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O brasileiro romântico

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O actor Reginaldo Faria é sobejamente conhecido pelo público português. Do cineasta já não podemos dizer o mesmo. A pretexto da apresentação do seu último filme “o carteiro”, que estreou na Europa, no Funchal Internacional Film Festival ’11, falamos um pouco sobre esta história bucólica, divertida e poética sobre a vida de um carteiro apaixonado, com a mania de meter-se na vida alheia. Abordámos também o cinema brasileiro, a sua filmografia e no final, as suas origens madeirenses. É verdade leram correctamente, a família Faria provém de uma localidade chamada Câmara de Lobos.

É conhecido do público português pela sua faceta de actor nas telenovelas, desconhecíamos o cineasta, como surgiu a ideia para o carteiro? É um filme muito bucólico.

Reginaldo Faria: Advém de ter sido filmado nessa região centro do Ribeirão do Sul, no Vale Vêneto, que tem a quarta maior colónia italiana do Brasil, que é a terra da minha mulher, através dela eu me inspirei, foi lá de propósito para realizar este filme.

Quando introduziu a temática deste filme, focou a questão de que o cinema actual brasileiro produz apenas comédias e filmes violentos, porquê? Acha que outra forma os brasileiros não vão até o cinema ver este “ carteiro”?

RF: Eles têm uma certa reacção, que resulta de um certo condicionamento cultural nos dias de hoje. O mercado pede muito outro tipo de filme, pede violência, pede terror, pede comédia rasgada e quando você faz um tipo de filme como o meu que tenha um toque de humor, ele fica marginalizado no mercado. A gente tem que trabalhar muito, para não ficar sem ser visto.

Porque acha que isso acontece? Acha que há um retrocesso em termos de qualidade?

RF: Não acho que seja isso, há filmes brasileiros maravilhosos, como o “tropa de elite” que faz uma análise social muito importante. Não é bem essa a questão, é mais de modismo. Brasil é assim, se alguém faz uma comédia e tem sucesso toda a gente faz um filme igual. Se alguém faz um filme policial e tem sucesso, toda a gente faz o mesmo. Eles não têm uma originalidade, não querem buscar outras coisas. Acho que o cinema tem diversas vitrinas, janelas que podem ser apresentadas. Eu parti para esse projecto e ver o que acontece.

Qual foi então a reacção do publico brasileiro ao Carteiro?

RF: Ele não foi lançado. Ele ganhou um prémio no festival de Gramado venceu na área de fotografia, no de Goiás ganhou com a melhor música e actriz coadjuvante.

Nesta fase da sua vida, o que prefere realizar ou actuar?

RF: Quero tudo. Gosto de fazer tudo. (risos)

Neste filme a personagem principal é muito lírica, muito poética, há algo de si neste carteiro?

RF: Não posso dizer que seja algo de mim, mas é a minha paixão. Eu gosto das coisas poéticas, das coisas românticas. Sou uma pessoa que gosta de música, eu toco o vilão clássico. Eu tenho um pouco esse universo diferenciado, não significa que eu não possa fazer os outros trabalhos, como já fiz com o “insuflável” que é um filme político e social importante, porque faz uma abordagem do esquadrão da morte e do banditismo no Rio de Janeiro. Assim, como fiz “o assalto do trem pagador”, o “Prá frente Brasil” com o Roberto (Farias, irmão e realizador). Eu gosto do romantismo, adoro Fellini, De Sica, esses autores e directores que já se foram e deixam uma saudade imensa.

Conhece alguma coisa do cinema português?

RF: Não passa no Brasil, o que vi é muito pouco.

Também sei que um dos motivos da sua visita a ilha da Madeira, para além do festival de cinema internacional do Funchal, foi um regresso às origens, como tem sido essa viagem?

RF: Essa viagem mexe muito com a gente. O meu avô é daqui. De Câmara de Lobos, bem era. O meu irmão já tinha vindo aqui na década de sessenta e tinha desenhado mais ou menos o que era a ilha da Madeira. Agora voltamos, ele nos trouxe para esse festival e a gente veio. O contacto com as pessoas, com alguns familiares e com a nossa raiz é algo muito forte.

http://www.filmeocarteiro.blogspot.com/

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