desde o primeiro momento. O único constrangimento que existe é a actual conjuntura económica que não ajuda nada. As parceiras foram feitas ao médio e longo prazo e acreditamos que na próxima edição daremos um salto ainda maior em termos qualitativos.
E para o ano o que podemos esperar?
DC: De facto já estamos a trabalhar na próxima edição. Um dos aspectos que pretendemos melhorar é o casting das bandas madeirenses. Realmente, foi positivo dar voz e visibilidade aos oito grupos que participaram, para mostrar o seu valor. A vencedora irá fazer as honras da casa ao abrir o festival. Estamos a ponderar ter uma banda madeirense em cada dia, porque cremos que existe qualidade suficiente para dar esse salto de uma forma sustentável. Tudo vai depender do alinhamento do próximo ano. A aposta na música portuguesa continua, faz parte da nossa entidade como festival. Outra das novidades que estamos a ponderar, já que no ano que vem o dia da cidade calha numa segunda-feira, é ter quatro dias de festival. É uma situação que está a ser equacionada, depende dos patrocínios e do próprio público que virá para a edição deste ano. É uma ideia ainda muito embrionária.
http://www.funchalmusicfest.com/