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O condutor de sonhos

Escrito por 

Rui Massena conduz os destinos da orquestra clássica da Madeira à já uma década. Uma faceta que ainda o seduz, mas que é apenas um dos vértices do seu talento. Sendo programador de Guimarães Capital da Cultural 2012, o maestro pretende mostrar aos portugueses e ao mundo o que de melhor se faz em Portugal em termos de criação musical.

Qual o balanço que faz desta década à frente da orquestra clássica da Madeira?

Rui Massena: O balanço pode ser ouvido. É uma orquestra com energia com gosto pela música, continuo entusiasmado com a direcção desta orquestra em particular. Ainda há muito a fazer, porque é necessário crescer, mas o balanço é um forte crescimento.

Disse numa entrevista que pretendia cresce-se como uma centralidade musical, já atingimos esse patamar?

RM: Não, não. É necessário que as pessoas que tem poder de decisão entendam que o turismo também é cultura e que a orquestra clássica pode ser uma referência nacional e internacional para que as pessoas que no futuro visitam à ilha saibam que tem aqui uma temporada de luxo, de excelência. Centralidade musical no sentido de que e usando uma metáfora, há um grande carro e pouco dinheiro para gasolina, portanto, temos que investir na orquestra para depois tirar dividendos em termos turísticos.

Já tocou com José Carreras e os Da Weasel quais são as diferenças entre estes dois estilos musicais?

RM: A música dos grandes compositores clássicos exige uma perfeição técnica muito apurada. Tocar com um grupo de hip-hop exige um entusiasmo muito apurado. Não é que a clássica não necessite, mas é necessário compreender outros fenómenos rítmicos. É preciso entender como a música é feita e assumir uma identidade musical e emotiva. No geral precisa de muita perfeição técnica para existir. Portanto, a diferença é essa.

Como vê o panorama musical em Portugal, agora que o ministério da cultura passou a ser uma secretária de estado, houve uma despromoção e como acha que isso os vai afectar?

RM: Fiquei triste. Perdemos um dado adquirido que era o ministério da cultura. Era um organismo que apesar de tudo era representativo. Quando se fala do governo não se fala de cultura. Um país que vive numa Europa económica não é bom medir-se por aí e neste ponto ficamos nitidamente a perder. Se nos medirmos em termos culturais em relação aos restantes países, podemos ombrear com qualquer um deles. É pena que não tenhamos ministério, mas acredito que sendo o actual primeiro-ministro uma pessoa ligada às artes, vai perceber que precisamos de ser protegidos. É um investimento na formação, ética e moral das pessoas ligadas a esta área e o seu contacto com os outros, é um investimento humano. É preciso não perder isto de vista, agora que não temos um ministério.

É o programador de Guimarães Capital da Cultura para 2012, como pretende marcar à diferença em relação as outras capitais em edições anteriores?

RM: Vamos ter uma capital cultural que é um gesto português para a Europa, o que isto quer dizer? Nós vamos dar Portugal à Europa e não vamos fazer o que poderia fazer-se em Londres ou Berlim, porque não temos essa capacidade financeira e o dinheiro não compra tudo. Vamos criar uma identidade portuguesa. Por um lado, amplificámos o trabalho que era feito em Guimarães e criámos uma orquestra estúdio com 83 músicos, constituída por jovens músicos, maestros- solistas e compositores. Uma espécie de montra da musicalidade nacional e sobretudo porque a programação vai ser 80% portuguesa.

Mas os compositores portugueses de que fala são os mais antigos, os de renome?

RM: Não tudo nova criação, aliás essa é uma das linhas mestras da capital. Vamos apostar em jovens compositores que irão produzir originais para aberturas, sinfonias, ballet e ópera. É uma capital da cultura com produção nacional, de dentro para fora.

http://www.ruimassena.com/biografia.html

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